Enio Lins
UM PESCADOR, POETA E ECOLOGISTA DA RIBEIRA DO SÃO FRANCISCO
Seu Toinho Pescador se foi na quinta-feira, dia da estreia da seleção brasileira na Copa do Qatar. Seu Toinho foi um craque, mesmo sem jogar bola, mas disputou e venceu partidas duras durante toda a vida. Vida longa e de muitas lutas. Faltaram apenas 18 dias para o poeta/pescador completar 81 anos.
Seu Toinho Poeta, não teve muito tempo de escola, mas sabia das coisas e se expressava com brilhantismo, inclusive em versos. Se orgulhava de sua poesia, recitava sempre que podia e nela rimava suas crenças, suas bandeiras, seus protestos; versejava sobre a Natureza, e o Rio São Francisco era foco recorrente.
Antônio Gomes dos Santos nasceu em “12 de dezembro de 1931, na casa de número 113, na Rua do Arame, bairro Barro Vermelho, cidade de Penedo, situada à margem esquerda do Rio São Francisco”. Assim a professora e pesquisadora Maria de Fátima Pereira de Sá inicia o livro “Toinho Pescador, um poeta de Penedo”, obra com 312 páginas, onde estão registrados o pensar, os poemas, as histórias do protagonista – que também é autor da publicação.
Geraldo de Majella, historiador e militante canhoto de grande sensibilidade para com as raízes alagoanas, especialmente atento às camadas populares, escreveu o prefácio da obra, onde diz: “O encontro entre a acadêmica [Fátima de Sá] e o pescador é fruto da necessidade de aproximação do teórico com o mundo real” e destaca que o livro é “uma grande lição de vida e amor ao ser humano e à natureza”.
Formado pelo trabalho rústico da pesca artesanal, Seu Toinho não temeu as barreiras, lutou. E amou o ser humano e à natureza. Contou com a ajuda do trabalho de conscientização política da igreja católica para operar com sucesso o salto do pescador instintivo para o pescador em si, agente consciente das causas sociais. Tornou-se referência estadual da luta dos pescadores e da luta ecológica para além do Penedo. Ganhou o mundo, fez palestras no exterior, deixou gravados muitos depoimentos sobre o Rio São Francisco e sua gente trabalhadora. Formou gerações. Uma de suas filhas, Inês, funcionou, desde cedo, como a ponta-de-lança da família e da comunidade ribeirinha, atuando em Maceió e em Brasília, dando suporte nas demandas junto às forças políticas e organizações ambientais. Bela Inês partiu cedo por conta de um câncer diagnosticado tarde, e o resto da prole de Seu Toinho e Dona Luzinete dividiu as tarefas – e a luta não parou. Nem vai parar agora. Viva seu Toinho!
NOTAS
# Funcionaram bem, até onde se viu, os locais com telões para acompanhamento do jogo de estreia da seleção brasileira.
# Em Marechal Deodoro, as áreas do Centro Histórico e do Francês ficaram entupidas de gente para ver a vitória da seleção. Em paz.
# Com os pontos turísticos de Alagoas fervilhando de gente, é bom momento para se lembrar de usar máscaras novamente, pois o Covid está ameaçando voltar.
# Melhor prevenir, a história recente provou isso. Além da vacinação, a máscara é um importante meio de defesa. Não custa nada usar.
RECOMENDAÇÃO
ASSASSINATO POR MORTE – Para quem gosta de comédias, essa é uma das mais inteligentes na Sétima Arte. Produzido em 1976, o filme tem um elenco estelar (pena que muita gente do século 21 não conhece parte essa trupe), com – entre outras figuras carimbadas – Peter Sellers, David Niven, Alec Guiness, Ellen Brennam, Nancy Walker, James Coco... e, uma preciosidade: Truman Capote. Sim, o maior nome do jornalismo literário, que, décadas depois, seria enredo de um filme biográfico, Capote, rodado em 2005, com Philip Seymour Hoffman no papel-título. Voltemos ao “Assassinato por morte: É uma homenagem ao gênero romance de detetives, trazendo para a tela alguns dos mais notáveis personagens das histórias policiais, como o chinês Charlie Chan, criado em 1923 por Earl Biggers; o casal Nick e Nora, invenção de Dashiell Hammett em 1934; o belga Hecule Poirot, concebido por Agatha Christie em 1920. O roteiro rende seu tributo a um arranjo típico de Agatha Christie: a reunião em ambiente isolado de várias pessoas em torno de um crime misterioso. Mais, só assistindo. Olhando aqui onde se pode ver essa obra, só encontrei chance na Apple TV, a um módico custo de R$ 11,90.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.