Enio Lins
O DESGOVERNO FEDERAL AINDA NÃO ACABOU
Excitante, o debate sobre as eleições recentes termina empurrando para plano inferior temas extremamente importantes em nossa vida. É o caso das questões do governo federal ainda exercido segundo modelito implantado em 2019.
Não podemos nos esquecer que o Brasil, independente das arruaças promovidas pela direita desvairada no pós-eleição, segue desgovernado até 31 de dezembro deste ano. E o Covid19, por exemplo, está dando novamente o ar de sua desgraça.
Detectada em São Paulo, a Subvariante BQ1 matou uma mulher há dois dias. E a Rt (taxa de retransmissão) voltou a crescer, depois de estabilizada durante muito tempo, e atingiu o nível 1, quando um doente contamina mais de uma pessoa.
As aglomerações voltaram a ser normais, assim como as máscaras foram aposentadas, a procura pelas vacinas diminuiu drasticamente. E o ministério da Saúde segue fazendo cara de paisagem, talvez seguindo a grotesca tese da “imunidade de rebanho”.
Não se esqueçam que o desgoverno federal abjurou as vacinas até que o governador de São Paulo, João Dória, saiu na frente e garantiu a Coronavac, vacinando por conta própria a primeira pessoa no Brasil em 17 de janeiro de 2021.
Apenas depois que João Dória aplicou a dose pioneira na enfermeira Mônica Calazans, foi que – a contragosto – o desgoverno federal engatinhou com a vacinação no resto do País. Em janeiro de 2021 o Brasil contabilizava 220 mil mortes pelo Covid19.
Em 12 de março de 2020 foi registrada a primeira morte por Covid19 no Brasil, em São Paulo, uma mulher. Essa história não pode se repetir. O ministério da Saúde precisa ser cobrado, com firmeza, para a adoção de medidas em âmbito nacional.
Será que o Brasil terá de ser socorrido pelo STF também nesse caso? Sem pressão forte, a defesa da vida não anda, afinal a morte alheia é o objeto de desejo de quem foi “treinado para matar” e essa concepção segue no poder até o réveillon.
Contaminado por fake news em fúria sobre o resultado da eleição presidencial, com o noticiário atraído para os circos montados às portas dos quartéis e nas rodovias, questões reais de vida ou morte estão sendo negligenciadas.
Não acabou ainda o desgoverno iniciado em 2019! Ninguém pode esquecer disso, pois os prejuízos do Brasil tendem a explodir nesses últimos dias do poder miliciano, e a saúde, a vida, voltam a correr grandes riscos. Toda atenção é pouca.
NOTAS
# Alertado por Mirna Porto sobre o uso do termo “cadela”, me penitencio. No mínimo deveria ter contextualizado mais e melhor a citação de Brecht.
# Cíntia e Cármen também muito me chamam a atenção sobre a necessidade de abandonar termos que possam lembrar discriminações de quaisquer tipos.
# As cadelas não merecem ser comparadas aos fascistas, nenhum animal merece, e a condição feminina nunca poderia ser utilizada num exemplo desses.
# Agora, que o neofascismo, a extrema-direita, no Brasil, está em transtorno sexual, histérico, tipo disfunção orgástica grave – ah, isso é verdade. Freud explica.
HOJE NA HISTÓRIA
10 DE NOVEMBRO DE 1891 – Morre Arthur Rimbaud, poeta francês que mexeu com o mundo literário ocidental e jovem que abalou a Europa com seu comportamento libertino ao lado de seu parceiro, também poeta, Paul Verlaine (1844/1896). Antes de um câncer o vencer aos 37 anos, ele viveu de forma fora do comum, quer seja como poeta precoce e genial, seja como doidivanas com direito a receber tiros (felizmente não mortais) em brigas de amor, e – chocando sempre – finalizando sua existência como mercador/contrabandista itinerante por três continentes, inclusive negociando armas em seu portfólio de produtos. Mais sobre Jean Nicolas Arthur Rimbaud, na rede: Biografia de Arthur Rimbaud - eBiografia, Arthur Rimbaud: quem foi, obras principais e estilo literário (suapesquisa.com) e no verbete dele na Wikipédia.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.