Enio Lins
Muito pouco, mas já alguma justiça feita
Estas linhas estão sendo escritas antes da retomada do julgamento, no TSE, da ação contra o mito que desgovernou o Brasil entre 2019 e 2022, cujos efeitos danosos e criminosos se estenderam até 8 de janeiro deste ano, com a tentativa de golpe de Estado.
É indispensável citar nesse comentário o artigo de Mariliz Pereira Jorge, jornalista e escritora paranaense, publicado em 21/06/2023, na Folha de São Paulo, onde o título resume com perfeição: “Inelegibilidade é muito pouco”.
Já alguma coisa, em minha opinião. Aplaudo o conteúdo do artigo da colega, que diz ser “uma piada de mau gosto” aquele meliante ser julgado apenas por um delito eleitoral quando teria cometido um rosário de crimes – inclusive contra a humanidade.
Apois é: durante a pandemia de Covid19, as atitudes reiteradas do falso messias no comando do Poder Executivo executaram muita gente, especialmente quem acreditou e seguiu suas falácias de menosprezo ao vírus e culto a medicamentos inadequados.
Crime contra a humanidade, genocídio, é o que está registrado na história, debitado na conta do garoto-propaganda da cloroquina, inimigo das máscaras de proteção, inimigo do distanciamento social, inimigo juramentado das vacinas contra o Coronavírus.
Mas, no julgamento em curso, o bandido é réu por reles crime eleitoral. Crime explícito, inegável, transmitido ao vivo – na crendice de uma impunidade absoluta. Além da reunião com os embaixadores, um magote de outros delitos eleitorais poderiam ser usados.
No rol de crimes eleitorais, se destacam itens que não estão na peça em apreciação, como a utilização ululante de recursos públicos, o uso descarado da Polícia Rodoviária Federal... Em verdade de A a Z se encontram falcatruas desse marginal.
Outra questão que merece ser revirada, investigada detalhadamente, é a política de armamento e municiamento do crime organizado, diretriz toscamente dissimulada nas normas libertinas bolsonarianas para os Clubes de Tiro e CACs.
Tem mais, muito mais a processar e julgar. Mas, mesmo considerando pouco - quase nada – já é alvissareira a visão do mito bandoleiro ser levado à barra dos tribunais. Quiçá a Justiça (com maiúscula) seja feita e de lá o traste saia apenado.
HOJE NA HISTÓRIA
27 de junho de 1844 – Joseph Smith Jr., criador da vertente religiosa Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons) é assassinado, quando se encontrava preso numa cadeia da cidade de Carthage, estado de Illinois, Estados Unidos.
Smith criou um credo novo, baseado em suas visões, citando a Bíblia, mas com toda uma história inovadora sobre a presença ancestral no continente americano de uma tribo perdida de Israel. Um relato sagrado contaria essa trajetória: o Livro de Mórmon.
Rapidamente, a pregação mística de Smith Jr. avançou (especialmente em direção ao Oeste americano) e cresceu como potência econômica religiosa e ascendente força política, multiplicando-se em população também por conta da poligamia. Smith chegou a aventar sua candidatura para a presidência dos Estados Unidos. Mas, disputas internas fragmentaram o movimento, que sofria da perseguição de outras denominações cristãs tradicionais.
No auge desses conflitos, Joseph e seu irmão Hiram são presos. Um grupo adversário invade a delegacia e assassina ambos. O movimento Mórmon se embrenha mais no sentido Oeste, desbravando a região e se instala no atual estado de Utah, onde Brigham Young, sucessor de Smith, se torna o primeiro governador daquele território, em 1851.
Hoje, a Igreja dos Santos dos Últimos Dias é uma das mais prósperas denominações religiosas do mundo e se encontra espalhada em todo globo.
https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%B3rmon
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.