Enio Lins
UMA DECISÃO JUDICIAL HISTÓRICA
“A total má-fé da requerente em seu esdrúxulo e ilícito pedido, ostensivamente atentatório ao Estado Democrático de Direito e realizado de maneira inconsequente com a finalidade de incentivar movimentos criminosos e antidemocráticos que, inclusive, com graves ameaças e violência vem obstruindo diversas rodovias e vias públicas em todo o Brasil, ficou comprovada, tanto pela negativa em aditar-se a petição inicial, quanto pela total ausência de quaisquer indícios de irregularidades e a existência de uma narrativa totalmente fraudulenta dos fatos” – esse é um trecho da decisão do Presidente do TSE sobre a tentativa de golpe jurídico movida pelo partido do futuro ex-presidente da República.
Essa decisão passa a ser um bem precioso do patrimônio histórico do Estado do Direito Democrático brasileiro. Medida adequada, exemplar, direta, contra a onda de golpismo e cinismo, verdadeiro tsunami de vagabundagens e iniciativas antidemocráticas que varre o Brasil especialmente desde que o atual presidente perdeu as eleições de 2022.
Relatório patético o apresentado pelo presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, com o objetivo de anular urnas, no segundo turno, nas quais seu mito perdeu as eleições. A patacoada procurou isolar do pedido de anulação as urnas “favoráveis”, e – a pérola da picaretagem – deixou de fora as mesmas urnas usadas no primeiro turno, etapa na qual o PL e siglas aliadas de Jair B elegeram seus nomes para o Congresso. Gesto tosco e ridículo, mas articulado com a movimentação golpista que cerca os quartéis e bloqueiam estradas.
Essas articulações golpistas, todas, se apoiam num sepulcral silêncio público do futuro ex-presidente, que costura silente e febrilmente a subversão desde que foi inapelavelmente derrotado nas urnas. Para o general Santos Cruz, ex-ministro da secretaria de governo de Jair B, a postura do ex-capitão é “negócio de covarde”, do tipo “esperar que o circo pegue fogo para ver como pode ser beneficiar”. Na verdade, o mofino do Planalto não esperou que a lona pegasse fogo, mas nos bastidores, se fazendo de morto, acendeu vários focos de incêndio através de seus cúmplices, todos criminosos, via as redes sociais.
A covardia é a principal característica de Jair B. Nesse caso, o tremebundo se escondeu sob o paletó de Valdemar da Costa Neto – colecionador de condenações judiciais – para a mais atabalhoada das tentativas de golpe. Teve a devida resposta. Mas não se emendará e, solerte, tentará novamente desrespeitar a Lei e o resultado das eleições.
NOTAS
# 25 de novembro é a data reconhecida pela ONU como o Dia Internacional para a eliminação da violência contra as mulheres.
# Confirmada para hoje, no Pilar, palestra da Professora Valeska Zanello, que lança seu novo livro “A prateleira do amor” em debate sobre a questão feminina.
# Valeska Zanello prestigia a abertura do I Encontro de Mulheres de Alagoas, em ato realizado na cidade do Pilar, promovido pelo Levante Feminista de Alagoas.
# Fátima Resende e Renato Resende, mãe e filho, ela deputada estadual e ele prefeito do Pilar, estão na linha de frente do apoio ao I EMA.
HOJE NA HISTÓRIA
25 DE NOVEMBRO DE 1952 – Estreia em Londres a peça “A Ratoeira” (The Mousetrap), de Agatha Christie, considerada a peça em cartaz por mais tempo no mundo ocidental. Desde os anos 70 é encenada num mesmo local, o St.Martin’s Theatre, de domingo a domingo, com folgas às quartas-feiras (pelo que entendi no site deles), e o ingresso custa £ 19,52. A peça começou mesmo como radioteatro, transmitida pela BBC a partir de 1947. Depois, a autora a adaptou para o teatro, e antes da estreia londrina, passou em turnê por várias cidades inglesas começando por Nottingham. Agatha Christie fez várias exigências: o texto não pode ser publicado enquanto a peça estiver em cartaz no West End (bairro londrino onde está sendo encenada desde então); fora de West End, só pode ser encenada uma vez por ano; nenhum filme pode ser rodado até seis meses depois da peça encerrar suas apresentações. Uma dessas recomendações não tem sido seguida fora do Reino Unido e o espetáculo já foi montado em pelo menos 44 países, inclusive no Brasil. Mas a marca britânica segue impávida nas terras da autora, com suas exigências preservadas em 70 anos de apresentações completados hoje. Mais informações em www.estadao.com.br/alias/a-peca-de-mais-tempo-em-cartaz-no-mundo, ou na Wikipédia, no verbete The Mousetrap.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.