Enio Lins

UMA PANTOMIMA TERRORISTA

Enio Lins 25 de outubro de 2022

Corrupção, segundo o Aurélio, é “deterioração, decomposição física de algo; putrefação”, além de “desonestidade, roubo, desvio de recursos”. Jair B é sinônimo de corrupção em todos os sentidos, mas em relação ao escândalo da tentativa de assassinato levado a efeito por seu aliado Roberto Jefferson, o primeiro significado fica ainda mais forte.

Tudo o que Jair B
põe a mão, apodrece. Se putrefaz. O que quer que ele abrace, deteriora, desmoraliza-se. Tanto esforço para manipular o comando da Polícia Federal para que? Para transformá-la em polícia política e sua guarda pretoriana. E o resultado? Agentes da PF transformados em alvo no clube de tiro particular do falso messias, com um porta-voz das baixarias bolsonaristas se sentindo à vontade para meter umas 20 balas e jogar granadas (!) contra policiais federais que tentavam cumprir sua missão e reconduzi-lo à cela.

Existe algum antecedente
disso na história do Brasil? Não. Bob Jefferson estava tão seguro de sua impunidade – com alguém do andar de cima o garantindo da reação (que seria) óbvia da polícia alvejada –, que filmou a si próprio na cena do crime, fazendo proselitismo da morte, se gabando dos projéteis que endereçara à Polícia Federal e afirmando que era só o começo. Poderoso. A PF recebeu os balaços e as granadas em obsequioso silêncio, enquanto o ministro da Justiça se deslocou às pressas, de Brasília, para o cenário da tentativa de assassinato de seus colegas... para que fazer o mesmo?

Teria sido o pistoleiro Bob Jefferson uma edição 2022 do Adélio Bispo? O falso messias sempre tenta um “milagre”, como a facada salvadora em 2018. Poderia ser, igualmente, tentativa de desviar a atenção do distinto público, tirando o foco da granada que Jair & Guedes detonaram contra o salário-mínimo e/ou dos tiros de fuzil que Guedes & Jair dispararam contra as aposentadorias. Sinceramente, sei não. Acho que esses bandidos todos estão disparando a esmo, alucinados pela iminência de uma derrota no dia 30.

Estruturas de Estado
, fundamentais para a segurança da Nação e da população estão contaminadas, corrompidas pelos miasmas bosonaristas. Apodrecem. A PF virou prato feito para os apetites da familícia, e se humilha pelo mito, seja levando tiro, seja na patética cena de prisão do amiguinho Bob Jefferson, seja nas ações pirotécnicas contra políticos que não votem no Jair. E essa contaminação não se limita à PF.



NOTAS

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O cinismo de Jair B é estupefaciente: o mito agora diz que nem conhece Bob Jefferson, que nem foto tem agarrado com ele. O incrível é que o gado concorda!!

# O bolsonarista Bob Jefferson tem atuado como porta-voz pessoal de Jair B para arroubos que o carinha da faixa não tem coragem de verbalizar.

# A articulação entre Jair e Bob é tão íntima que este “entrou na Justiça” para que aquele fosse ainda mais irresponsável nas ações golpistas.

# Em 17 de setembro Bob acionou a Justiça Militar para que Jair viesse a ser “obrigado” a intervir no Senado e atacar (mais) o STF.

HOJE NA HISTÓRIA

25 de outubro de 1975 – Vladmir Herzog é torturado até a morte na prisão do II Exército, em São Paulo. Jornalista prestigiado, era diretor da TV Cultura e havia se apresentado espontaneamente para prestar esclarecimentos sobre sua ligação com o PCB. Vlado era seu nome original e havia nascido em 1937, na cidade de Osijek, então Reino da Iugoslávia, de família judia, que conseguiu fugir do país logo depois da invasão nazista. Para “justificar" o homicídio, os militares montaram um cenário de “suicídio” tão ridículo que é possível imaginar uma provocação grosseira à sociedade civil e, em especial, ao próprio general-presidente Ernesto Geisel e sua política de “distensão”, que visava desativar os grupos de terror da ditadura. O assassinato de Herzog provocou uma grande reação de repúdio contra o autoritarismo e teve enorme repercussão internacional. Um dos principais líderes dos protestos, junto com o Cardeal Paulo Evaristo Arns e o rabino Henri Sobel, foi o presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Audálio Dantas, alagoano de Tanque d’Arca. Em 2012 Audálio publicou “As duas guerras de Vlado Herzog” (Editora Civilização Brasileira, 406 páginas), a melhor biografia sobre o menino judeu que sobreviveu ao nazismo europeu, mas não conseguiu escapar do fascismo brasileiro.