Enio Lins
RESISTÊNCIA, SANGUE, SUOR E LÁGRIMAS
Nunca tantos deveram tanto a tão poucos – parafraseando Sir Winston Churchill –, deve-se dizer em relação ao que o Brasil passa a dever ao Poder Judiciário. São essas criaturas togadas as heroínas e os heróis da Cidadania nessa quadra de lutas contra o obscurantismo, contra o autoritarismo, contra a corrupção, contra o negacionismo, contra a banalização da violência, contra a calúnia & difamação, contra o voto de cabresto, contra a covardia.
O Judiciário brasileiro tem lutado sozinho, enquanto poder constituído, para garantir o exercício e a sobrevivência do Estado de Direito Democrático. O poder executivo, totalmente envolvido com falcatruas e golpismo, precisa ser grafado com minúsculas desde que Jair se apossou dele. O Poder Legislativo, campo onde a cidadania trava uma valorosa guerra de resistência, virou um anexo do Planalto e ampliou, em 2022, sua maioria vinculada à prática de obscenidades orçamentárias (nada secretas).
É um poder perfeito o Judiciário? Não, nem aqui nem em nenhum lugar do mundo. Mas neste Brasil contagiado pelo vírus miliciano/fascista, esse Poder tem jogado – com louvor – o papel de Salvador da Pátria. A reação armada do bolsonarista Bob Jefferson à Polícia Federal desnudou o sentimento terrorista que empolga metade do eleitorado brasileiro, para quem “bandido bom é bandido bolsominion”. Nesse caso a polícia é quem leva tiro, e muitos nesse círculo aplaudiram, justificando que o meliante estaria “reagindo a uma ordem judicial injusta, etc.” É o resultado de tríplice idolatria: às armas, ao mito, ao autoritarismo.
No próximo domingo, a onda obscurantista poderá ser detida no nível da presidência da República. Importantíssimo. A derrota do mito da faixa garantirá um mínimo de segurança institucional, evitando o isolamento do Judiciário em sua luta contra o golpismo. O atentado contra Polícia Federal tentou passar a mensagem de que os tiros e as granadas seriam destinados, via PF, à Justiça. Como não funcionou, tentaram minar o TSE com um agente infiltrado (no caso das rádios), que também fracassou. No aperreio, tentarão mais.
Independentemente do resultado das urnas neste domingo, o povo brasileiro deve prestar seu tributo ao Poder Judiciário, deve homenagear a coragem e o espírito constitucional de magistrados e magistradas como Alexandre de Morais e Carmen Lúcia, só para citar dois nomes entre os mais agredidos pelas quadrilhas mitômanas.
NOTAS
# E a/o agente federal ferida no atentado terrorista-bolsonarista de Bob Jefferson? Estariam sonegando notícias sobre essa vítima?
# É uma mulher, conforme anunciado? Estava grávida? Qual o estado de saúde e qual o tipo de ferimento (bala e/ou granada)?
# Parece que o serviço de proteção do mito está em pleno funcionamento, censurando na fonte essa pauta. E não é assunto secundário!
# João Amoêdo, fundador do Novo, está firme na luta pela democracia e tem mantido a candidatura de Jair B sob pancada. Parabéns!
HOJE NA HISTÓRIA
28 de outubro de 1922 – Mussolini lidera a Marcha sobre Roma, com milhares de partidários (os camisas negras), para exigir do Rei Vitor Emmanuel III sua própria nomeação como primeiro-ministro. Benito Mussolini era um ex-socialista que passou a combater o socialismo, o comunismo e a democracia, apoiando-se no nacionalismo, em ideias religiosas conservadoras e no militarismo. Os setores democratas não reagiram, e o “Duce” ganhou no grito, em seguida instituindo uma ditadura que inspiraria Hitler {www.historiadomundo.com.br}. Depois, em parceria com a Alemanha e o Japão, provocou a II Grande Guerra Mundial, de onde a Itália saiu destroçada. O mito fascista terminou executado em 28 de abril de 1945.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.