Enio Lins
O mofino nega o dito e escrito, corre da responsabilidade
Taí uma atitude que não pode ser negada ao falso Messias e a quem lhe tem devoção: não temem o ridículo. O mito não vacila em falar as maiores estupidezes, contradizer-se, dizer o dito pelo não dito, ameaçar e correr em seguida.
Jair mentindo é um mantra, uma marca. Em seu depoimento à PF, anteontem, o meliante se superou em desfaçatez ao dizer que postou uma de suas inúmeras provocações sem saber, pois estava doidão, “por efeito de remédios [com morfina]”.
Como bem salientou o colunista Matheus Pichonelli (UOL), o mito “dá a entender que estava ‘doidão’ por todo mandato”. É isso, pois Jair espalhou ataques criminosos semelhantes ao longo dos recentes quatro anos e por toda sua carreira.
Ameaças de golpe, ameaças a vida alheia, ameaças ao processo eleitoral, ameaças aos poderes constituídos... Jair é um ameaçador contumaz, desmentindo-se quando interpelado. Desde sempre, vide o caso da reportagem publicada na Veja em 1987.
Vamos lembrar: em 1987, Jair declarou à Veja que explodiria bombas contra o próprio Exército, e entregou um esboço feito por ele mesmo à repórter. Detido e interpelado pela Justiça Militar, choramingou, renegou o dito e o desenhado.
Julgado, foi absolvido sem unanimidade dos jurados. Logo depois do veredicto (e de sua saída do Exército) o resultado da perícia nos papéis confirmou que era Jair quem tinha escrito o rascunho terrorista – mas ele já havia fugido da farda.
Durante a pandemia, já presidente, negou ter zombado das pessoas com falta de ar (por causa do Covid), apesar das dezenas de filmagens mostrarem ele próprio se deixando filmar imitando o sufocamento das vítimas do Coronavírus.
Tática velha associada a uma estratégia viciada do tipo “covardia acima de tudo, gatunagem em cima de todos”, na sequência: 1) Jair ameaça, tenta ganhar no grito, ruge; 2) se o alvo reage, Jair foge, nega o ato, mia e se faz de vítima.
Jair é treinado para mamar. Se derem bobeira, mete a mão e leva. Mas, de grande, até hoje só deu certo a armação da autofacada, pois os golpes para ser ditador paramilitar têm dado errado. Responsabilizado pelo 8 de janeiro, “amorfinou-se”.
HOJE NA HISTÓRIA
28 de abril de 1965 – Os Estados Unidos invadem a República Dominicana para forçar a vitória da direita contra a resistência constitucionalista.
Juan Bosch, eleito presidente da República Dominicana em 1962, era um líder de esquerda e promoveu uma nova Constituição, onde foram introduzidos dispositivos democráticos como a separação entre Estado e Igreja, e a garantia de direitos civis. Além disso, implementou uma reforma agrária, dentre outras medidas que chocaram a elite conservadora local.
Em setembro de 1963 a democracia dominicana, instalada há apenas um ano após de décadas de ditadura, sofre um golpe militar. Mas houve forte resistência armada contra os golpistas, e os Constitucionalistas venceram a parada em menos de dois anos.
Aí os americanos entraram na jogada, invadindo o pequeno país caribenho com 20 mil soldados, detonando quem tinha ganhado e recolocando os golpistas no poder. Em seguida, a OEA (Organização dos Estados Americanos) convocou uma “Força Interamericana de Paz”, para avalizar a violência da Casa Branca. O Brasil, vítima do golpe militar em 1964, mandou 1.250 soldados para apoiar a invasão americana. Que vergonha...
https://pt.wikipedia.org/wiki/Invas%C3%A3o_da_Rep%C3%BAblica_Dominicana_pelos_Estados_Unidos_em_1965
https://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/em-1965-brasil-se-alinhava-aos-eua-em-intervencao-na-republica-dominicana-16227159
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.