Enio Lins

Um bom começo, mas é necessário ir mais além contra o garimpo ilegal

Enio Lins 17 de fevereiro de 2023

Estar enxotando as milícias de garimpeiros ilegais das terras amazônicas, apesar de ser apenas uma parte, já é um grande feito. Merece aplausos e votos para que esse trabalho seja permanente e vá além das formiguinhas da pilhagem manual do ouro brasileiro.

Deve ser comparada a garimpagem ilegal ao tráfico de drogas? Sem dúvida. Qual será a ilegalidade mais nociva? Numa rápida passada d’olhos se enxergará, com facilidade, uma maior prejudicialidade no crime do garimpo fora da lei.

Ambos, a droga ilegal e o ouro ilegal, matam. Contando os índios trucidados na aurífera atividade, o número de mortos pelo ouro traficado é imensamente maior: basta somar os cadáveres Ianomamis, e existem outras etnias nessa cova rasa.

Com o uso desbragado do mercúrio no processo de garimpagem, o dano à Natureza causado por essa forma de mineração é terrível e irreversível; a devastação resultante é impressionante, e facilmente identificável nas áreas exploradas.

Além de ser numericamente maior, a quantidade de óbitos (homicídios culposos) causados pelo conjunto da obra de garimpagem ilegal é, indiscutivelmente, uma forma de genocídio, ao matar – em massa – tribos nativas nesses perímetros.

Numericamente menor, ou não, os óbitos provocados pelo tráfico de drogas não possuem outras características além do horror próprio dos assassinatos promovidos pelo crime organizado, como em qualquer lugar do mundo.

Nas imensas florestas, sequer uma contagem decente dos corpos pode ser feita, e o que se viu nestas semanas foi uma amostra da barbárie cometida contra – particularmente – comunidades identificadas como ianomamis. Mas seriam só essas?

Ao contrário das drogas, o ouro é uma riqueza sem contraindicações (a não ser ao asceticismo), cujas jazidas pertencem à Nação, conforme reza a Constituição Federal, e esse tesouro é saqueado por meia-dúzia de potentados até agora impunes.

Os garimpeiros do ouro amazônico são como os aviõezinhos do tráfico urbano de drogas, em sua esmagadora maioria, vítimas de um processo criminoso cruel. Para essas pessoas, exploradas e viventes à margem da lei, se fazem necessárias políticas sociais.

Os investidores na exploração, tráfico e comercialização ilegais do ouro são idênticos aos chefões dos cartéis da cocaína (ou outra droga): criminosos milionários, e para esses não se deve gastar ações sociais, apenas programas penitenciais.

HOJE NA HISTÓRIA



17 de fevereiro de 1600
– Giordano Bruno, com 42 anos, teólogo e polímata (craque em Matemática, Cosmologia, Filosofia, Teologia, Ocultismo, Literatura, Poesia...) é executado na fogueira, condenado pela Santa Inquisição, depois de oito anos preso por heresia.

Entre as heresias de que Giordano Bruno foi acusado estava a defesa de que “as estrelas são sóis distantes cercados por seus próprios planetas” e de que o universo seria infinito e, dessa forma não teria um centro (a Igreja defendia a Terra como centro do universo).

Além das discordâncias com as teses da igreja sobre Cosmologia, Giordano polemizava perigosamente sobre a Teologia Cristã, questionando mantras como a Condenação Eterna, Santíssima Trindade, Divindade de Cristo, Virgindade de Maria...

Italiano de Nápoles, Bruno era frade dominicano, e, depois de seu martírio, passou a ser considerado uma das referências do livre-pensamento.

É tema de belo filme, “Giordano Bruno” (1973), dirigido por Giuliano Montaldo, tendo como protagonista Gian Maria Volonté, e música de Ennio Morricone. No Youtube, pode ser assistido em https://br.video.search.yahoo.com/search/video?fr=mcafee&ei=UTF-8&p=giordano+bruno+filme+completo&type=E211BR714G0#id=1&vid=8d3645e0a3ddda67ff1f1ad9d1fd6936&action=view

Leia mais em:

https://www.bbc.com/portuguese/geral-43081130

https://www.infoescola.com/filosofos/giordano-bruno/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Giordano_Bruno