Enio Lins
Interrompida mais uma tentativa de golpe
Noticiada com discrição e por poucos veículos de mídia (pelo menos) até o domingo, uma ação do governo Lula merece mais atenção e, numa primeira vista d’olhos, aplausos: trata-se da retirada de uma proposta feita pelo governo passado aos países ricos.
Segundo o colunista Jamil Chade (UOL), o desgoverno do Jair apresentou aos países ricos um convite para que as megaempresas dessas nações pudessem participar de licitações para compras governamentais no Brasil como se fossem nativas.
Noticiado também pelo Valor Econômico, essa medida – incomum nos países em desenvolvimento ou emergentes – fragiliza as empresas locais frente aos poderosos grupos milionários das grandes nações.
Historicamente, o Brasil, assim como as demais nações emergentes, manteve a regra de priorizar as empresas locais nas licitações governamentais como forma de promoção de segmentos importantes da economia nacional.
Mesmo durante os governos identificados como liberais, a exemplo de Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso, esse segmento foi protegido do gigantesco lobby das grandes empresas internacionais. Jair queria deixar passar a boiada.
Apresentada pelo falso messias, a proposta-traíra não chegou a ser efetivada junto à Organização Mundial de Comércio (OMC) e coincidia com a perda de competitividade internacional das grandes empresas brasileiras detonadas pela Lava-jato.
Regra de ouro entre as nações em desenvolvimento ou emergentes, a abertura internacional para compras governamentais tem dosimetria muito cuidadosa e procura-se manter parcerias entre semelhantes para evitar massacres econômicos.
Segundo o divulgado pelo UOL, a compra de remédios durante a pandemia de Covid-19 foi um desses segmentos em que o lobby das grandes potências jogou pesado. Seria essa uma explicação para a atitude de combate à “vacina chinesa” do Butantan?
Enfim, para o bem de (quase) todos e felicidade geral da nação, a arataca do Jair foi desarmada também nesse item essencial, e a discussão na OMC retorna a seus rumos racionais com o Brasil reposicionado fora da área reservada para otários.
HOJE NA HISTÓRIA
30 de maio de 1431 – Aos 19 anos, Joana d’Arc, francesa de origem camponesa, é executada na fogueira em sentença dada pelo bispo Cauchon (francês e colaboracionista miserável).
Travada entre franceses e ingleses, a “Guerra dos cem anos”, teve a inesperada presença de uma jovem humilde, Joana, a dizer ter recebido mensagens divinas trazidas (do além) pelo afamado Arcanjo Miguel e pelas santas Margarida e Catarina com orientações precisas para ela assumir o comando das tropas francesas e botar pra quebrar nos invasores insulares.
Aproveitando-se da religiosidade mística, endêmica naquele período, o monarca francês Carlos VII resolveu colocar a moça à frente de suas tropas e, com a corda toda, venceram a batalha de Orleães, rompendo um cerco tido como intransponível. No embalo, outras vitórias militares francesas foram se sucedendo sob inspiração da garota.
Entretanto, franceses colaboracionistas (pois é, essa peste já existia antes do colaboracionismo com os nazistas) prenderam a guerreira em 23 de maio de 1430, acusaram-na e a condenaram por bruxaria, levando-a a fogueira um ano depois. Em 1456 foi absolvida postumamente pelo Papa Calixto III. Em 1808, Napoleão a declarou símbolo nacional da França. Em 1909 foi beatificada e em 1920, canonizada, passando a ser Santa Joana d’Arc.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.