Enio Lins
Da cova da história, a política café-com-leite volta a feder
Sem citar nomes, pois não merecem tal consideração: direitopatas, governadores de estados grandes e ricos, mexem-se estrepitosamente para ocupar, no trono das estupidezes, o lugar, que consideram vago, do mito inelegível.
Parece uma Copa do Mundo de Asneiras, com cada candidato a mito-substituto zurrando mais alto para chamar a atenção do gado supostamente sem condutor. Patinam, pois o Falso Messias, se escolher um herdeiro, o fará por conta própria.
Mas os caras tentam atrair o rebanho bolsonarista com imitações das defecações verbais do ex-capitão. Assim é a tentativa de ressuscitar a “política café-com-leite”, aliança oligárquica que manteve o Brasil no atraso mais profundo entre 1898 e 1930.
Como se sabe, oligarcas de São Paulo e Minas, ainda no comecinho da República, amparavam-se na tese que eram “os grandes produtores” (70% da economia?), manipulavam as eleições, e se revezaram no poder por mais de três décadas.
Em essência, essa é a proposta tirada do ataúde da história pelo governador mineiro, num primeiro momento aplaudida pelo colega gaúcho, ideia que tenta se apoiar no carcomido e superado conceito da “superioridade” econômica.
Dessa catacumba onde jaz a “política café-com-leite”, emanam os miasmas de um sistema político arcaico e de um modelo eleitoral deformado, onde o voto de cabresto era a regra, adulterando na fonte a manifestação da vontade popular.
Eram “auditáveis” aquelas eleições. O voto à descoberto, bico-de-pena, garantia que os resultados fossem conhecidos na véspera, evitando-se surpresas para os donos do poder quando da abertura das urnas (que sequer eram fechadas).
Nesse simulacro de democracia, várias revoltas aconteceram e o Estado de Sítio era coisa comum, como aconteceu ao longo de praticamente todo mandato do mineiro Arthur Bernardes, presidente entre 1922 e 1926.
Bernardes foi substituído na presidência por um representante de São Paulo, Washington Luís, que governou entre 1926 e 1930, que passaria a faixa para outro líder paulista, Júlio Prestes. Aí o caldo entornou e explodiu a chamada “Revolução de 30”.
Pois é: aquele velho modelo oligárquico, corrupto, atrasado, manipulador, autoritário, é o que – das Gerais – o Silvério dos Reis atual quer para o Basil.
HOJE NA HISTÓRIA
9 de agosto de 1974 – Richard Nixon renuncia ao cargo de presidente dos Estados Unidos depois de ser comprovado seu envolvimento pessoal no caso de espionagem contra o partido adversário, no famoso episódio Watergate.
Conservador, foi eleito presidente em 1968 e reeleito em 1972. Antes, em 1960, amargara a derrota para o jovem John Kennedy. Entre 1952 e 1960, Nixon foi vice-presidente dos Estados Unidos, eleito e reeleito como vice de Dwight Eisenhower, na famosa chapa Ike & Dick.
Em seu duplo (e incompleto) mandato presidencial, está a mácula do financiamento e participação no sangrento golpe militar no Chile, em 1973, que instaurou uma ditadura cruel e assassinou milhares de pessoas, inclusive o presidente Allende.
Por outro lado, de seu currículo consta o restabelecimento das relações diplomáticas e comerciais com a China Comunista, em 1972; e a retirada das tropas americanas do Vietnã, em 1973, o que resultaria no fim da guerra vietnamita dois anos depois, com a vitória dos comunistas historicamente liderados por Ho Chi Min (que havia morrido em 1969).
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/richard-nixon.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Richard_Nixon
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.