Enio Lins
Cem dias que reanimaram a Democracia
100 dias de governo sem factoides, 100 dias tentando reconstruir o destruído em quatro anos predatórios. Como escreveu Mirian Leitão, “o Brasil voltou a se conectar com o mundo” e “o dia em que Lula desembarcou com ministros e com o socorro do Estado aos Yanomami foi o momento em que o Brasil começou a voltar ao caminho que deve seguir”.
De fato, foi marcante aquele momento em que se comprovou que a solidariedade e o humanismo estavam de volta à presidência da República. Avaliando tão-somente o período pós-ditadura militar, se nota que – à exceção do quadriênio miliciano entre 2019 e 2022 – quem usou a faixa presidencial se preocupou em exercer a solidariedade.
Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula, Dilma e Temer jamais voltaram as costas presidenciais para as vítimas de acidentes ou incidentes que destroçassem a vida de quaisquer comunidades, nunca negaram ou renegaram vacinas em massa para o povo, nem nunca cometeram a infame provocação de perguntar “e eu sou coveiro?”.
Mesmo os truculentos generais-presidentes, golpistas de 64, desceram a esse nível de covardia e desrespeito. Cometeram muitos crimes, mas mantiveram as campanhas de vacinação, enfrentaram (bem ou porcamente) os surtos epidêmicos, visitaram perímetros acometidos de catástrofes, tentaram aparentar dignidade.
Assim, como bem disse a jornalista da Globo (execrada por boa parte da esquerda, apesar de seu passado de esquerdista militante), nessa primeira centena de dias, se não fosse por mais nada, valeu a pena pelo retorno ao Palácio do Planalto das atitudes humanitárias, dos gestos de solidariedade. O Brasil fez o L para isso, em primeiro lugar.
Destaque-se que nesse afamado período dos primeiros cem dias, a questão central para o futuro do País foi recolocada no epicentro das atenções, e a economia voltou a ser o foco número um, o alvo estratégico da presidência da República, e a própria nomeação de Haddad representa o vínculo pessoal do presidente Lula para com a pasta.
Nesse campo vital da Economia, os 100 dias registram também a firme posição do presidente da República em discordar da política de juros imposta pelo Banco Central, sem desrespeitar as regras vigentes de independência do BC (na prática, dependência do órgão à oligarquia financeira). Lei é para ser cumprida, mas não necessariamente em silêncio.
Ah, sim: Outra questão essencial nessa primeira centena de dias está na derrota da tentativa de golpe armado por Jair e seu gado amestrado, que ousaram invadir e depredar Brasília no dia 8 de janeiro. 100 dias vitoriosos,
HOJE NA HISTÓRIA
11 de abril de 1900 – Morre (desencarna, no jargão espírita) Bezerra de Menezes, médico, escritor, político e o maior expoente do Espiritismo no Brasil.
Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti nasceu no interior do Ceará, em 1831, filho de uma família de ciganos ricos, de origens mescladas com cristãos-novos (judeus convertidos) vindos da cidade do Porto, em Portugal. Foi também militar, jornalista, escritor, empresário, filantropo e filósofo, destacando-se ainda como abolicionista e defensor de causas progressistas. Pelo conjunto de sua obra foi duramente combatido pelas forças conservadoras de seu tempo.
Já era conhecido, e muito popular, no Rio de Janeiro, por sua solidariedade com a população menos favorecida – era o “Médico dos Pobres”. Quando anunciou sua conversão ao Espiritismo, Bezerra de Menezes fez uma palestra para explicar a doutrina a qual decidira se filiar e, segundo seus biógrafos, reuniu uma multidão estimada entre mil e 1.500 pessoas para apenas ouvir suas razões na opção religiosa.
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Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.