Enio Lins
Mais uns minutos sobre uma dupla que vale por uma quadrilha
“Estamos falando há 10 minutos sobre uma pessoa chamada Sérgio Moro e ele está sendo tratado como se fosse uma pessoa que merecesse todo nosso respeito”: Pedro Cardoso acertou na mosca, cirúrgico nesse comentário feliz.
Mas, com todo respeito, aqui serão gastos mais uns minutos sobre esse mesmo tema, mesma pauta de ontem. Não só sobre o Serginho Malandro do Mal, mas também sobre o Mito do Crime Organizado. Eles não merecem respeito, mas merecem cuidado.
Nem o bafafá sobre o “atentado a favor” de Moro baixou a temperatura e se descobriu o mito jair embolsando mais um conjunto de joias árabes – por Alá: como está rendendo a “venda” da Refinaria Landulpho Alves para os árabes presenteadores!
Mas voltemos o foco para Moro & Mito, dupla sertanoja dos grandes sucessos como “Quando o mel é ótimo”, “Joias árabes” e “É a lava-jato, pois ambos são potenciais candidatos a assaltar o voto alheio, para presidente, em 2026.
Tão vasto é esse assunto, de Mito & Moro no palco da contravenção, que merece um destrinchamento por pontos. Sigam a linha:
1) Mito & Moro armadilharam as eleições presidenciais de 2018: um prendendo o adversário do outro e o outro se vitimando com uma autofacada milagrosa;
2) Moro, sem nenhum pudor, aceitou – depois de impedir que o candidato favorito concorresse – um ministério de presente do Mito que beneficiou;
3) Mito presenteou o crime organizado com algo mais valioso para a bandidagem que uma refinaria de petróleo para os árabes: liberação de armas e munições;
4) Moro, no ministério da Justiça, não criou obstáculos para a enxurrada de armas e munições que beneficiou todas as formas do crime organizado;
5) Apesar do palavrório, nem Mito nem Moro mexeram com o PCC nem com nenhuma quadrilha poderosa a nível nacional quando estiveram no poder;
6) Apesar do amor mútuo, Mito deu um chute na bunda de Moro porque ambos queriam aparelhar a Polícia Federal em benefício próprio;
7) Segundo a mídia, o delegado responsável para apuração da autofacada no Mito seria o mesmo que investigou o “plano de atentado” contra Moro;
8) Moro saiu do ostracismo parlamentar com o “plano de atentado”, em semelhança ao resultado da autofacada salvadora do/no Mito;
9) E o mais preocupante para o Brasil: se Moro morrer num suposto atentado, Mito revive com força multiplicada por mil para 2026.
10) Resumo da opereta: Moro, cuidado com Mito; Democracia, cuidado com esses dois!
HOJE NA HISTÓRIA
29 de março de 1500 – Em mais um episódio de uma das maiores histórias de nepotismo e corrupção em série, o Papa Alexandre VI concede a seu filho César Bórgia os títulos de Capitão-Geral da Igreja e Gonfaloneiro Papal.
Capitão-Geral da Igreja era o posto de comandante em chefe das forças militares do papado, e o primeiro a ocupar esse posto teria sido o Rei Carlos Magno (vivente entre 742 e 814). Gonfaloneiro Papal era um cargo honroso, uma espécie de porta-estandarte do Santo Padre.
César Bórgia (1475/1507) era o filho predileto do Papa Alexandre VI (nascido Rodrigo Bórgia e vivente entre 1431 e 1503, Papa de 1492 até sua morte), que teve um número incerto de filhos e filhas, sendo César e Lucrécia os nomes mais conhecidos – ambos nascidos de Vanozza dei Cattanei, tida como a amante predileta de Rodrigo/Alexanre.
Inspirado em César Bórgia, Maquiavel escreveu “O Príncipe”, que é uma espécie de manual da antiética para governantes.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.