Enio Lins
Depois do caos, um Brasil 33% reconstruído em 100 dias
Ainda sobre essa primeira centena de dias, assinalo aqui que, a meu ver, a melhor síntese foi feita pelo cartunista Jorge, o Mau, ao publicar um cartum onde um avião puxa uma faixa com a inscrição “Cem dias sem Bolsonaro”. Perfeição!
Isto é o principal, sem dúvida, e permanente foco durante todos os dias daqui pra frente, condição sine qua non para evitar que o energúmeno tenha paz para arregimentar seu gado e as suas quadrilhas de estimação no esforço de, novamente, assaltar o poder.
Os 100 dias já se foram, não voltam mais, agora é mirar nos três anos e oito meses à frente, pois esses milhares de dias restantes são poucos para resolver o gigantismo de problemas deixados pelo quadriênio mitológico. O tempo “ruge”.
Com toda razão, Lula conduziu a reunião ministerial da segunda-feira, dia em que o 100º dia foi registrado, focando na Economia, “encarcando” o dedo na ferida (ainda aberta depois de quatro anos de desastre guediano) e enfrentando miopias do próprio PT.
Um parêntese: (que diferença – abissal – dos pornofônicos encontros entre o ex-presidente miliciano e sua quadrilha palaciana! Enfim, o Brasil voltou a ter reuniões ministeriais depois de quatro anos de despudoradas esbórnias no Planalto).
Como escrito aqui ontem, o retorno da dignidade e da solidariedade ao Palácio do Planalto é uma das grandes vitórias nesses 100 dias, e o esmagamento do verme golpista de 8 de janeiro é o outro grande êxito da Democracia nesse período.
Vitórias que não se pode investir tempo para comemorá-las, pois a reconstrução do Brasil exige dedicação total e irrestrita, exige atenção, perseverança, e correções nos rumos – acertadamente, no geral – tomados até agora.
Como escreveu Reinaldo Azevedo, citando o G1: “1/3 de promessas cumpridas por Lula em 100 dias. Um terço em 6,8% do mandato. Ainda faltam 93,2% [de tempo para terminar o governo], e boa parte do não cumprido está em curso”.
Digo mais: essa questão de índice de “cumprimento de promessas em 100 dias” é de pouca valia, pois o meliante que ocupou o Planalto nos últimos quatro anos comemorou histericamente “ter cumprido 33% de suas promessas em 100 dias”.
Aplausos para Lula e Alckmin pelos 33% cumpridos nos 100 dias iniciais, mas é bem mais comprido o trajeto e o passo precisa ser apressado – com segurança, óbvio – para que o Brasil reocupe seu lugar no mundo e o povo brasileiro reocupe seu lugar no Brasil.
HOJE NA HISTÓRIA
12 de abril de 1961 – Yuri Gagarin, piloto russo, se torna o primeiro ser humano a viajar ao espaço sideral. A bordo da nave Vostok I, consegue deixar a atmosfera terrestre e seu retorno, são e salvo, se constituiu na maior conquista soviética depois da II Grande Guerra.
Era o tempo da Guerra Fria, URSS e Estados Unidos disputavam palmo a palmo o mundo físico e o universo da ciência e tecnologia. Todo avanço de um e outro lado era propagandeado com força, em reafirmação da “superioridade” do sistema de cada bloco.
No campo aeroespacial, apesar da NASA ter absorvido (e absolvido) o cientista alemão Von Braun (responsável pelas temíveis bombas V2 nazistas), no ano de 1957, a URSS fez o primeiro gol ao colocar em órbita a cadela Laika, mas ela morreu no retorno ao planeta.
Yuri Gagarin foi o golaço. O primeiro ser a ir e voltar com vida ao espaço era um jovem militar simpático, filho de kolkosianos (agricultores de uma fazenda coletiva), membro do Partido Comunista. Verdadeiro cartão-postal-sideral.
Em terra firme, Gagarin deu uma volta triunfal ao mundo, visitando – entre outros países – os Estados Unidos, Inglaterra, Cuba. Foi entusiasticamente recebido no Brasil, onde passou duas semanas, em julho de 1961. Esteve no Rio, São Paulo e Brasília, sendo condecorado pelo então presidente Jânio Quadros.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.