Enio Lins
Reforma tributária em pauta, mas não é coisa fácil
Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento, declarou (segunda-feira, 12/06) que “a reforma tributária pode aumentar em até 1% o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro a partir de 2025”. E que Estados e munícipios não vão perder receita nesse cenário.
Duas ótimas notícias, duas excelentes expectativas. No desgoverno passado, o meliante usuário da faixa verde-amarela achou melhor jair surrupiando recursos dos Estados para tentar baixar os assustadores preços dos combustíveis.
Tributo, em qualquer lugar do mundo, é entendido mais ou menos como um assalto à mão desarmada, e no Brasil imposto é trauma nacional, daí falar em reforma tributária deixa a opinião pública ouriçada – e o povo tem razões para isso.
“Quem vai pagar esse conta?” é uma pergunta que historicamente só tem tido uma resposta: “– A população mais pobre!”. Rico não paga imposto no Brasil – reza a filosofia popular e com toda a razão. Então, essa reforma tributária é o momento de se mudar isso.
Precisa essa reforma priorizar um alívio sobre a massa trabalhadora e a classe média – que são os setores pagantes nessa pândega tributária brasileira. E quem nunca pagou, de fato, imposto no Brasil necessita começar a pagar. Tudo tem um começo. E já passou da hora.
Sobre os estudos para essa RT, diz Simone Tebet: “a reforma tributária, a partir de 2025, já teria condição de aumentar o PIB em 1% além do que o Brasil já vai crescer. Se pegar 20 anos, vamos arredondar para baixo esse número, um crescimento de 15% a mais”.
Falando para sindicalistas, numa plenária realizada na sede do Sindicato dos Químicos de São Paulo, dia 12, Tebet defendeu um “lobby legítimo, uma pressão legítima” para que a reforma tributária seja aprovada no Congresso.
“Vocês precisam dizer que os trabalhadores brasileiros querem e precisam da reforma tributária que é a única bala de prata que vai fazer o Brasil crescer de forma sustentável, duradora e gerar emprego e renda” – afirmou Simone Tebet.
Aplausos! Mas não será nada fácil aprovar quaisquer mudanças que faça quem se viciou a não pagar imposto que venha a fazê-lo. Os movimentos sociais terão de sair de sua letargia, deixar de esperar que “Lula faça” e de repetir que “fiz o L para isso” e vir para as ruas.
HOJE NA HISTÓRIA
15 DE JUNHO DE 1994 – Israel e Vaticano estabelecem relações diplomáticas, iniciando um novo momento de diálogo entre as governanças judaicas e cristãs depois de 46 anos de formação do Estado israelense e de séculos de conflitos.
Apesar de suspensas em 1965, pelo Concílio Vaticano II, através da declaração “Nostra Aetate”, o rol de acusações cristãs (católicas) contra os judeus eram terríveis e tiveram origem formal no ano de 325, quando o Concílio de Nicéia considerou os judeus como hereges e o judaísmo “uma aberração da vontade divina”.
Os ataques não pararam por aí: no ano 465, o Concílio de Vannes proibiu o “compartilhamento de carne” com hebreus. O Concílio de Latrão, em 1215, obriga o povo judeu a usar um sinal de identificação, o pagamento de uma taxa e a morar em bairros específicos (guetos). Desnecessário falar sobre a infame Santa Inquisição e suas fogueiras. E no século XX a atuação do Papa Pio XII, durante a ascensão do nazismo, causou (e causa) muita polêmica.
A partir dos anos 60, amparados pelo Concílio Vaticano II, os papas Paulo VI e João Paulo II tomam atitudes positivas frente ao judaísmo e, em dezembro de 1993, é assinado um primeiro acordo entre Israel e Vaticano e, no ano seguinte, as relações diplomáticas são estabelecidas.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.