Enio Lins
LIÇÕES DE ALAGOAS
Paulo Dantas & Ronaldo Lessa, ao vencerem a eleição, deram uma importante demonstração de resistência democrática ao golpismo na disputa pelo governo alagoano. O vazamento e a manipulação escancarada de dados que deveriam estar restritos aos respectivos processos judiciais comprovam uma utilização sem precedentes de métodos antiéticos por agentes públicos que têm a obrigação de manterem-se distantes das questões políticas-partidárias. Ao superar esse obstáculo de forma conjunta, provaram que, com confiança na Lei, firmeza e unidade, todo golpismo pode ser enfrentado.
Paulo Dantas & José Wanderlei, ao se posicionarem corretamente no cumprimento das decisões judiciais, com aquele acatando a decisão de afastamento do governo e este assumindo o posto, na condição de vice-governador, sem qualquer vezo de se aproveitar da situação, deram uma aula de cidadania, de respeito à Justiça. Alagoas não sofreu solução de continuidade na condução governamental quando do afastamento do titular do Palácio República dos Palmares, provando que em se cumprindo a Lei, não se tem prejuízo.
Esses posicionamentos do governador de Alagoas são ainda mais importantes e esclarecedores de como se comportar no Estado Democrático de Direito. É óbvio e ululante, como diria Nelson Rodrigues, mas não tem sido prática comum no Brasil de nossos dias. Basta ver os tiros e as granadas do ex-deputado Roberto Jefferson contra a Polícia Federal, ou a deputada paulista que, de arma em punho, rua acima, rua abaixo, perseguiu um homem (negro) porque se sentiu provocada por ele e, depois, declarou que estava usando a pistola como forma de afrontar a portaria do TSE que proibia uso de armas 24 horas antes da eleição. Ou ainda o caso da Polícia Rodoviária Federal, acusada de dificultar o trânsito de veículos com eleitores em desrespeito ao determinado pela Justiça Eleitoral.
Enfim, finda a batalha pelo voto, é hora de continuar o trabalho e seguir construindo uma Alagoas nova, indo mais adiante com as obras de infraestrutura e estrutura, realizando os concursos, garantido o funcionamento dos muitos hospitais e postos de saúde construídos nos últimos oito anos, seguir avançando na Educação, na Segurança Pública... Hora de desarmar os palanques e ajustar metas e prazos para o próximo quadriênio, afinal como se trata de reeleição, não há porque esperar primeiro de janeiro chegar. 2023 pode começar já.
NOTAS
# A Polícia Rodoviária Federal, tão zelosa para segurar os ônibus com eleitores, repetiu a eficiência para liberar as estradas bloqueadas pelos caminhoneiros bolsominions?
# Caminhoneiros golpistas, ao fazerem seus bloqueios contra resultados das urnas, não economizaram nas falas antidemocráticas.
# Até esta coluna ser fechada, na tarde de segunda-feira, não havia vestígios de fala do presidente não-reeleito. Que demora...
# Até à tarde de ontem ecoavam as repercussões positivas do discurso de estadista feito por Lula quando da confirmação de sua vitória nas urnas.
HOJE NA HISTÓRIA
1º de novembro de 1755 – Terremoto de Lisboa, seguido por um maremoto com ondas que se estimam de seis a 20 metros. A maioria dos imóveis da capital lusitana foi destruída e vieram abaixo monumentos como o Teatro da Ópera, além da maioria das casas residenciais e igrejas. Os incêndios se multiplicaram depois dos desabamentos e das enchentes que se sucederam a partir das 9:30 do Dia de Todos os Santos. Não se sabe ao certo quantas milhares de pessoas morreram em decorrência dessa catástrofe (estimam-se entre 10 mil e 30 mil), mas o cataclisma afetou econômica e culturalmente boa parte da Europa, sendo considerada a ocorrência que fez surgir a sismologia moderna. Diz a Wikipédia: “O acontecimento foi largamente discutido pelos filósofos iluministas, como Voltaire, inspirando desenvolvimentos significativos no domínio da Teodiceia [tese, baseada no filósofo Leibniz, que defende a existência de Deus a partir da existência do Mal] e da Filosofia do Sublime [para Kant, o Sublime é um mix de prazer e dor frente a algo de grande magnitude]”. Mais sobre o tema: https://www.iag.usp.br/geofisica/sites/default/files/terremoto_lisboa_prof_Igor.pdf
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62453669
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.