Enio Lins

Mais dois craques que encerraram suas partidas

Enio Lins 10 de junho de 2023

Toroca e Carlinhos Moura entraram para a história. E com muitas histórias cada um, cada qual em seu campo. Não se sabe se se conheceram, se conversaram. Mas um sabia do outro, e que o outro era bom no que fazia – possa apostar.

TOROCA

Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca, foi grande em política. Como bem lembrou Edberto Ticianeli, as previsões dele sobre resultados eleitorais eram batata! Não errava uma. Meses antes das urnas dizerem a que vieram, listava, quase sem erros, os eleitos.

Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca, foi gigante no voleibol. Formou gerações nessa modalidade esportiva e era considerado, por muita gente do ramo, como o melhor técnico de vôlei do Brasil. A presidência da CBV era mero detalhe, mas coisa justa.

Toroca, ao dividir sua vida entre o esporte e a política, prejudicou sua carreira como esportista, pois teria brilhado muito mais e contribuído muito além do que contribuiu para o esporte no Brasil e especialmente para as seleções brasileiras de vôlei.

Radamés Lattari, presidente em exercício da Confederação Brasileira de Voleibol, bem resumiu: “infelizmente o voleibol brasileiro perdeu hoje sua maior liderança, e eu perdi um dos maiores amigos que a vida me presenteou, difícil encontrar palavras para descrevê-lo, mas acreditem um ser diferenciado, inteligente, amigo, leal, companheiro, parceiro, família. CRB, Flamengo e Mangueira, eram suas outras paixões além do voleibol e sua família”.

CARLOS MOURA

Paulo Poeta, em seu programa Alagoas, Arte e Cultura (TV Assembleia), oferece uma excelente entrevista com Carlos Moura. Ali, um concentrado da história daquele grande artista está disponível, basta acessar https://youtu.be/73thZ-28Xj0 e usufruir “de grátis” uma ótima conversa entremeada com músicas (voz e violão) fora-de-série. Como bem lembraria depois o entrevistador, Carinhos Moura brilhou, nos idos de 1978, numa Semana do Estudante, promovida pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE/UFAL).

Dentre as lembranças nessa entrevista, um detalhe: o testemunho de um dos períodos mais férteis do cinema alagoano, sob as condições mais adversas, quando obras no precário Super 8 tinham enredos e trilha sonoras como “Casamento de uma Maria”.

Carlos Moura é responsável por um dos grandes hinos de Maceió, “Minha Sereia”, composição gravada em 1980 e que o consagrou em Alagoas. Impactou também com sua participação no “Fantástico”, interpretando “Cometa Mambembe”, em 1983.

“Minha Sereia” pode ser reouvida em [ https://www.youtube.com/watch?v=cHg6DzvHTsk
], enquanto o clipe do Fantástico pode ser revisto em [ https://youtu.be/gVqS4LgnIb8 ]. Que felicidade dispor de canais onde artistas seguem vivendo para sempre.

DAS ALAGOAS PARA O MUNDO

Carlos Moura e Toroca são mais dois exemplos da excelência, de talentos do mais alto nível nacional (e internacional) brotados em Alagoas. Talentos que nem sempre são reconhecidos, principalmente em casa, é preciso repetir – sem autoflagelação.

Felizmente, outros tantos talentos despontados aqui brilham alhures, incandescentes como a “estrela radiosa” do hino alagoano. Estão aí Marta, Zagallo, Djavan, Hermeto para comprovar essa luminosidade reconhecida contemporaneamente – sem bazófia.

Apesar de seu sucesso, de sua relevância e de seu reconhecimento em vida, Toroca poderia ter sido muito mais no esporte – insisto, destaco. A política foi uma opção de Walter Pitombo Laranjeiras, livre e soberana, mas que reduziu seu papel no vôlei brasileiro.

Carlinhos Moura teve uma vida bem mais sofrida, apesar de seu brilho nacional – fugaz, por vários motivos, alguns pessoais. Penou bastante em seus derradeiros tempos, com a saúde deteriorada e a carreira praticamente abandonada, mas deixa um legado.

Para além do voleibol, o esporte em Alagoas deve rebuscar na memória as lições de Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca. Para o esporte ele não é bola fora jamais, viverá para sempre como exemplo de líder e excepcional formador de atletas.

Para a arte musical, Carlos Moura não morreu, vive em suas composições maravilhosas, vive em seu exemplo (no que deve e no que não deve ser seguido), é eterno em sua generosidade e talento – como as jangadas partindo para o mar/para pescar, minha sereia.