Enio Lins

Oh, Glória!

Enio Lins 03 de fevereiro de 2023

Glória Maria saiu do vídeo para entrar na História. Viverá eternamente como a primeira mulher negra a conquistar e manter espaços de grande destaque no principal meio de comunicação de massas em seu tempo, a televisão.

Jornalista dedicada
e brilhante, se destacou por suas matérias focadas, perguntas inteligentes e por sua alta capacidade de expressão e comunicação. Interagia fácil com quem entrevistasse e com quem a assistisse.

Gloriosa em conteúdo
e forma, se me permitem declarar. E teria extrapolado em beleza se perseverasse o cabelo afro, em minha modesta opinião de fã dos pêlos crespos (perdoem, novamente, esse circunflexo ilegal). Mas ninguém é perfeita.

Sua presença negra
, retinta, na tela da Globo, nos anos 70, deve ser salientada como um ponto fora da curva, num tempo em que a mulher preta só aparecia na TV representando papéis de empregadas domésticas e/ou escravas.

Glória quebrou
estereótipos sem nunca ter sido do tipo militante de carteirinha. Se impôs por seu talento, arrobando com um magnífico sorriso um monte de portas até então travadas à população afrodescendente brasileira. Na moral.

Cobriu todas as áreas
do jornalismo, da cultura à política, passando pela radioescuta policial, do esporte à ciência. Destacou-se em reportagens internacionais, virou uma das caras do Fantástico nos melhores tempos da atração dominical.

Confirma o Globo.com
que ela “apresentou o Fantástico de 1998 a 2007” e foi “a primeira repórter a entrar ao vivo e a cores no Jornal Nacional, mostrou mais de 100 países em suas reportagens e protagonizou momentos históricos”.

Sua antológica cobertura
ao então presidente eleito Tancredo Neves foi tão marcante que na onda de boatos e especulações sobre a doença e morte do líder mineiro, seu nome foi envolvido como “testemunha” de atentados mil.

A indústria de boatos
dos anos 80 inventou até um tiro nela, “atingida de raspão (na perna) pela bala que acertou Tancredo” enquanto o mandatário assistia uma missa na Catedral de Brasília. O fato é que a jornalista acompanhava pari passu o presidente.

Menina, que perda
sua partida! Melhor escrevendo, que ganho fantástico foi sua chegada iluminada, presença marcante – durante meio século – no jornalismo brasileiro.


Leia mais sobre
Glória Maria em

https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2023/02/02/gloria-maria-morre-no-rio.ghtml

https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2023/02/02/pioneira-gloria-maria-mulher-negra.ghtml?utm_source=push&utm_medium=web&utm_campaign=pushwebg1

https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2023/02/02/gloria-maria-veja-melhores-momentos-da-jornalista.ghtml?utm_source=push&utm_medium=web&utm_campaign=pushwebg1


HOJE NA HISTÓRIA


3 de fevereiro de 1488
– Bartolomeu Dias alcança a Baía de Missei, depois de fazer a curva no até então invencível Cabo das Tormentas, e se torna o primeiro navegador europeu a vencer esse trajeto, estabelecendo, finalmente, um caminho marítimo para o continente indiano.

Depois desse feito, o nome da extremidade austral da África passou a ser conhecido como Cabo da Boa Esperança. Até o feito de Bartolomeu Dias, nenhuma embarcação europeia ousava desafiar o Mar Tenebroso no Cabo das Tormentas, pois era morte certa.

Tendo sobrevivido ao mais temível trecho de oceano, Bartolomeu fez parte das esquadras de Vasco da Gama, em 1497, e de Pedro Álvares Cabral – e com este fidalgo foi o principal navegador no comboio que descobriu o Brasil, sendo mencionado com elogios na carta de Pero Vaz de Caminha. No caminho de volta, entretanto, no dia 29 de maio de 1500, sua embarcação naufragou, o levando junto.