Enio Lins
TERRORISMOS BOLSOMINIONS
O atentado do bolsonarista Bob Jefferson, de cunho terrorista, contra a Polícia Federal ocupou todo espaço de mídia nas recentes 48 horas, encobrindo outro atentado bolsonarista muito grave e que fere muito mais gente. Falo do projeto da dupla aerodinâmica Jair & Guedes, com bombas que seguem voando sobre as cabeças de, no mínimo, 30 milhões de pessoas que recebem salário-mínimo e sobre outros 36 milhões de seres que vivem de suas aposentadorias e pensões.
Divulgado pela Folha de São Paulo, o plano de Paulo Guedes procura, como disse Henrique Meirelles, passar para o povo a conta da gastança federal no esforço para a reeleição do Jair. E essa despesa seria, na largada de 2023, paga pela redução dos valores dos salários dos menos favorecidos e dos recursos de aposentados e pensionistas. É certa a análise do ex-ministro, mas é algo maior ainda, e se destina a consolidar uma política antissocial cruel e profunda.
A redução do valor real pago como salário-mínimo, aposentadorias e pensões é um sonho antigo de grupos que desejam a implantação de um tipo de livre-mercado onde conservem – e ampliem – seus privilégios de acesso ao tesouro nacional. A eliminação dos dispêndios para com quem “não merece” seria o melhor caminho para essa turma privilegiada engordar mais ainda seus próprios cofrinhos.
Sob o medo de serem escorraçados pelas urnas no dia 30, a dupla Guedes & Jair caprichou nas maldades. Racionalmente. Tentam dizer aos muito milhões de pessoas que (por conta do fracasso da política econômica do próprio governo Jair & Guedes) têm dificuldade de pagar qualquer coisa, que vão pagar menos a quem contrate pelo salário-mínimo. E sinalizam aos grupos econômicos e sociais viciados nas mamatas com dinheiro público que vai sobrar mais grana nas burras governamentais para ser distribuída entre os mesmos de sempre.
Essa dupla perversidade social está condenada a causar um terrível impacto à economia brasileira, que já anda ruim há anos e piorou com a chegada do mito à presidência da República. A redução drástica dos recursos circulantes através do pagamento do salário-mínimo e das aposentadorias & pensões é naturalmente desastrosa para o cenário econômico real, e o famoso mercado seria fortemente impactado com essa perda adicional e brutal no poder de compra de algo como 60 milhões de pessoas. Mas é o que o bolsonarismo vai fazer – se passar no teste das urnas no domingo.
NOTAS
# Corrigindo um termo usado ontem: Terrorista é o vocábulo adequado para Bob Jefferson, considerando o dito pelo pensamento conservador para quem joga bombas em representantes do Estado. Alerta do camarada Dom Pedro.
# Por falar em pensamento conservador, o bolsonarismo, atingido pelos tiros de Bob Jefferson, se dividiu em duas alas que são a mesma coisa: o mito “renegou” o amigo-irmão; o gado mugiu em defesa do terrorista bolsonarista.
# Em verdade, uma redundância cacofônica: terrorista e bolsonarista são sinônimos, pois ambos privilegiam a violência e os atentados contra adversários. Bob e Mito são duas faces de uma mesma moeda falsa, a estupidez como princípio.
HOJE NA HISTÓRIA
Venceslau Brás, presidente do Brasil, entre Nilo Peçanha e Delfim Moreira, assina a declaração de guerra contra o Império Alemão
26 de outubro de 1917 – O Brasil entra na guerra. Oficialmente neutro na I Guerra Mundial desde o início do conflito, em 1914, até porque tinha bons negócios com ambos os lados da matança, a declaração guerreira se deu depois que navios mercantes brasileiros foram afundados por submarinos alemães. Em seguida, o governo de Venceslau Brás confiscou os navios da Alemanha que estivessem em portos brasileiros, o que – segundo a Wikipédia – aumentou em 25% a frota nacional. No frigir dos ovos, nossas tropas não participaram dos combates, a não ser pela participação de um grupo de sargentos e oficiais numa missão preparatória, em 1918 (ano final da guerra), junto ao exército francês para “se inteirar das modernas técnicas de organização e combate empregadas no front ocidental”, diz a Wikipédia.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.