Alisson Barreto

Uma CPI esmiuçando os intestinos e o lixo golpista

Alisson Barreto 25 de agosto de 2023

Ontem, a CPI dos Atos Golpistas aprovou algumas medidas significativas para o bom andamento das investigações parlamentares sobre as tentativas de golpe bolsonarista que tiveram seu ápice no dia 8 de janeiro.

Em verdade, foram várias tentativas golpistas orquestradas mesmo antes das eleições, e todas tinham o mesmo fio condutor, a mesma motivação: transformar o mito num ditador paramilitar. O dia 8 foi a cartada final. Goraram todas.

Nesse roteiro golpista paramilitar (envolvendo militares da ativa, milicianos e quadrilheiros no geral) diversos ensaios foram realizados, como o patético desfile dos fumacentos tanques de guerra no dia 18 de agosto de 2021.

Também em 2021, durante comemoração do 7 de setembro, em discurso arreganhado na Avenida Paulista, o falso messias se espojou ao agredir o STF, e insultou pessoalmente o ministro Alexandre de Moraes, insuflando seu gado.

Ao longo de meses, Jair moveu uma intensa campanha de mentiras para tentar desqualificar o sistema brasileiro de voto eletrônico e reinstituir o superado, e comprovadamente vulnerável, “voto impresso”. Sonhava com o voto bico-de-pena.

No dia do segundo turno o golpe bolsonarista colocou as unhas de fora com a acintosa atuação eleitoral da Polícia Rodoviária Federal se esfalfando na tentativa de impedir o deslocamento às urnas de eleitores presumivelmente opositores.

Quando nada deu certo, financiaram a peso de ouro a invasão à Brasília e, com apoio de parcela fardada, tentam subverter o rumo democrático criando um clima de desordem que imaginavam provocador de uma intervenção militar. Mixou.

Foi aprovado a quebra dos sigilos bancário e telemático da deputada da pistola, Carla Zambelli, do hacker Walter Delgatti, nova convocação do minicoronel Cid, quebra dos sigilos telemático, telefônico, bancário e fiscal de dois assessores do Jair...

E, o mais significativo: foi aprovado um pedido ao Exército para que forneça processos, sindicâncias e inquéritos instaurados para investigar militares que deveriam ter protegido o Palácio do Planalto.

HOJE NA HISTÓRIA


25 de agosto de 1961 – Jânio Quadros renuncia à presidência da República depois de apenas seis meses no cargo. Representando as forças mais conservadoras, havia sido eleito presidente e com folga, arregimentando 48,26% dos votos, contra 32,94% dados ao Marechal Lott e 18,80% concedidos a Adhemar de Barros.

Evidências (como o fato de ter ficado a faixa presidencial) indicam que Jânio pensara na renúncia como gesto de pressão para que os militares e a elite de direita, temendo a posse do vice João Goulart, o chamassem de volta concedendo-lhe poderes autoritários para seguir na presidência. Mas a coisa não funcionou assim e o cargo foi declarado vago.

Apesar da grande resistência conservadora, João Goulart tomou posse em 8 de setembro de 1961. Mas, a partir daí, se acelerou o movimento subversivo de extrema-direita que desaguou no golpe militar de 1º de abril de 1964.