Enio Lins

O mofino nega o dito e escrito, corre da responsabilidade

Enio Lins 28 de abril de 2023

Taí uma atitude que não pode ser negada ao falso Messias e a quem lhe tem devoção: não temem o ridículo. O mito não vacila em falar as maiores estupidezes, contradizer-se, dizer o dito pelo não dito, ameaçar e correr em seguida.

Jair mentindo é um mantra, uma marca. Em seu depoimento à PF, anteontem, o meliante se superou em desfaçatez ao dizer que postou uma de suas inúmeras provocações sem saber, pois estava doidão, “por efeito de remédios [com morfina]”.

Como bem salientou o colunista Matheus Pichonelli (UOL), o mito “dá a entender que estava ‘doidão’ por todo mandato”. É isso, pois Jair espalhou ataques criminosos semelhantes ao longo dos recentes quatro anos e por toda sua carreira.

Ameaças de golpe, ameaças a vida alheia, ameaças ao processo eleitoral, ameaças aos poderes constituídos... Jair é um ameaçador contumaz, desmentindo-se quando interpelado. Desde sempre, vide o caso da reportagem publicada na Veja em 1987.

Vamos lembrar: em 1987, Jair declarou à Veja que explodiria bombas contra o próprio Exército, e entregou um esboço feito por ele mesmo à repórter. Detido e interpelado pela Justiça Militar, choramingou, renegou o dito e o desenhado.

Julgado, foi absolvido sem unanimidade dos jurados. Logo depois do veredicto (e de sua saída do Exército) o resultado da perícia nos papéis confirmou que era Jair quem tinha escrito o rascunho terrorista – mas ele já havia fugido da farda.

Durante a pandemia, já presidente, negou ter zombado das pessoas com falta de ar (por causa do Covid), apesar das dezenas de filmagens mostrarem ele próprio se deixando filmar imitando o sufocamento das vítimas do Coronavírus.

Tática velha associada a uma estratégia viciada do tipo “covardia acima de tudo, gatunagem em cima de todos”, na sequência: 1) Jair ameaça, tenta ganhar no grito, ruge; 2) se o alvo reage, Jair foge, nega o ato, mia e se faz de vítima.

Jair é treinado para mamar. Se derem bobeira, mete a mão e leva. Mas, de grande, até hoje só deu certo a armação da autofacada, pois os golpes para ser ditador paramilitar têm dado errado. Responsabilizado pelo 8 de janeiro, “amorfinou-se”.

HOJE NA HISTÓRIA

28 de abril de 1965 – Os Estados Unidos invadem a República Dominicana para forçar a vitória da direita contra a resistência constitucionalista.

Juan Bosch, eleito presidente da República Dominicana em 1962, era um líder de esquerda e promoveu uma nova Constituição, onde foram introduzidos dispositivos democráticos como a separação entre Estado e Igreja, e a garantia de direitos civis. Além disso, implementou uma reforma agrária, dentre outras medidas que chocaram a elite conservadora local.

Em setembro de 1963 a democracia dominicana, instalada há apenas um ano após de décadas de ditadura, sofre um golpe militar. Mas houve forte resistência armada contra os golpistas, e os Constitucionalistas venceram a parada em menos de dois anos.

Aí os americanos entraram na jogada, invadindo o pequeno país caribenho com 20 mil soldados, detonando quem tinha ganhado e recolocando os golpistas no poder. Em seguida, a OEA (Organização dos Estados Americanos) convocou uma “Força Interamericana de Paz”, para avalizar a violência da Casa Branca. O Brasil, vítima do golpe militar em 1964, mandou 1.250 soldados para apoiar a invasão americana. Que vergonha...

https://pt.wikipedia.org/wiki/Invas%C3%A3o_da_Rep%C3%BAblica_Dominicana_pelos_Estados_Unidos_em_1965
https://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/em-1965-brasil-se-alinhava-aos-eua-em-intervencao-na-republica-dominicana-16227159