Enio Lins
Afinal, quem pressiona quem?
No mesmo dia em que conservadores resmungavam contra o sucesso do advogado Zanin na sabatina no Senado, pipocaram denúncias na imprensa sobre supostas pressões da turma do Jair contra o ministro Nunes Marques – indicado por Jair.
Zanin, depois de um início tímido na sabatina, se empolgou a partir das perguntas toscas disparadas pelo senador Moro e deu um banho de firmeza. O resultado, sem surpresas, aprovou seu nome para o STF por um escore folgado: 58x18.
Expoentes bolsonarianos seguiram com o mimimi de que o novo ministro, por ter sido advogado de Lula, poderia votar a favor dele na corte suprema. Tolice, pois o que pode pesar – para qualquer nome – é a indicação em si e não ligações anteriores.
E sobre essa questão de quem indica, a história recente demonstra que nem Lula nem Dilma apelaram, ou pressionaram, nomes indicados. Os casos dos votos, contrários ao PT, dos ministros Joaquim Barbosa e Dias Toffoli, provam esse distanciamento.
Barbosa – indicado por Lula – foi duríssimo no caso do “Mensalão”, como presidente do STF, entre 2012 e 2014. No mesmo processo, Toffoli – indicado por Lula – não se constrangeu em votar contra petistas mesmo os considerando inocentes, conforme declarou.
Ambas essas nomeações foram bastante criticadas pelos setores conservadores e antipetistas. Joaquim Barbosa foi acusado de ter sido escolhido “pela cor e não pela competência” e hostilizado até se destacar nas punições do “Mensalão”.
Dias Toffoli foi (e continua a ser, em várias ocasiões) atacado por “ter sido advogado de petistas”, mas em nenhum momento de sua atuação no Supremo, desde 2009, esteve suspeito de quaisquer votos tendenciosos, a favor de quem o indicou.
Esses dois nomes estão aqui citados por terem sido os mais alvejados dentre as pessoas indicadas por Lula e Dilma para o STF; mas, igualmente, sobre todas as demais indicações petistas não pairam acusações ou mesmo suspeitas de pressões.
Ora, ora, ora – mas não é que, no dia 21, a prestigiada jornalista Thaís Oyama, em sua coluna no UOL, publica supostas ameaças (feitas numa reunião do PL) ao ministro Nunes Marques caso ele vote pela suspensão dos direitos políticos do “mito”?
HOJE NA HISTÓRIA
23 de junho de 1828 – Miguel de Bragança, príncipe e irmão de Pedro I (imperador do Brasil) promove um golpe contra a sobrinha, e noiva prometida, Maria da Glória (herdeira do trono português como Maria II) e assume o poder como rei.de Portugal
Esse movimento foi uma eclosão da grande luta entre as elites europeias. Em Portugal, Dom Miguel passou a representar os conservadores, aliados a parcela majoritária das elites espanholas; Dom Pedro do Brasil e sua filha Maria II representavam os liberais, em aliança com Ingleses e Franceses.
Três anos depois do golpe de Dom Miguel, Dom Pedro I renuncia ao trono brasileiro, deixando seu filho Pedro II como herdeiro, proclama-se como Pedro IV, Rei de Portugal e parte para a briga aberta com o irmão. É a Guerra Civil Portuguesa, que prossegue até 26 de maio de 1834, quando os liberais vencem a parada e Miguel renuncia às suas pretensões em benefício da sobrinha, tornada novamente e definitivamente Rainha Maria II de Portugal.
Miguel morre (no exílio de luxo) em 14 de novembro de 1866. Maria falece em 15 de novembro de 1853, como rainha; e Pedro (I do Brasil e IV de Portugal) bateu as botas em 24 de setembro de 1834, logo após ter ganho a guerra.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.