Enio Lins
Um mês danadamente agitado
Enfim findou janeiro. Mês agitado danado! Valeu por muito mais de 31 dias, e já é mais importante que os quatro anos bolsonaristas, juntos, em todos os sentidos. É certo que o quadriênio mitológico foi um total fracasso, mas não pode deixar de ser usado como termo para comparação.
O primeiro grande feito, a maior marca positiva, do hoje concluso janeiro 2023, é a consolidação da Democracia, com a derrota da insurgência fascista/bolsonarista, movimento que teve seu auge com o Domingo Terrorista.
O ato de terror e vandalismo em 8 de janeiro de 2023 mostrou a bunda suja do bolsonarismo. Fedeu feio. Jogado na privada, o tolete ideológico do Jair rodopia e resiste à descarga, até porque o líder supremo fugiu antes da m virar boné.
Nesses 31 dias, a presidência da República reuniu-se com os governadores dos Estados e com os demais poderes constituídos, devolvendo o diálogo democrático no mais alto nível ao País e afastando a lembrança das escatológicas reuniões do passado mitológico.
Outro momento histórico neste mês findo foi a retomada das responsabilidades governamentais para com a vida e saúde das populações originárias, com o salvamento de parte da população Yanomami vitimada pela política genocida do mito.
Este primeiro mês foi o tempo de início da reconstrução do Brasil, inclusive no tocante ao destruído pela bagunça de 8 de janeiro, e os ministérios e órgãos federais voltaram a ter gente séria e competente nos cargos de confiança.
Janeiro foi o mês em que a parte sã das Forças Armadas reassumiu o controle, recusando o manietamento desmoralizante do bolsonarismo – corrente podre que precisa ser tratada “manu militari”, pois segue traiçoeira entre quem usa farda.
Neste janeiro, o “grand monde” das finanças globalizadas confirmou, via Davos, que o Brasil volta a trilhar um caminho sério, responsável e sustentável, num rumo alinhado com o mundo econômico civilizado.
Foram dias em que a máquina de mentiras do Jair moeu desesperadamente, loucamente, tentando semear confusão e desinformação, mas só alcançando os ouvidos viciados do gado, que muge e tuge ruminando suas iniquidades.
Que janeiro, hein? Grandes desafios, enormes provocações e gigantescas vitórias para a Democracia. Mas é só o começo: Mãos à obra! Não será nada fácil a reconstrução do Brasil depois de quatro anos sob as patas do Jair.
Hoje na história
31 de janeiro de 1956 – Juscelino Kubitscheck toma posse como presidente do Brasil, depois de várias tentativas de golpes. João Belchior Marques Goulart, eleito como vice-presidente da República, igualmente foi empossado. A extrema-direita e a direita civil, com apoio de parte dos militares não queriam reconhecer a vitória de JK (e JG) nas urnas, tentaram de toda forma impedir que o mineiro e o gaúcho fossem empossados.
Os golpistas estavam ouriçados desde que o suicídio de Vargas cortara o barato deles (como se dizia antanho) em 1954. Em seguida, essa súcia perdeu (no voto) a eleição presidencial de 1955 e tentou invalidar o resultado das urnas. Mas, em 11 de novembro, o então general Lott (depois marechal) colocou suas tropas na rua e garantiu a Constituição na marra. A tensão, entretanto, era enorme. E gigantescas expectativas sobre novas tentativas de golpe de direita pairavam sobre a posse de Kubitscheck e Jango.
Em 1956, o dia 31 de janeiro caiu numa terça-feira. Sob o sol do verão carioca, numa festa popular, Juscelino Kubitscheck de Oliveira e João Goulart tomavam posse para um dos governos mais notáveis em toda história do Brasil.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.