Bartpapo com Geraldo Câmara
ESSENCIALMENTE AGRÍCOLA
Era com esta terminologia que classificávamos o Brasil há algumas décadas atrás, por volta da década de 50. Porque era a verdade e nada havia de ruim com isto, apenas definia que o país não produzia muito mais do que agricultura. E aí era preciso que se começasse a repensar nos destinos produtivos do país. Com imensa extensão de terra, ainda muitas delas sem aproveitamento, mesmo assim o Brasil tinha uma vocação nata sobre o assunto agricultura, até porque os colonizadores não chegaram por aqui com ideias diferentes e progressistas. E também porque sem a necessidade de mão de obra onerável a agricultura era o ponto chave para o desenvolvimento econômico do país, sobretudo pela mão de obra escrava do Século XIX.
Na era Vargas os melhores sinais de caminhos para a industrialização começaram a surgir com a inauguração da Companhia Siderúrgica Nacional considerada um avanço fantástico para os objetivos de países em franco desenvolvimento. E foi exatamente essa expressão que chegou às pretensões do presidente Juscelino Kubistchek, apaixonado por desenvolvimento, por idealismo exacerbado, por intensas reformas e novidades em relação ao país. Sentia-se, principalmente os que o conheciam mais de perto que ele não se conformava com o termo qualificativo do país, que realmente era essencialmente agrícola com pequenas penetrações de uma incipiente indústria. Ao mesmo tempo sentia que a própria agricultura precisava andar mais rápido, mais moderna, mais participativa ainda do que era. Daí a marcha para o Oeste, a criação de Brasília, a extensão programada de um novo Brasil que além de criar facilidades para escoamento técnico e correto de sua produção, paralelamente se esforçasse rumo a uma meta industrial mais consequente. Um Brasil que na sua vocação primária tivesse infraestrutura de interiorização e de possibilidades crescentes de produção e de um Brasil que paralelamente pensasse na industrialização, uma necessidade contínua de um país com dimensões continentais.
Nos seus cinco anos de governo JK fez. Realmente inaugurou Brasília, interiorizou o país, começou uma industrialização, inclusive na área automobilística. Lembro-me bem do carro da Alfa Romeu, já montado no Brasil em sua época que em homenagem ao presidente o nomeou de JK, um sucesso como carro e como venda.
Em função da interiorização, das melhores facilidades de escoamento, a agricultura cresceu mais ainda. No entanto, as indústrias progrediram, não só no setor agrícola, mas em todos os setores, animada pelas novas perspectivas de Brasil.
Importante é entender como JK foi influenciador de toda a economia brasileira, fortalecendo não só a agricultura como um todo incentivando e financiando uma verdadeira revolução industrial que passou a ter muito mais motivação para o seu próprio desenvolvimento. E aí entra o imponderável, quando vem a revolução, as eleições de 65 são canceladas, Juscelino é cassado e interrompe-se ali a vida político-administrativa do grande líder. A consequência, o leitor vai sentir ainda hoje porque o seu plano, a sua meta para o seu novo governo era a de mexer em ferrovias e hidrovias. Cortar o país cruzadamente de ponta a ponta permitindo com isso a criação de uma malha perfeita para escoamento da produção interiorana com diminuição da carga rodoviária. O problema, permanece até hoje e o Brasil se ressente disto e como resultado ainda tem que enfrentar os enormes problemas com rodovias principais e vicinais quando o transporte mais barato e mais eficiente já poderia estar participando ativamente da vida nacional.
Não adianta chorar sobre o leite derramado. Apenas tentar colocar na cabeça de nossas autoridades que esse é o caminho. Alagoas, agora tem um Ministro dos Transportes, Renan Filho. Que pode se impor e trilhar o caminho que o levará muito mais alto. Até porque o país não é mais “essencialmente agrícola” mas continua agro dentre outras coisas. Principalmente.
FOTONOTAS
ÁLVARO MENEZES – Vivemos uma época que tanto esperamos de se poder falar em saneamento básico, de se perseguir essa necessidade com afinco parecendo que se está levando mais a sério o assunto. Coisa que Álvaro Menezes sempre perseguiu em sua vida profissional repleta de vitórias por todos os lados neste assunto. Álvaro é um viciado em saneamento. Discute como ninguém os problemas e soluções inerentes ao tema e acho que não sossega enquanto não vir o país cortado de redes de saneamento por todos os lados. Afora isso, pense num papo dos mais agradáveis e convincentes e você estará conversando com Álvaro.
GERALDO CARDOSO – O cara entrou no mês de junho com toda a força que se pode imaginar. Cara bom de forró, bom de música em geral, vai se dar bem, com certeza neste São João, aliás como sempre acontece na vida deste “vaqueiro” incrível, dono de uma simpatia que deve causar inveja a outros cantores por aí afora. Geraldo é um artista esmerado que faz questão de ser o melhor no que faz sem, no entanto, passar por cima de ninguém, muito pelo contrário até ajudando a quem está começando, colocando sempre as pessoas para cima. O nome de junho é este. Não perca seus shows porque vai valer a pena.
PARE PRA PENSAR (do meu livro do mesmo nome)
Acertar no alvo mais do que pontaria é determinação e objetividade.
ALERTAS DO DIA
* Quem caça, cassa. Ou quem cassa, caça. Não sei, só sei que a temporada de cassa com dois s
está aberta e só se houve falar em cassação de direitos políticos por tantos anos e por aí vai. Agora mesmo em Barra de Santo Antônio três vereadores foram cassados por fraude à cota de gênero nas eleições de 2020. Em outros municípios também está acontecendo e parece que deixou de ser a caça às bruxas para ser a caça aos vereadores, aliás a “cassa”. O tribunais eleitorais estão de olho em todas as irregularidades e correndo atrás, de verdade. Portanto, nas próximas eleições, alerta! A temporada de caça, digo de cassa, está aberta.
* Essa história de descontos altos nos preços dos combustíveis e agora também nos preços dos automóveis parece “conto da carochinha” ou engano de trouxa. Porque adoça a boca do consumidor e daqui a pouco sobe tudo de novo. Essa coisa, por exemplo do desconto nos carros chamados populares já se avisou que vai durar três meses e olhe lá. Então, não se trata de política pública mas de pura promoção do governo ou sei lá de quem. São os famosos acordos que ninguém entende que chegam para fazer zoeira e somem como poeira.
* Próximo dia 17, o vice-presidente do Tribunal de Contas de Alagoas, Otávio Lessa encara mais um desafio porque assume também o lugar de Grão Mestre da Maçonaria em Alagoas. Para que os leitores possam entender melhor, o organograma da Maçonaria é igual ao do estado e abriga Governador, vice, deputados estaduais e federais, secretários de estado, procuradoria, Tribunal de Justiça, tudo com uma similaridade fantástica. Assim, o cargo de Grão-Mestre seria igual ao de governador que é a missão que Otávio vai desempenhar e dentro de um espetacular trabalho que visa ajudar a sociedade, de um modo geral.
* E aí quem viaja no dia 20 é este colunista que também é diretor de comunicação do Tribunal de Contas. A TV Cidadã foi escolhida como uma das “boas práticas” dos tribunais em todo o país, além de outras que também foram escolhidas, inclusive de Alagoas com o projeto “Sede de Beber” em conjunto com o Ministério Público Estadual. O evento acontecerá na cidade de Cuiabá, capital do Mato Grosso onde serão apresentadas boas práticas de todo o país. A TV Cidadã que implantamos em 2016 com o apoio do então presidente Otávio Lessa constitui-se na única televisão aberta de um Tribunal de Contas em todo o país.
POR AÍ AFORA
# O líder indígena Raoni Metuktire, da etnia Kayapó, foi recebido pelo presidente da França, Emmanuel Macron, como parte dos preparativos para um encontro sobre economia verde que será realizado em Paris no fim de junho e que contará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Estamos atentos ao que nos diz o cacique Raoni, a 18 dias da Cúpula de Paris para um Novo Pacto Financeiro Global que o mundo precisa", escreveu Macron nas redes sociais. "Preservar as florestas tropicais, garantir o respeito aos direitos dos povos indígenas, esse é o trabalho da sua vida, sua luta pela humanidade", acrescentou.
# O presidente Joe Biden promulgou, no sábado (3), a nova legislação que eliminou a ameaça de calamidade econômica decorrente de um calote na dívida dos Estados Unidos, chamada "Lei de Responsabilidade Fiscal de 2023". O ato foi assinado após semanas de quedas de braço com os republicanos e aprovações na Câmara e no Senado. O texto suspende o teto da dívida pública americana até janeiro de 2025 e fixa determinados objetivos orçamentários. Vejam os leitores que as preocupações de lá também são as daqui e as dificuldades políticas também são as mesmas.
# O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, participou do encontro que reuniu os ministros de Relações Exteriores do grupo, uma prévia da próxima cúpula dos BRICS prevista para agosto, também na África do Sul. Segundo a Agência Brasil, o chanceler brasileiro alegou que devido à história de sucesso do bloco, muitos países estão interessados em aderir ao grupo. "Talvez por causa desse grande sucesso dos Brics, foi atraída a atenção de muitos outros países em 15 anos. Estamos trabalhando nessa questão da expansão. Temos que assessorar nossos presidentes para o próximo encontro da cúpula dos BRICS, em agosto".
ATÉ A PRÓXIMA
Amanhã, sábado é dia de “BARTPAPO com Geraldo Câmara”. Na BAND, canal 38.1 aberto, NET CLARO, canais 18 e 518, BRISANETE, canal 14, VIVO, canal 519, das 9 às 10h da manhã. Assista também pelo Youtube no canal “Programas do Geraldo Câmara”. Fale conosco pelo [email protected] ou pelo Whats’App 82 99977-4399
Bartpapo com Geraldo Câmara
Sobre
Jornalista, apresentador do programa Bartpapo na Band Maceió e Diretor de Comunicação do Tribunal de Contas de Alagoas