Enio Lins
Economia à deriva
Rui Barbosa, a águia de Haia, conduziu a primeira tentativa republicana de arrumar a economia, entre 1889 e 1894. Implantou um plano de financiamento à industrialização baseado em bancos privados, o “Encilhamento”. Mas não contava ele com a astúcia dos especuladores e caiu do cavalo, gerando uma brutal crise.
Getúlio Vargas, na ditadura do Estado Novo (1937/1945), enfrentou o atraso da política café-com-leite de antes; tocou a industrialização em bases contemporâneas, introduziu os direitos sociais, implantou a siderurgia e avançou com a eletrificação do País.
Juscelino Kubistchek sacudiu o Brasil, entre 1956 e 1961, com o ousado plano “50 anos em 5”, modernizou a indústria, trouxe o conceito do Desenvolvimentismo, abriu o ciclo das grandes montadoras de veículos, avançando também no social, seguindo a cartilha Vargas.
João Goulart, substituindo Jânio Quadros, tentou um pulo atrevido; suas “Reformas de base” compõem o mais articulado projeto de desenvolvimento socioeconômico do Brasil até os nossos dias. O golpe militar, em 1º de abril de 1964, matou essa ideia.
Milagre econômico foi a bomba de marketing para o crescimento entre 1969 e 1973, com índices econômicos expressivos embalados por canções como “Pra frente, Brasil!". Pois é: a direita militar já foi inteligente. Mas findou mal, em brutal crise.
Sarney e Collor, dois primeiros governos democráticos pós-ditadura, correram para apagar o incêndio econômico-social deixado pelos militares. Ambos, simultaneamente, tentaram planos que levaram seus respectivos nomes, ambos tiveram sucessos iniciais, mas se esbagaçaram no meio do caminho, sem vencer de vez a inflação herdada.
Itamar e FHC tiveram mais sorte e o Plano Real, finalmente, liquidou o processo hiperinflacionário deixado pelos militares, a economia nacional foi remontada em bases mais sólidas. O processo de privatização liberal avançou nos oito anos de FHC.
Lula brilhou com seu plano econômico, costurando uma inédita aliança com praticamente todos os segmentos produtivos e inovando na inclusão social. Dilma não conseguiu manter o ritmo lulista e sofreu impeachment no meio do segundo mandato.
Toda presidência teve um plano, menos o mito, que achou melhor jair deixando a esculhambação vadiar. Guedes, hábil na bolsa, no bolso nunca teve projeto algum, e adotou o “deixa como está, para ver como é que fica”. O Brasil Potência virou viagra grátis para militares disfuncionais e nada mais, além de inflação e explosão da pobreza.
NOTAS
# Hoje inicia o tempo da campanha eleitoral. Isso quer dizer “oficialmente”, pois as campanhas começaram há tempos. Bozo, encastelado na presidência da República, está em desbragada propaganda reeleitoral há quatro anos.
# Hoje, desde antes, mói com força a indústria de caça ao voto montada pelo dito mito, como se a eleição fosse no dia seguinte. Essa máquina é alimentada por fake news, bravatas e insultos, num ritmo tal que não se notará alteração entre amanhã e ontem.
# Hoje e depois, entretanto, a novidade começa a ser o resultado da inundação de dinheiro, via Orçamento Secreto e auxílios-eleição, na compra de votos para J. Messias, coisa que não deveria surpreender ninguém, mas deixa de cabelos em pé quem acreditava numa derrota fácil do coiso – ilusão e erro de avaliação.
# Hoje, 16 de agosto, completam 30 anos do início das grandes mobilizações dos chamados cara-pintadas contra o presidente Collor, movimento que culminou com seu impeachment.
# Hoje prevalece a cara-lisa de quem não se indigna com escândalos dezenas de vezes maiores que em todas as presidências anteriores. Antecipação dos sigilos de 100 anos?
# Hoje, 16 de agosto, completam 19 anos da morte do genocida Id Amin Dada, espécie de Jair Messias africano. Mas existem diferenças importantes entre os dois, pois o ditador de Uganda tinha mais gordura, mais melanina na pele, mais medalhas na gandola e era mais inteligente que o zero-zero eterno candidato a ditador do Brasil.
HOJE NA HISTÓRIA
16 DE AGOSTO DE 1977 – Morre Elvis Presley, artista norte-americano e maior astro do show business em seu tempo. Nos 24 anos de sua carreira, tornou-se o maior ídolo musical da época, gerando onda de copiadores mundo afora, e incontáveis covers ainda se apresentam profissionalmente. Considerado o principal imitador brasileiro de Elvis, o capixaba Toni Lemos chegou a vender, nos anos 70/80, mais de 300 mil cópias de discos com interpretações dos sucessos do “Rei do Rock”.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.