Enio Lins

CAU, UM INTELECTUAL MUITO DISCRETO

Enio Lins 19 de setembro de 2022

Aviso ao leitorado: essa é mais uma experiência para a edição da TIC TAC às segundas-feiras, com textos mais curtos e não necessariamente políticos, apenas em formato digital. Ainda não pegamos o prumo, mas vamos tentando.

Cláudio Fernando Oiticica Lima (1935/2022), morto no dia 8 deste mês de setembro, era um intelectual de porte e ser de grande generosidade. Sua alegria era visível ao compartilhar saber, ao falar sobre – e emprestar – uma publicação a alguém, ao comentar um assunto sempre esclarecendo algo à pessoa interlocutora.

Cau, como era conhecido, cidadão muito discreto, era filho do historiador alagoano e notável memorialista sobre Maceió, Félix Lima Júnior, e tinha o mais expressivo conjunto de primos intelectuais já visto por aqui, com gente do quilate de Humberto Gomes de Barros e Luiz Guttemberg entre eles, além de ser tio de Léo Villanova, o maior dos desenhistas alagoanos.

Além do conhecimento geral sobre cultura, Cau foi o maior difusor das histórias em quadrinhos adultas (de qualidade) em Maceió, convertendo para essa arte impressa luminares de sua faixa etária e que naturalmente tinham reservas com o que os portugueses chamam de “banda desenhada”. Entre os convertidos por Cau se destaca o saudoso Júlio Normande, escritor ainda pouco reconhecido, autor do excelente “A casa da Rua do Sol”, e que em pouco tempo se tornou um expert HQs e foi o principal importador da revista Heavy Metal, uma espécie de bíblia mensal da graphic novelglobal.

Ao admirável Cau, meu tributo. E meu agradecimento pelas muitas aulas atualizadoras sobre os quadrinhos mais importantes no mundo.