Enio Lins
O mal segue encarnado no mau mito
No final do ano passado, ainda na onda de euforia pela vitória da chapa Lula & Alckmin, pulularam análises dando conta de que Jair B estaria acabado e o foco das forças democráticas deveria ser a “extrema-direita e a direita”. Avaliação pueril, infantil mesmo.
Essas teses insistiam que não se deveria mais citar o “mito morto politicamente” pois a “extrema-direita” e a “direita” já estavam de olho num nome substituto. O fujão findo, (pretensamente) imerso no esquecimento inevitável.
Nessa onda, Mourão se animou, Moro imaginou renascer, Micheque revirou os olhinhos. Em vão. O fujão segue sendo o cão do segundo livro. Ninguém como ele representa a maldade contida na alma brasileira, simples assim. Jair é Gog e Magog num gole só.
Jair e a direita mais tresloucada têm consciência que o nome catalizador da podridão nacional é o dele mesmo. Só tem um, ele. Fora o ex-capitão, para os próximos pleitos, não existem chances para essa banda podre.
Nesses dias, Dona Micheque leva lapadas familiares por conta dessa ilusão. Alçada à condição de pré-candidata a alguma coisa em 2026, entusiasmou-se e voou da gaiola de ouro em Orlando, no dia 27 de janeiro, para vir pairar sobre o solo político brasileiro.
Segundo o site 247, o PL, partido que detêm o passe da ex-primeira-dama-da-corte, foi ameaçado pelo ex-capitão, caso a vistosa senhora continuasse a “jair sendo” estimulada à pretensão eleitoral. Um megaevento da sigla foi cancelado.
Acuada, a moça dos diamantes árabes, no dia 14, bateu asas de volta para a alcândora no condomínio Encore Resort, em Orlando, onde pousou e posou para uma foto sentada no colo do marido oficial (que não disfarçou certa repugnância).
Jair não renunciará ao posto de candidato a ditador, pois é aglutinador único da ruindade nacional. Micheque foi abatida no ar pelo fogo familiar antes mesmo de ganhar altitude; Moro e Mourão ainda são teco-tecos de aeroclube.
Em resumo: descartem mudanças no vernáculo, pois o certo é jair mantendo no alvo o mesmo facínora eleito por conta de uma facada, quase reeleito esfaqueando a Democracia, e permanentemente afiando o punhal para novos golpes.
Jair prossegue como o comandante supremo da antidemocracia, da antiética, do anti-humanismo. Continua marechal-da-covardia, persiste como o principal indutor da violência no Brasil. E assim precisa ser entendido, tratado e combatido. Sem tréguas.
HOJE NA HISTÓRIA
21 de março de 1932 – Getúlio Vargas cria a Carteira de Trabalho, ou Carteira Profissional, ato que representou um enorme avanço social para o País. Naquele tempo, o regime escravocrata, que foi a marca absoluta na exploração da força de trabalho no Brasil desde o século XVI, havia sido extinta há apenas 44 anos e suas cicatrizes ainda estavam muito abertas.
Desarticulados, os trabalhadores sobreviviam expostos à própria sorte, sendo os movimentos trabalhistas reprimidos duramente. Com o golpe de 1930, uma parcela antes marginalizada das classes dominantes brasileiras chega ao poder, desbancando a antiga “política café-com-leite” que revezava oligarcas paulistas e mineiros no comando do País. As demais oligarquias que tomaram a república procuraram se modernizar e a concessão de direitos trabalhistas se baseava na experiência fascista italiana, de ceder benefícios como forma de impedir o avanço da esquerda entre as chamadas “classes laboriosas”.
Porém, mesmo com esse objetivo dominador, alguns dos avanços do período varguista – hoje chamados de “populistas” –,como a Carteira de Trabalho, foram reais, e inegavelmente positivos. Pelo menos até a instalação do fascistóide “Estado Novo”, em 1937, a direita dos anos 30 brasileira deu provas de inteligência e de habilidade política.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.