Enio Lins

Cem dias que reanimaram a Democracia

Enio Lins 11 de abril de 2023

100 dias de governo sem factoides, 100 dias tentando reconstruir o destruído em quatro anos predatórios. Como escreveu Mirian Leitão, “o Brasil voltou a se conectar com o mundo” e “o dia em que Lula desembarcou com ministros e com o socorro do Estado aos Yanomami foi o momento em que o Brasil começou a voltar ao caminho que deve seguir”.

De fato, foi marcante aquele momento em que se comprovou que a solidariedade e o humanismo estavam de volta à presidência da República. Avaliando tão-somente o período pós-ditadura militar, se nota que – à exceção do quadriênio miliciano entre 2019 e 2022 – quem usou a faixa presidencial se preocupou em exercer a solidariedade.

Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula, Dilma e Temer jamais voltaram as costas presidenciais para as vítimas de acidentes ou incidentes que destroçassem a vida de quaisquer comunidades, nunca negaram ou renegaram vacinas em massa para o povo, nem nunca cometeram a infame provocação de perguntar “e eu sou coveiro?”.

Mesmo os truculentos generais-presidentes, golpistas de 64, desceram a esse nível de covardia e desrespeito. Cometeram muitos crimes, mas mantiveram as campanhas de vacinação, enfrentaram (bem ou porcamente) os surtos epidêmicos, visitaram perímetros acometidos de catástrofes, tentaram aparentar dignidade.

Assim, como bem disse a jornalista da Globo (execrada por boa parte da esquerda, apesar de seu passado de esquerdista militante), nessa primeira centena de dias, se não fosse por mais nada, valeu a pena pelo retorno ao Palácio do Planalto das atitudes humanitárias, dos gestos de solidariedade. O Brasil fez o L para isso, em primeiro lugar.

Destaque-se que nesse afamado período dos primeiros cem dias, a questão central para o futuro do País foi recolocada no epicentro das atenções, e a economia voltou a ser o foco número um, o alvo estratégico da presidência da República, e a própria nomeação de Haddad representa o vínculo pessoal do presidente Lula para com a pasta.

Nesse campo vital da Economia, os 100 dias registram também a firme posição do presidente da República em discordar da política de juros imposta pelo Banco Central, sem desrespeitar as regras vigentes de independência do BC (na prática, dependência do órgão à oligarquia financeira). Lei é para ser cumprida, mas não necessariamente em silêncio.

Ah, sim: Outra questão essencial nessa primeira centena de dias está na derrota da tentativa de golpe armado por Jair e seu gado amestrado, que ousaram invadir e depredar Brasília no dia 8 de janeiro. 100 dias vitoriosos, 


HOJE NA HISTÓRIA

11 de abril de 1900 – Morre (desencarna, no jargão espírita) Bezerra de Menezes, médico, escritor, político e o maior expoente do Espiritismo no Brasil.


Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti nasceu no interior do Ceará, em 1831, filho de uma família de ciganos ricos, de origens mescladas com cristãos-novos (judeus convertidos) vindos da cidade do Porto, em Portugal. Foi também militar, jornalista, escritor, empresário, filantropo e filósofo, destacando-se ainda como abolicionista e defensor de causas progressistas. Pelo conjunto de sua obra foi duramente combatido pelas forças conservadoras de seu tempo.


Já era conhecido, e muito popular, no Rio de Janeiro, por sua solidariedade com a população menos favorecida – era o “Médico dos Pobres”. Quando anunciou sua conversão ao Espiritismo, Bezerra de Menezes fez uma palestra para explicar a doutrina a qual decidira se filiar e, segundo seus biógrafos, reuniu uma multidão estimada entre mil e 1.500 pessoas para apenas ouvir suas razões na opção religiosa.


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