Bartpapo com Geraldo Câmara
DIALOGANDO COM O POVO
Uma das frases mais conhecidas entre os políticos é exatamente a “estou dialogando com o povo”, o que, de um modo geral constitui-se em grande mentira ou falácia, como queiram. O fato é que nenhum político, principalmente depois de eleito dialoga. A não ser quando os interesses, normalmente pessoais estão acima de seu comportamento autocrata. Se fizermos uma verificação de quantos em campanha consultam o povo sobre suas necessidades reais e aproveitam isto no futuro, vamos chegar à conclusão que muito poucos. No entanto, deveriam porque as reivindicações populares são sempre as de maior necessidade e as que marcam na vida do executivo, aquilo que faz ou do legislativo, aquilo que pede.
Em tempos de campanha, sola de sapato gastando com enorme sacrifício, tudo é possível, todos estão dispostos a diálogos imensos, a séquitos de assessores anotando tudo, um tudo que para muitos não vale nada. Na verdade, a democracia tão falada esquece de incluir o povo a não ser pelo fato de que ele vota. Mas a que custo? Quantos estão ali comprados pela lei que os obriga porque voto é obrigatório e outros que ali estão manobrados em função da necessidade, de uma pobreza enorme que os faz vender sua vontade a preço de banana? Quantos se apresentam hoje como candidatos, sem que tenham nenhum tipo de possibilidade só para terem direito a um fundo partidário de pequeno lucro para ele e de maior para, quem sabe...deixemos isso pra lá., até porque estou apenas supondo pelas aparências no guia eleitoral.
Voltemos ao diálogo. Quantas reivindicações populares são levadas a termo após as eleições? Quantas são totalmente esquecidas? A quem o povo reclama depois? Àquele candidato que bateu à sua porta, que suou na sua rua, que gastou a voz e que agora simplesmente sumiu ou trancou-se em gabinetes intransponíveis? Fica difícil! Ah...mas ele está de volta! Ele quer o seu voto de novo para dar continuidade ao famoso “diálogo” com o povo. Um diálogo de quatro em quatro anos que em geral segue sem sucesso por mais quatro?
Esta é a sua hora e vez. Empurre-o contra a parede. Exija dele uma prestação de contas. Pergunte se ele se lembra de todas as promessas que fez, mas se ele for novo, diga a ele que faça suas promessas por escrito e registre em cartório. Diálogo quer dizer compromisso. Compromisso pela conversa realizada, pelo que pode e pelo que não pode. E compromisso tem que ser assumido principalmente em nome da verdade, a verdade que tanto desejamos de nossos dirigentes, de nossos deputados e senadores.
É claro que estou escrevendo este artigo sabendo que temos exceções, que existem políticos que exercem o mandato com a consciência aberta para o sério, para o que o povo realmente deseja e sonha. Por isso, o diálogo precisa ser muito franco com este mesmo povo que se alimenta do que lhe é prometido e se frustra com o que não lhe é concedido. Não pode existir coisa pior para um povo, principalmente aquele sofrido do que se ver frustrado por ter escolhido alguém que, depois de eleito coloca as “manguinhas” de fora, enfia os pés pelas mãos, se acha o dono do terreiro e canta de galo como se por ali sempre fosse viver. Este tipo de candidato precisa ser frustrado em suas novas intenções por não ter respeitado o diálogo, por ter se mostrado monologuista e por ter entendido que ditadura e imperialismo são coisas de um passado bastante distante.
Ainda há tempo para que candidatos do agora pensem e repensem em nossas palavras que não são nossas, mas desse povo sofrido, principalmente o mais carente, que não aguenta mais as mentiras deslavadas, as promessas não cumpridas e a empáfia de um poder que “dele emanou”.
FOTONOTAS
MARLON ROSSI – este cara não é só um humorista que nos faz rir em determinados momentos. É de bem com a vida e se sorri e nos faz também é porque tem incrustado o espírito bom dos que estão com a alma leve e o coração em festa. Marlon Rossi, eu o conheci há muitos anos é sempre essa pessoa disponível para o humor e para manter o das pessoas em alto astral onde quer que esteja. No palco dos teatros ou no palco da vida, Marlon exerce um importante fascínio sobre quem o assiste e consegue em cada personagem que interpreta entrar no seu âmago e nos fazer sentir que estamos ali diante daquele personagem imitado e não do próprio Marlon. Mas é ele, sim. Brilhante na arte e esplendoroso na de fazer bons amigos.
ELIEZER SETTON – Hoje ele ostenta uma cabeleira branca como que dizendo ao povo “ainda quero voar”. E voa, sempre muito alto, fazendo de sua arte uma eterna comunicação conosco, seus amigos, e com os que o assistem e que sempre ficam fascinados com o timbre de sua voz, com a sua capacidade de divisão que lhe é inerente e ele sabe do que estou falando, mas sobretudo da simpatia que transmite diante do microfone e do violão e que o acompanha por onde quer que esteja. Setton é um daqueles caras que irradiam verdade e que, através da música levam essas verdades até o grande público. Pois ele é exatamente assim e talvez por isso seja hoje o grande Eliezer Setton. Mas que o Brasil precisaria melhor conhecer.
PARE PRA PENSAR (do meu livro do mesmo nome)
A confiança em nós depositada é a garantia em nosso banco de vida.
ALERTAS DO DIA
* Alerta! Entre na briga, sim. Mas entre com sabedoria, com poder de escolha, com garantias individuais tanto para si quanto para os outros. E estou falando da briga sem tréguas, o que é bem diferente de luta sem tréguas, na disputa de determinados cargos majoritários, inclusive aqui em Alagoas. A briga pelo segundo lugar na campanha de governador chega a estar feia com acusações as mais diversas que não condizem com as personalidades em disputa. A eleição todas as vezes que acontece parece mais uma luta livre, de ringue do que uma questão democrática de alto valor na civilidade humana. É nisso que podemos entrar mostrando decência e ignorando certos aspectos da campanha.
* Quem me conhece sabe que não gosto de acusar ninguém pelos meios de comunicação que tenho ao meu dispor. Por respeito ao público, mas sobretudo por respeito a mim mesmo. Mas não posso me calar quando vejo a simples aparição do presidente do Brasil na sacada de nossa embaixada em Londres, durante o funeral da rainha. Tudo bem, não fosse o fato de que se mostrava ali como o candidato falando para apoiadores que moram no Reino Unido. E falando, sei lá o que, em momento que não condizia com as práticas diplomáticas internacionais. O recato deveria ter sido o posicionamento de Bolsonaro da mesma maneira que outros líderes mundiais se comportaram.
* Eu gostaria que me permitissem fazer um alerta aos leitores deste jornal. Um alerta justo e talvez até sem sentido, mas que não posso deixar de fazê-lo. É chamar mais atenção ainda para a coluna do meu amigo Ênio Lins com a sua Tic Tac Tic Tac. A coluna cheia de verve, repleta de informações as mais compatíveis com o nível do jornal ainda mostra um pouco de sua arte no desenho crítico e muita história. Este país precisa de história, de muita sabedoria em relação ao passado, aos grandes vultos e aí o Ênio está sendo impecável. O tic tac do seu relógio cerebral, o seu despertador mental nos faz acordar para o mundo que foi e, quem sabe, com ele, caminhar melhor pelo mundo que vem.
* Alerta para a tecnologia e seus avanços que são inigualáveis neste tempo de 5G. Tudo bem que precisamos absorver cada vez mais os seus progressos, mas precisamos nos precaver das dificuldades antes que elas aconteçam. Vejam vocês, por exemplo, que já estamos avisados de que a introdução do sistema 5G vai interferir em transmissões de satélites, na radiofonia de um modo geral porque - não entendo disto - a frequência usada pelo método 5G é a mesma e vai tirando obstáculos de sua frente. Se isso acontece, por que não foi previsto antes? Por que não fizeram as modificações necessárias para receber o sistema sem problemas? É difícil de entender, não é?
POR AÍ AFORA
# Não temos como fugir do assunto ‘morte da rainha” já que durante 10 longos dias foi o noticiário internacional mais vasto de todos os tempos. Aliás, condizente com o próprio tempo em que Elizabeth governou. Foram sete décadas inesperadas para aquela jovem que jamais esperava ser rainha e só o foi por conta da abdicação do trono feita por seu tio Edward que preferiu casar com quem amava do que ficar sentado no mais importante trono do mundo. Daí, seu pai George assumiu o trono e ela, aos 26 anos a responsabilidade que a trouxe até aqui com 73 anos de reinado e 96 de vida. Haveremos de dizer que foi o que foi sabendo o que era e com total responsabilidade do seu papel.
# Assisti a sua coroação em pela televisão em preto e branco – ou terá sido seu aniversário? - e vi como a tradição inglesa é incrível porque praticamente o mesmo trajeto e os mesmos lugares foram os cenários de seu trajeto para a morada final. Aliás isso é a prova irrefutável do que se chama tradição porque os ingleses são simplesmente apaixonados, não só pelas mesmas maneiras de fazer as coisas como pelos castelos, logradouros e tantas coisas que caracterizam o Reino Unido. As batidas do Big Ben são as mesmas há anos e no mesmo tom. O povo se veste e se apresenta para cerimônias como se elas fizessem parte do processo repetitivo de suas tradições. E assim o foi nos últimos dias.
# Há que se tirar o chapéu para toda a imprensa internacional que foi impecável em todos os momentos e que foi altamente colaborativa entre todos numa mostra de que a união faz a força. No caso do Brasil, a televisão foi profundamente representativa e além dos repórteres de campo, os comentaristas de vários níveis e especialidades que se apresentaram deram um show de cobertura que necessitava da variedade de informações para que não caísse na mesmice durante todos aqueles dias. Na verdade, tristezas à parte, a televisão, sua tecnologia avançada, seus acessórios modernos, tudo foi importante para que se tivesse nas telas o sepultamento do século.
ATÉ A PRÓXIMA
Amanhã, sábado é dia de “BARTPAPO com Geraldo Câmara”. Na BAND, canal 38.1 aberto; NET CLARO, canais 18 e 518; BRISANETE, canal 14; VIVO, canal 519. Das 9 às 10h da manhã. Assista e inscreva-se também pelo Youtube no canal “Programas do Geraldo Câmara”. Fale conosco pelo [email protected] ou pelo Whats’App 82 99977-4399
Bartpapo com Geraldo Câmara
Sobre
Jornalista, apresentador do programa Bartpapo na Band Maceió e Diretor de Comunicação do Tribunal de Contas de Alagoas