Enio Lins

Bons e maus exemplos no serviço público

Enio Lins 10 de março de 2023

Com muita justiça se tem destacado a firmeza, dignidade e profissionalismo dos servidores públicos que cumpriram suas missões e impediram que alcançasse êxito a trambicagem pretendida pelo “mito” no contrabando das joias árabes.

Entre os servidores que agiram corretamente, se destaca o Delegado da Alfândega da Receita Federal do Aeroporto de Guarulhos, Mario de Marco Rodrigues de Sousa, que não se curvou às pressões do então presidente para liberar as peças contrabandeadas.

O então secretário da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, ao ser demitido pelo ressentido Jair um mês depois da apreensão, é suspeito de ter resistido – dignamente – às investidas do energúmeno presidencial e por isso perdeu o cargo.

Mario de Marco Rodrigues de Sousa e José Barroso Tostes Neto são exemplos de personalidade e atitudes coerentes com os seus postos, desempenhando (corajosamente) as tarefas para as quais prestaram concurso.

A estabilidade no emprego, condição própria do serviço público brasileiro, tem sido destacada pela mídia como elemento essencial para que gestos de integridade como esse possam acontecer. Quem não é estável fica vulnerável. Isto é verdade.

Mas não é toda verdade, se o entendimento for que a estabilidade por si só garante a atitude íntegra, altiva. Os militares que se posicionaram de forma vergonhosa nesse mesmo episódio têm estabilidade e bem mais suportes funcionais que a Receita Federal.

Militares, plenos em sua estabilidade profissional, durante todo o mandato da inservível criatura mitológica, deram um show de subserviência, desbrio e vileza, escondidos na desmoralizante frase: “um manda, outro obedece...”.

Obedece-se quando a ordem está coberta pela lei; se é contra a lei, desobedece-se. Existem exemplos disso no desgoverno do Falso Messias, quando os comandantes das três armas renunciaram, em 30 de março de 2021, por discordarem do “comandante-supremo”.

Não basta ter estabilidade
, é-se necessário dignidade, coragem, altivez. A estabilidade não inibiu um almirante, B. Albuquerque, e uma penca de outros militares servis (cujos nomes não merecem citação a não ser nos processos) a se rebaixarem à condição de xeleléus de um deletério interessado em embolsar joias que são propriedade da Nação.

Quem cumpre sua missão pode até não merecer prêmio, pois está no posto para isso (acho que mereceria). Mas quem é subserviente, capacho, servil, merece punição exemplar para que o mal da adulação não prospere.

HOJE NA HISTÓRIA

Imensa área da colônia francesa na América do Norte, a Nova França, assinalada em tom mais escuro, comprada pelos Estados Unidos em 1804

10 DE MARÇO DE 1804 – O governo dos Estados Unidos compra o território da Nova França, extenso perímetro até então colônia francesa na América do Norte, área que hoje corresponde a 23% do território estadunidense.

Segundo a Wikipedia, os americanos pagaram, em valor da época, a mixaria US$ 15 milhões pela imensa área de 2.144.476 km², o que significa US$ 6,99 por quilômetro quadrado. Essa imensidão hoje está dividida em 15 estados, sendo a Luisiana o que, aparentemente, conserva as principais lembranças do período francês, inclusive com um dialeto local derivado da língua francesa, o Cajun, falado em cidades importantes como Nova Orleans.