Enio Lins

O negócio, até Quarta-Feira de Cinzas, é a chama carnavalesca

Enio Lins 18 de fevereiro de 2023

Olha o Carnaval aqui genteee!!! Em verdade, o reinado de Momo começou há, no mínimo, uma semana – e em todo Brasil, com variações de forma de um canto para outro, mas o conteúdo é o mesmo: a pândega está instaurada desde sexta-feira que passou.

Muito já se escreveu
sobre as origens do Carnaval, filho legítimo das saturnálias, do culto a Dionísio, Baco, Pã, à pqp... trazido no formato do “Entrudo”, esbórnia lusitana de rua, aqui encontrou a cachaça como combustível apropriado.

Enfim, carnavalizemo-nos
todos, todas e todes, ou antecipemos as cinzas da quarta-feira, pois esses dias não têm como voltar a ser normais. Caso queira resistir se trancando em casa, verá os fluidos foliões se imiscuírem pelas frestas e pelos buracos das fechaduras.

Entregue os pontos,
apenas torça para que o som invasor permita que você leia algo, ou assista um filme, ou mesmo arrisque escutar alguma música distinta da trilha sonora do momento. Inútil resistir, relaxe aproveitando as brechas, ou caia na folia.

Há muito tempo
o período carnavalesco é tempo de grande movimentação econômica, com adiposos recursos carreados paras blocos, bandas, escolas de samba, trios elétricos, e o turismo – atividade que, em todo Brasil, esgota sua capacidade de recepção.

Evidentemente que
o Carnaval começa como manifestação cultural popular, mas termina como atividade econômica cada ano mais pujante, fazendo circular montanhas de dinheiro, irrigando também, com um tico, os setores mais populares.

Quem estuda esse
traço cultural dito “a cara do Brasil” encontra um carnaval de informações preciosas, e artigos de ótima qualidade caem do alto como confetes e serpentinas. Sempre é bom ler e reler, antes ou depois da folia, lógico.

O modelo de carnavalizar
foi se diversificando, como formatos de negócios e perfis artísticos/musicais, a partir da nacionalização do modo carioca de se esbaldar, nos anos 40, e depois os estilos pernambucano e baiano entraram no octógono com gosto de gás.

Os demais formatos
regionais ficaram para os livros, se é que ficaram. O Tríduo Momesco se fechou num trio de figurinos: Samba, Frevo, Axé (ou outro nome da hora, pois a criatividade baiana não fica quieta) à escolha do público.

Quando se fala em
carnaval/espetáculo, muito dinheiro evolui na avenida – sambando, fazendo o passo ou seguindo o trio elétrico – em investimentos pesados cujas fontes principais são o erário e a contravenção. O carnaval espontâneo é outra coisa.

Espontaneamente
, embora siga culturalmente os padrões da tríade carnavalesca em música, dança e figurino, o povo se resolve com o próprio bolso, em grupos de folia nas ruas ou nas casas, cujas características talvez estejam sendo menosprezadas.

Fato é que o
período se amplia em dias de farra, investimentos, opções, geração de renda e trabalho. Com seus perigos de sempre, assinale-se, pois o excesso é marca registrada deste tempo em que as fantasias vêm de dentro, irrompem com força.

Seja qual for
sua opção, incusa aí a alternativa “retiro”, ótimo Carnaval.