Enio Lins
Mais dois craques que encerraram suas partidas
Toroca e Carlinhos Moura entraram para a história. E com muitas histórias cada um, cada qual em seu campo. Não se sabe se se conheceram, se conversaram. Mas um sabia do outro, e que o outro era bom no que fazia – possa apostar.
TOROCA
Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca, foi grande em política. Como bem lembrou Edberto Ticianeli, as previsões dele sobre resultados eleitorais eram batata! Não errava uma. Meses antes das urnas dizerem a que vieram, listava, quase sem erros, os eleitos.
Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca, foi gigante no voleibol. Formou gerações nessa modalidade esportiva e era considerado, por muita gente do ramo, como o melhor técnico de vôlei do Brasil. A presidência da CBV era mero detalhe, mas coisa justa.
Toroca, ao dividir sua vida entre o esporte e a política, prejudicou sua carreira como esportista, pois teria brilhado muito mais e contribuído muito além do que contribuiu para o esporte no Brasil e especialmente para as seleções brasileiras de vôlei.
Radamés Lattari, presidente em exercício da Confederação Brasileira de Voleibol, bem resumiu: “infelizmente o voleibol brasileiro perdeu hoje sua maior liderança, e eu perdi um dos maiores amigos que a vida me presenteou, difícil encontrar palavras para descrevê-lo, mas acreditem um ser diferenciado, inteligente, amigo, leal, companheiro, parceiro, família. CRB, Flamengo e Mangueira, eram suas outras paixões além do voleibol e sua família”.
CARLOS MOURA
Paulo Poeta, em seu programa Alagoas, Arte e Cultura (TV Assembleia), oferece uma excelente entrevista com Carlos Moura. Ali, um concentrado da história daquele grande artista está disponível, basta acessar https://youtu.be/73thZ-28Xj0 e usufruir “de grátis” uma ótima conversa entremeada com músicas (voz e violão) fora-de-série. Como bem lembraria depois o entrevistador, Carinhos Moura brilhou, nos idos de 1978, numa Semana do Estudante, promovida pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE/UFAL).
Dentre as lembranças nessa entrevista, um detalhe: o testemunho de um dos períodos mais férteis do cinema alagoano, sob as condições mais adversas, quando obras no precário Super 8 tinham enredos e trilha sonoras como “Casamento de uma Maria”.
Carlos Moura é responsável por um dos grandes hinos de Maceió, “Minha Sereia”, composição gravada em 1980 e que o consagrou em Alagoas. Impactou também com sua participação no “Fantástico”, interpretando “Cometa Mambembe”, em 1983.
“Minha Sereia” pode ser reouvida em [ https://www.youtube.com/watch?v=cHg6DzvHTsk
], enquanto o clipe do Fantástico pode ser revisto em [ https://youtu.be/gVqS4LgnIb8 ]. Que felicidade dispor de canais onde artistas seguem vivendo para sempre.
DAS ALAGOAS PARA O MUNDO
Carlos Moura e Toroca são mais dois exemplos da excelência, de talentos do mais alto nível nacional (e internacional) brotados em Alagoas. Talentos que nem sempre são reconhecidos, principalmente em casa, é preciso repetir – sem autoflagelação.
Felizmente, outros tantos talentos despontados aqui brilham alhures, incandescentes como a “estrela radiosa” do hino alagoano. Estão aí Marta, Zagallo, Djavan, Hermeto para comprovar essa luminosidade reconhecida contemporaneamente – sem bazófia.
Apesar de seu sucesso, de sua relevância e de seu reconhecimento em vida, Toroca poderia ter sido muito mais no esporte – insisto, destaco. A política foi uma opção de Walter Pitombo Laranjeiras, livre e soberana, mas que reduziu seu papel no vôlei brasileiro.
Carlinhos Moura teve uma vida bem mais sofrida, apesar de seu brilho nacional – fugaz, por vários motivos, alguns pessoais. Penou bastante em seus derradeiros tempos, com a saúde deteriorada e a carreira praticamente abandonada, mas deixa um legado.
Para além do voleibol, o esporte em Alagoas deve rebuscar na memória as lições de Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca. Para o esporte ele não é bola fora jamais, viverá para sempre como exemplo de líder e excepcional formador de atletas.
Para a arte musical, Carlos Moura não morreu, vive em suas composições maravilhosas, vive em seu exemplo (no que deve e no que não deve ser seguido), é eterno em sua generosidade e talento – como as jangadas partindo para o mar/para pescar, minha sereia.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.