Enio Lins

Água mole em pedra dura: a história diz que um dia fura

Enio Lins 04 de fevereiro de 2023

Para dizer que não falei (novamente) das flores, como caminhou e cantou Vandré: “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Assim, sem esperar acontecer, retorno à ladainha de que essa é a hora dos museus alagoanos, quase todos à mingua.

Museus são tudo
, menos depósitos de velharias. São conhecimento, cultura, ensinamento. São entretenimento, lazer, diversão. São locais de pesquisas para gente ocupada em descobrir o sentido das coisas. São locais para gente desocupada passear como quem não quer nada.

Há muito tempo
, em todo mundo, museus são polos de atração. Para turistas vindos de longe e/ou de perto. Simultaneamente, são extensão das salas de aula para estudantes da própria comunidade – e em todos os níveis, do elementar às pós-graduações.

Considerado o primeiro
museu (moderno), o Ashmolean foi criado em 1683, na Inglaterra, e funciona até hoje, atualmente como instituição da Universidade de Oxford, na cidade homônima. Muito bem de saúde, completará 340 anos em 6 de junho.

Pretensamente fleugmático
, o Museu Britânico, fundado em 1753, é a maravilha do mundo em termos museológicos. E nunca se preocupou com badalações ao longo de seus 270 anos. O principal das histórias da civilização está exposto ali.

Mais jovem, o Hermitage
foi concebido como museu-palácio pela Czarina Catarina II, em 1764, no coração da Rússia, São Petesburgo, cidade que já se chamou Petrogrado e Leningrado. Funciona maravilhosamente aos 259 anos e conta com 3 milhões de peças.

Já o mais badalado
museu do mundo, o Louvre, iniciou seus trabalhos há apenas 230 anos, em 1793. Mas quem visita Paris, meca do turismo de massa no mundo, dificilmente evitará de deixar vários euros na bilheteria da pensão de Mona Lisa.

Todos esses exemplos
, e mais todos os demais mundo afora, são produtos de verbas públicas, inclusive os dos Estados Unidos tidos como empreendimentos privados, pois o erário ianque comparece ali na forma permutas tributárias.

Voltemos para o nosso
cenário museológico. Temos, pelo menos, três maravilhosas coleções privadas em busca de um endereço adequado: Pierre Chalita, Claudevan Melo e Tânia Pedrosa. Por que não reunir esses três tesouros num Museu do Estado de Alagoas?

Alô Paulo Dantas? Alô Marcelo Victor?
Governo do Estado & Assembleia Legislativa, que nunca estivaram tão siameses, poderiam tratar disso a partir do próximo Orçamento. Lugar para abrigar isso tudo? Temos vários disponíveis. Cito um como exemplo.

Com a vantagem
de envolver a Universidade Federal de Alagoas, o imponente complexo da antiga Faculdade de Medicina poderia ser redirecionado para esta finalidade cidadã. Fico por aqui, por enquanto, com essas ideias jogadas ao vento.

Enquanto isso
, visitem essas maravilhosas versões digitais:

https://www.ashmolean.org/

https://www.britishmuseum.org/

https://hermitagemuseum.org/wps/portal/hermitage/?lng=pt

https://museudolouvre.com.br/


Fachada da antiga Faculdade de Medicina de Alagoas

Perspectiva aérea (desenho digital Relu) do complexo da antiga faculdade, que antes foi quartel
Fachada do histórico Instituto Estácio de Lima, prédio integrante do complexo e que é história pura