Enio Lins
O CIRCO INTERNACIONAL DO JAIR
Pária global, e aperreado com sua performance ruim nas pesquisas, o meliante que ocupa a presidência da República resolveu investir num roteiro no exterior como desesperada tentativa de criar alguns fatos novos e ganhar espaços a mais na imprensa brasileira. E a turba bolsominion exulta com as patacoadas do mito, agora cometidas além-fronteiras.
Inglaterra e Estados Unidos foram os países agendados para a derradeira turnê do circo do Jair antes do primeiro turno da eleição presidencial. Em Londres, há dias, promove um despropositado carnaval-fora-de-época no enterro da Rainha Elisabeth II, transformando o féretro em palanque. E em Nova Iorque se espera mais algum espalhafate na abertura da Assembleia Geral da ONU, evento onde tradicionalmente o Brasil fala no início dos trabalhos.
Jair visita os dois centros geopolíticos abalroados por ele próprio, no começo deste ano, quando viajou a Moscou para prestar “solidariedade” a Vladmir Putin, às vésperas da esperada invasão russa à Ucrânia. No Kremlin, depois de se submeter a uma vexatória sequência de cinco exames sucessivos de Covid19 para poder se sentar pertinho do ex-agente da KGB, Jair declarou que “Putin é pessoa que busca a paz”, em 16 de fevereiro. Oito dias depois, os russos atravessaram a fronteira ucraniana. É a maior gafe diplomática na história brasileira.
Gafe mundial é a marca de Jair Messias. Dois trágicos exemplos: 1) sua postura retrógrada e destemperada em relação à questão ambiental, o principal ponto de interesse global há muitas décadas, com a Amazônia em chamas tornando-se a principal imagem brasileira desde janeiro de 2019; 2) o genocídio executado por sua política negacionista frente à pandemia de Coronavírus e que que custou, até agora, ao Brasil, mais de 658 mil óbitos, fato que dispensa mais palavras.
Caricatura patética, real, da ficcional Caravana Rolidei criada por Cacá Diégues em 1979, em 2022 o circo mambembe bolsonarista vai de Londres a Nova Iorque, exibindo seus truques fuleiros e pantominas desqualificadas sob o comando de um fracassado Lord Cigano do mal – que agora se supõe mágico capaz de transformar presepadas em votos.
Marginal no mundo civilizado, o falso Messias tenta o impossível: aparentar que não é o chefe de estado mais desmoralizado do mundo nesta quadra de tempo. Bye bye Bozo, bye bye.
NOTAS
# Alexandre Toledo me corrige, e aqui corrijo-me: a denominação certa em 1817 para o status político/administrativo de Alagoas é Capitania e não Província.
# O termo “província”, informa Alexandre, foi definido, no final do período colonial, em decorrência da Revolução Liberal do Porto, em 1820.
# Em Nova Iorque, ao contrário das outras viagens presidenciais desde janeiro de 2019, Jairzinho resolveu economizar uma estrela.
# Por conta da campanha, o ex-capitão, que sempre se hospedou de marechal (5 estrelas) se hospedará como general (4 estrelas). Tocante.
HOJE NA HISTÓRIA
20 DE SETEMBRO DE 2005 – Morre, em Viena, Simon Wiesenthal, o mais célebre caçador de nazistas, termo que – aparentemente – foi criado em função dele. Nascido em 1908, de família judaica, na Galícia (Áustria-Hungria, hoje Ucrânia), aos 33 anos foi preso, juntamente com seus familiares, em 1941, quando Hitler invadiu a União Soviética, e passou por vários campos de concentração até o final da guerra, em 1945. A partir daí, residiu em Lintz, na Áustria, e dedicou o resto da sua vida a reunir documentos sobre o holocausto, a investigar o destino e denunciar criminosos de guerra nazistas escondidos pelo mundo. Inspirou o personagem Ezra Lieberman, interpretado por Laurence Olivier, no filme “Os Meninos do Brasil” (de 1978, baseado em livro de Ira Levin, publicado em 1976)
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.