Enio Lins

Depois do caos, um Brasil 33% reconstruído em 100 dias

Enio Lins 12 de abril de 2023
Charge do mestre Jorge (@jorgeomau)

Ainda sobre essa primeira centena de dias, assinalo aqui que, a meu ver, a melhor síntese foi feita pelo cartunista Jorge, o Mau, ao publicar um cartum onde um avião puxa uma faixa com a inscrição “Cem dias sem Bolsonaro”. Perfeição!

Isto é o principal, sem dúvida, e permanente foco durante todos os dias daqui pra frente, condição sine qua non para evitar que o energúmeno tenha paz para arregimentar seu gado e as suas quadrilhas de estimação no esforço de, novamente, assaltar o poder.

Os 100 dias já se foram, não voltam mais, agora é mirar nos três anos e oito meses à frente, pois esses milhares de dias restantes são poucos para resolver o gigantismo de problemas deixados pelo quadriênio mitológico. O tempo “ruge”.

Com toda razão, Lula conduziu a reunião ministerial da segunda-feira, dia em que o 100º dia foi registrado, focando na Economia, “encarcando” o dedo na ferida (ainda aberta depois de quatro anos de desastre guediano) e enfrentando miopias do próprio PT.

Um parêntese: (que diferença – abissal – dos pornofônicos encontros entre o ex-presidente miliciano e sua quadrilha palaciana! Enfim, o Brasil voltou a ter reuniões ministeriais depois de quatro anos de despudoradas esbórnias no Planalto).

Como escrito aqui ontem, o retorno da dignidade e da solidariedade ao Palácio do Planalto é uma das grandes vitórias nesses 100 dias, e o esmagamento do verme golpista de 8 de janeiro é o outro grande êxito da Democracia nesse período.

Vitórias que não se pode investir tempo para comemorá-las, pois a reconstrução do Brasil exige dedicação total e irrestrita, exige atenção, perseverança, e correções nos rumos – acertadamente, no geral – tomados até agora.

Como escreveu Reinaldo Azevedo, citando o G1: “1/3 de promessas cumpridas por Lula em 100 dias. Um terço em 6,8% do mandato. Ainda faltam 93,2% [de tempo para terminar o governo], e boa parte do não cumprido está em curso”.

Digo mais: essa questão de índice de “cumprimento de promessas em 100 dias” é de pouca valia, pois o meliante que ocupou o Planalto nos últimos quatro anos comemorou histericamente “ter cumprido 33% de suas promessas em 100 dias”.

Aplausos para Lula e Alckmin pelos 33% cumpridos nos 100 dias iniciais, mas é bem mais comprido o trajeto e o passo precisa ser apressado – com segurança, óbvio – para que o Brasil reocupe seu lugar no mundo e o povo brasileiro reocupe seu lugar no Brasil.

HOJE NA HISTÓRIA

Yuri Gagarin, cosmonauta soviético, saudado em sua visita ao Brasil


12 de abril de 1961
– Yuri Gagarin, piloto russo, se torna o primeiro ser humano a viajar ao espaço sideral. A bordo da nave Vostok I, consegue deixar a atmosfera terrestre e seu retorno, são e salvo, se constituiu na maior conquista soviética depois da II Grande Guerra.


Era o tempo da Guerra Fria, URSS e Estados Unidos disputavam palmo a palmo o mundo físico e o universo da ciência e tecnologia. Todo avanço de um e outro lado era propagandeado com força, em reafirmação da “superioridade” do sistema de cada bloco.


No campo aeroespacial, apesar da NASA ter absorvido (e absolvido) o cientista alemão Von Braun (responsável pelas temíveis bombas V2 nazistas), no ano de 1957, a URSS fez o primeiro gol ao colocar em órbita a cadela Laika, mas ela morreu no retorno ao planeta.


Yuri Gagarin foi o golaço. O primeiro ser a ir e voltar com vida ao espaço era um jovem militar simpático, filho de kolkosianos (agricultores de uma fazenda coletiva), membro do Partido Comunista. Verdadeiro cartão-postal-sideral.


Em terra firme, Gagarin deu uma volta triunfal ao mundo, visitando – entre outros países – os Estados Unidos, Inglaterra, Cuba. Foi entusiasticamente recebido no Brasil, onde passou duas semanas, em julho de 1961. Esteve no Rio, São Paulo e Brasília, sendo condecorado pelo então presidente Jânio Quadros.