Enio Lins
Segundo domingo do ano: primeiro dia de festas no Rio São Francisco
O segundo domingo de janeiro expõe, em Alagoas, duas festas religiosas das mais importantes do calendário turístico/cultural nacional. Por sua tradição, beleza e participação popular, as procissões fluviais de Bom Jesus dos Navegantes têm nos municípios de Penedo e Pão de Açúcar suas mais luminosas expressões em toda Região.
Existem outras procissões do Bom Jesus dos Navegantes. Em Maceió, inclusive. Temos outras manifestações religiosas sobre as águas, como a procissão de São Pedro, padroeiro dos pescadores – esta, inclusive, com antiga versão lacustre, sendo a mais conhecida a que flutua pela Lagoa Mundaú, em 29 de junho, beirando as margens deodorenses.
Existe também a grande celebração para Iemanjá, manifestação da religiosidade afro-brasileira mais longeva e concorrida em território alagoano, realizada no dia 8 de dezembro, em Maceió, sincreticamente alinhada com Nossa Senhora da Conceição, sem participação de barcos a não ser das miniaturas que levam as oferendas à Rainha do Mar.
As procissões fluviais em Penedo e Pão de Açúcar, integradas por embarcações de todo tipo que singram o Rio São Francisco, são espetáculos de brilho próprio. Duas faces da mesma beleza cênica e de emoção contagiante. Pena que se tenha de optar: ou uma ou outra, ambas são no mesmo dia e distantes entre si 112 km em linha reta (138 km de asfalto). Optar é preciso, navegar (no dia de Bom Jesus) é preciso.
Um bom planejamento proporciona tranquilas condições de agendar um ano numa outro ano noutra, prestigiando as duas cidades ribeirinhas sem estresse. Mas agendar hospedagem com antecedência é indispensável, pois a cada procissão as vagas são rapidamente preenchidas.
Em Pão de Açúcar, um detalhe a considerar é que o polo turístico municipal está localizado na Ilha do Ferro, povoado que é uma atração à parte, por sua condição de endereço do melhor do artesanato nordestino. A maior quantidade de leitos na área está ali, mas quase sempre topada, pois a comunidade virou referência nacional.
Penedo, como sempre, mantêm no perímetro do Centro Histórico uma boa rede de recepção, onde fulgura o majestoso Hotel São Francisco, além de um conjunto de pousadas. A Pérola do São Francisco, como bem foi definida, mantêm em alta seu patrimônio arquitetônico, com centros de visitação de alto nível como a Casa do Penedo e o Museu da Fundação Raimundo Marinho.
Navegue – em Penedo ou em Pão de Açúcar – no segundo domingo do ano. É espetáculo de primeira!
RECOMENDAÇÃO
“O Velho Graça”, escrita por Dênis de Moraes, é a melhor biografia de Graciliano Ramos que você pode encontrar por aí. Jornalista e historiador, Dênis fez longa pesquisa, percorreu Alagoas repisando os pontos onde Graciliano pisou, leu o que foi escrito sobre o escritor de Vidas Secas e, em 1992, no centenário do nascimento do autor de “Memória do Cárcere”, a obra veio à luz. 20 anos depois, nasceu uma segunda edição – com acréscimos.
Carlos Nelson Coutinho (1943/2012), no prefácio da primeira edição, diz: “Graciliano Ramos teve de esperar a comemoração de seu centenário para ser objeto de uma ampla e exaustiva biografia”, salientando a existência de uma “importante (e, em alguns casos, excelente) literatura crítica sobre sua obra criativa”, mas “só agora temos ocasião de ler uma biografia de conjunto”, e garante que “depois de ler o trabalho de Dênis de Moraes, podemos dizer sem hesitações: valeu a pena esperar”.
Se você já não leu, não vale a pena esperar mais, leia-a. Se lida, leia novamente – vale a pena.
“O Velho Graça – Uma biografia de Graciliano Ramos” pode ser encontrada nas duas edições sem maiores dificuldades. Zerada, está disponível no site amazon.com.br por meros R$ 40,41. No sebo eletrônico estantevirtual.com.br, edições usadas e em ótimo estado podem ser resgatadas a partir de modestos R$ 14,80.
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Livros encontrados sobre O Velho Graça – Uma biografia de Graciliano Ramos | Estante Virtual
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.