Enio Lins

Salve Jorge! Vamos nos vestir com as armas de Jorge

Enio Lins 11 de março de 2023

Neste 2023, a história de Jorge de Lima “fecha” com duas datas “redondas”, ou “de rombo” como berrariam os locutores dos bingos ao cair uma pedra com múltiplo de 10. Completam-se 13 décadas de nascimento e sete décadas de morte do magnífico poeta.

Entre 23 de abril de 1893 e 15 de novembro de 1953, viveu Jorge Matheus de Lima. Nesse intervalo de 60 anos, seis meses e 22 dias, produziu uma das melhores obras literárias contemporâneas em língua portuguesa, além de ter sido artista plástico, médico e político de grande destaque em todas essas áreas de atuação.

Jorge de Lima nasceu em União dos Palmares e morreu no Rio de Janeiro. Do solo alagoano saiu pleno como poeta, médico e cidadão, e na capital federal deslanchou, brilhou mais, mas já havia se projetado nacionalmente desde a terra natal.

Em Alagoas, além da arte, exerceu a Medicina e fez política, sendo eleito deputado estadual em 1919. Daqui, saiu antes que um desafeto aprendesse a atirar melhor, mas aqui era considerado “o príncipe dos poetas alagoanos”, quando na verdade era o rei.

Seguiu imperando nos versos, só ombreado pelo igualmente majestoso Carlos Drummond de Andrade. Esses dois nomes, obrigatoriamente, figuram em quaisquer listas sobre os melhores poetas brasileiros de todos os tempos.

No Rio, a partir de 1930, Jorge reconstruiu sua vida como artista, médico e político, publicando, dentre outros livros, sua obra-prima “Invenção de Orfeu”, em 1952. Avançou como artista plástico, montou concorrido consultório e elegeu-se vereador por mais de uma legislatura, tendo presidido a Câmara Municipal carioca.

Um dos aspectos mais importantes da obra poética de Jorge de Lima é sua capacidade de transitar com brilhantismo por estilos diversos, como o Parnasianismo, Simbolismo, Regionalismo, Modernismo, Surrealismo...

Diz a Wikipédia, citando Manual Bandeira: “a verdadeira estreia de Jorge de Lima na literatura brasileira foi com a publicação do poema ‘O mundo do Menino Impossível’, de 1925, onde rompe com as formas estabelecidas pelo parnasianismo e simbolismo, base de seu primeiro livro, ‘XIV Alexandrinos’”.

Seguindo na mesma fonte, José Lins do Rego afirmou
que, com a publicação da obra “Poemas”, em 1927, “o Nordeste teve o seu primeiro livro de poesia”, dada a caracterização “dos cangaceiros, do rio de São Francisco, de Lampião, do padre Cícero, das bonecas de pano que se vendem nas feiras, de toda a sentimentalidade tão característica de nossa gente”.

Sobre Jorge de Lima, sua vida e poesia, é possível se achar nos alfarrábios a excelente edição “Poesia Completa” da Nova Aguilar, incluso aí uma boa biografia. Encontram-se também, com mais facilidade, pelo menos três de seus cinco romances.

Em termos editoriais, a grande novidade é o livro “Jorge de Lima e Alceu de Amoroso Lima – Correspondência”, produto de trabalho minucioso do epistolar Doutor Leandro Garcia (edição Francisco Alves & EdUneal, 2022), obra lançada, em noite solene, na Academia Brasileira de Letras – a casa para a qual Jorge de Lima tentou ser eleito em cinco ocasiões, sem sucesso. Seu nome figurou como indicação (antecipada, por Artur Lunkvist) para o Nobel de Literatura a ser conferido em 1958, mas o câncer foi mais rápido.

Bom, isso posto, resumidamente, resta perguntar: o que Alagoas está preparando para marcar as passagens do 130º ano de nascimento e do 70º ano de morte do genial Jorge?

Leia mais sobre Jorge de Lima em https://www.elfikurten.com.br/2014/03/jorge-de-lima.html