Enio Lins

Olha o Haiti aqui, gente!!

Enio Lins 13 de setembro de 2022

Restam três semanas para o primeiro turno das eleições de 2022. Na noite do domingo, 2 de outubro, saberemos inapelavelmente os resultados para os postos parlamentares em todo Brasil. Nos cargos executivos, a depender da marca dos 50% + 1 voto, será o fim de jornada para algumas candidaturas e o reinício de campanha para outras.

Assim, esta coluna vai acentuar seu objetivo estratégico de se posicionar sobre a eleição presidencial, pedindo desde já desculpas a quem prefira ler sobre as outras disputas. O País passa por momento muito delicado, dramático mesmo, na contenda pela faixa verde-amarela, e todas as demais questões passaram a ser secundárias.

Diferentemente das eleições ocorridas entre 1989 e 2018, 2022 coloca sob risco a Democracia, pois os princípios do Estado Democrático de Direito estão sendo abertamente afrontados. Os objetivos golpistas se arreganharam não só na campanha em curso, mas em vários ensaios de golpe, a título de testes, perpetrados desde janeiro de 2019 sob o comando do capitão miliciano que, graças a uma facada, foi eleito há quatro anos. Neste pleito, o candidato a ditador – um marechal da covardia, genocida e papa do embuste – tentará ser reeleito para aprofundar o autoritarismo, desrespeitar a Constituição, esmagar os demais poderes constituídos e avançar na corrupção familiar mais deslavada que a história brasileira já testemunhou.

Papa Doc era o apelido do ditador François Duvalier, que impôs o terror e a corrupção no Haiti entre 1957 e 1971, comandando as forças armadas e seus assassinos de um poderoso esquadrão da morte (os “tonton macoutes”, termo traduzido como “bichos-papões”); transformou seu país – o primeiro a se declarar independente na América Latina, em 1804 – na mais miserável nação das Américas. Apoiava-se também na religiosidade popular, inclusive se apropriando do vodu. Papa Doc tinha um filho-herdeiro, Baby Doc (Jean-Claude Duvalier), que o sucedeu como ditador entre 1971 e 1986, mantendo os altos níveis de terror e corrupção paternos.

O Haiti é aqui? Não ainda. Uma das diferenças é que o Papa Doc haitiano só tinha um herdeiro e o Papa Doc brasileiro tem quatro Babys Docs para dar de comer, e os meninos (quatro bichos-papões) têm um apetite mitológico. Evitar a haitização do Brasil é a principal atitude patriótica nestas eleições. Tic tac, tic tac... o tempo está findando.

NOTAS 

# Gratuitas, estão abertas as inscrições para o Sinédoque (Festival Nacional de Documentários Curtos) na plataforma InnSael.tv
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O Sinédoque receberá docs brasileiros com até 30 minutos de duração e que tenham sido produzidos em 2021/2022.
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Confirmada para esta quinta-feira, 15, a realização do I Encontro Estadual de Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiros de Alagoas.
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Os debates dos povos de terreiro serão, presenciais, no auditório do Sebrae/AL, das 8 às 18 horas e inscrições em: https://forms.gle/kv25fGNTfSq2Qy1e
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Com uma pauta afirmativa, o encontro é promovido ela Rede Alagoana de Comunidades Tradicionais de Terreiros e pelo Núcleo de Cultura Afro-brasileira Iyá Ogun-té.
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Em pauta: 1) Quadro de violência contra as expressões culturais negras: 2) Ausência de políticas públicas de acesso a direitos sociais; 3) Consequências da Quebra de Xangô de 1912.

HOJE NA HISTÓRIA

13 de setembro de 1500 – Pedro Álvares Cabral, depois de oficialmente descobrir o Brasil, alcança Calicute, na Índia. Na verdade, era esse o objetivo formal da viagem de Pedr’Álvares, mas o que Portugal queria mesmo era, fazendo que não ia e indo (ou vindo), tomar posse da maior área possível de terra à poente, pois desde que Colombo anunciou a descoberta do Novo Mundo, em 1492, se tinha certeza da existência de algo gigantesco além-mar. Daí, pra não chamar muito a atenção da velha rival, a Espanha, a esquadra com 13 embarcações comandada por Cabral levantou âncoras de Lisboa dizendo que ia à Índia pelo caminho marítimo descoberto por Vasco da Gama. Seu Cabral então pegou outra rota, oficializou a descoberta de algo enorme que batizou de Vera Cruz e daqui saiu para, enfim, chegar aos portos indianos, onde ancorou nesta data. Mas não se entenderam os lusitanos e as autoridades de Calicute, daí Seu Cabral bombardeou a cidade e depois partiu em busca de porto mais acolhedor, o que encontrou em Cochim, onde se deu muito bem e voltou com a meia dúzia de embarcações restantes (sete foram perdidas na viagem) abarrotadas de especiarias, o que rendeu uma boa grana. Era o início do Império Português.