Enio Lins
A CHANCE DO BRASIL E O ESTOURO DA BOIADA
Chegamos ao dia do voto, e daqui veremos para onde o Brasil irá depois de 45 meses de uma presidência da República canalha, covarde e miliciana que acumulou tantos danos morais, econômicos, estruturais e políticos que não se pode saber, de pronto, quanto tempo nosso país precisará para se recuperar.
O primeiro passo para a recuperação brasileira é a derrota do vadio que, por conta de uma facada, ocupa a presidência da República. Na conta dos prejuízos nacionais devem ser estimados rombos adicionais para o período entre o resultado e a posse do eleito. Independentemente da questão ser resolvida no dia 2 ou no dia 30, o miliciano vai procurar usufruir ao máximo das mamatas e dos esquemas que o restante do mandato pode lhe proporcionar, e a familícia bozonazi acelerará nas falcatruas, apostando no sigilo de 100 anos.
Resolver a presidência da República no primeiro turno é a questão hoje mais importante para o futuro da Nação. Não será fácil, pois o aliciamento eleitoral neste ano está turbinado pelo famigerado Orçamento Secreto de total estimado em R$ 16,5 bilhões, num potencial de corrupção como nunca dantes na história deste País. E no item corrupção é-se necessário reconhecer a competência e ousadia do atual ocupante do Planalto: Jair enriqueceu e enricou seus familiares, ao longo de quase quatro décadas como político profissional sem nunca ter sido incomodado pela Justiça, acumulando – só em imóveis – 107 aquisições, e dessas, 51 em dinheiro vivo, cédula sobre cédula.
O patriotismo e a honestidade, nestas eleições de 2022, aparecem em várias candidaturas presidenciais como Simone Tebet, Ciro Gomes, Leonardo Péricles, Lula, Soraya Thoronicke, Sofia Mazano, Vera Lúcia. Mas as noções de pátria e ética estão desaparecidas totalmente em candidatos como o miliciano Jair e o padre de quadrilha junina. O falso messias e o falso padre formaram um casal homodelinquente perfeito, amando-se com entusiasmo nos derradeiros debates pela TV. Mas o mais bizarro é que essa dupla entusiasmou o rebanho bozonazi, que foi à loucura dentro da própria bolha, e irá às ruas nas derradeiras horas antes do voto – num estouro da boiada como nos velhos filmes de faroeste – para tentar garantir a permanência de seu bandido de estimação no Planalto.
Vivemos um momento de grande risco para o Brasil: Jair é o nome desse risco, milícia é o sobrenome. O conceito miliciano, desgraçadamente, infiltrou-se na caserna e tem vencido a resistência até de militares que votaram no atual presidente, como o general Santos Cruz, exonerado, em 14 de junho de 2019, do posto de Ministro-chefe da Secretaria de Governo por discordar das práticas escusas do ex-capitão no exercício da presidência da República. Discordâncias das políticas golpistas também levaram à demissão do general Fernando Azevedo do Ministério de Defesa em 29 de março de 2021, no que foi acompanhado num protesto em solidariedade, pelos comandantes das três armas – General Edson Pujol, do Exército, Almirante Barbosa Júnior, da Marinha, e Tenente-Brigadeiro Antônio Bermudez, da Aeronáutica, que renunciaram a seus cargos no dia seguinte, 30. Essa crise militar de março de 2021 foi a maior já registrada desde o golpe de 1964, mas parece não ter vencido ainda o problema da infiltração do ideário miliciano nas Forças Armadas.
O miliciano-presidente resiste com desespero e destempero. Seu atual ministro da Defesa ataca o sistema do voto eletrônico, seguindo as ordens da familícia e afrontando à Justiça Eleitoral, expondo nessa bazófia as Forças Armadas. Jair agita, em fúria, a bandeira do golpe miliciano (convocando os militares para essa missão) e alterna o discurso entre a insistente reafirmação que não aceitará o resultado caso perca, e raras afirmações que se retirará “da vida política caso seja derrotado”. Nunca um golpe foi tão cantado.
O voto-coragem, nestas eleições de 2022, como nunca, é dramático e definirá se o Brasil reconquistará a via Democrática, ou desabará ladeira abaixo na quebrada miliciana.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.