Enio Lins
Quando “suspeição” é mero eufemismo
Coisas da terra plana lavajateira: a jovem juíza Gabriela Hardt, postada provisoriamente como titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, se declarou suspeita “para julgar processos contra o empresário e ex-deputado estadual Tony Garcia”. Ela está certa, em parte.
Parcialmente certa, pois o correto seria se declarar suspeita de atuar como juíza – em todo e qualquer processo que envolva seu mentor, o execrável ex-juiz Sérgio Malandro Moro, e tudo que tenha a ver com a grande armação da Lava-jato.
E não somente essa jovem senhora deveria declinar, por suspeição, de arbitrar questões nesse campo político. Tem mais gente. Todas as pessoas que participaram da arapuca jurídica destinada a afastar o candidato favorito em 2018 estão suspeitíssimas.
Quando a Lava-jato será objeto de uma ação corregedora digna de nota? As evidências de manipulação jurídica pululam, exsudam de cada linha dos processos e das sentenças proferidas com o fito de garantir a eleição de Jair Falso Messias para a presidência.
Sérgio Moro, ao renunciar à carreira como juiz federal para assumir um cargo de confiança do presidente que – como magistrado – definiu a eleição, deixou de ser simples suspeito: produziu contra si mesmo, sem ser obrigado a isso, uma prova paquidérmica.
Prova conclusiva, desmoralizante. Como se não bastasse, subserviente, aguentou humilhações públicas para jair ficando no cargo, inclusive, segundo denúncias, se metendo nas apurações do assassinato de Marielle (no caso do porteiro do Vivendas da Barra).
Os três desembargadores, o afamado trio que deu suporte à armação de Moro para garantir a vitória de Jair com a condenação e prisão de Lula? Vai ficar por isso mesmo? Arvorar-se-ão como suspeitos nalgum momento futuro? Ou apostam no esquecimento?
Um tanto tardiamente, alguém declara suspeição na área. É bom, mas é pouco. A badalada Lava-Jato emite ares do maior escândalo jurídico do mundo ocidental, em função de suas motivações e resultados políticos-eleitorais indiscutíveis. Vai ficar por isso mesmo?
HOJE NA HISTÓRIA
8 de junho de 632 – Maomé, fundador do Islamismo, morre em Medina, depois de ter dado uma nova motivação para viver para populações antes marginalizadas e menosprezadas.
Nascido em Meca em 25 de abril de 571, Maomé, a partir de 610, em apenas 22 anos de pregação, criou uma poderosa religião que, quando de sua morte, já se anunciava avassaladora e conquistadora. Sem saber ler nem escrever, ditou para escribas o que afirmava serem mensagens divinas recitadas para ele pelo anjo Gabriel.
Essas mensagens, em versos, reunidas em blocos chamados de “suras”, seriam orientações e reflexões repassadas – via Gabriel – por Alá, divindade suprema que se apresentou como o único e o mesmo deus de judeus e cristãos. Segundo lhe foi dito, suas determinações originais haviam sido deturpadas, daí a necessidade de revisão e acréscimos.
Além disso, essa comunicação era inicialmente endereçada aos descendentes de Ismael, o filho primogênito de Abraão (gerado com Agar, escrava egípcia) – que seriam os povos árabes, enquanto de Isaac (gerado com Sara, esposa legítima) descenderiam os judeus. Toda uma inovadora forma de vida foi recitada, em duas décadas, por Maomé, entre batalhas e conquistas de novas áreas para o Islã. Depois de sua morte essas estrofes foram reunidas num livro chamado (nas línguas ibéricas) Al Corão.
Morto em Medina (hoje Arábia Saudita, assim como Meca), entretanto, Maomé teria subido aos céus a partir de um ponto em Jerusalém (hoje Israel), onde posteriormente foi construído o Domo da Rocha, um dos locais mais sagrados do Islamismo.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.