Enio Lins

Costuras de sucesso

Enio Lins 09 de agosto de 2022

Enfim, findo o período de articulação política, etapa essencial para o sucesso em quaisquer eleições. Até para síndico de uma birosca é-se necessário articular, somar forças, enfraquecer as possíveis correntes adversárias. Uma boa articulação define uma eleição antes da hora.

Como escrito
aqui dias atrás, os destaques na arte de articular para este pleito de 2022, em Alagoas, foram os senadores Renan Calheiros e Fernando Collor. Adversários nesta busca pelo voto alheio, botaram – cada um a seu modo – os demais no bolso. As convenções sacramentaram essa supremacia. Calheiros fechou uma poderosa frente em torno de Paulo Dantas e Collor ampliou-se de forma competentíssima.

O mais badalado
parlamentar brasileiro nestes tempos, o presidente da Câmara Federal, privilegiado por operar essa fantástica fábrica de chocolates que é o Orçamento Secreto, patinou. Não por incompetência ou incúria, pois é muito capaz e atento demais. Mas quanto mais poder, mais dificuldades em administrá-lo, especialmente quando é efêmera esta força. O transatlântico de Arthur Lira foi cercado e emparedado, nesta primeira fase, a estibordo e a bombordo, pelo submarino de Collor e pelo destroier de Calheiros. Torpedeado, terá de se desdobrar para sair desse imprensado sem ser naufragado no início da batalha naval.

Os vices
foram peças estratégicas nesse jogo de composição. Ronaldo Lessa acrescentou recomendáveis cabelos brancos à jovial face de Paulo Dantas, atraindo também parcela do eleitorado alagoano de Ciro Gomes, além de forças de esquerda e centro-esquerda não petistas. Fernando Collor conseguiu vencer vários obstáculos importantes e arrebanhou um indispensável nome bolsonarista-raiz para chamar de seu colega de chapa e eventual substituto, o vereador Leonardo Dias. E mais, ambas as aquisições somaram às suas respectivas chapas precioso tempo no horário eleitoral.

Isso tudo
já havia sido abordado por aqui. Repito pelo fato dessas costuras terem sido confirmadas pelas respectivas convenções e para insistir na importância da articulação política como um trabalho vital e para profissionais. É verdade que existe ainda uma estreita margem de manobra até o registro de cada ata, mas...

E Rui?
Palmeira topou na reta final com dificuldades e da sua convenção não se soube, de imediato, quem ocuparia as vagas de vice e do senado em sua chapa. Não foi bom sinal.

NOTAS


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Dona Micheque, em ato pseudorreligioso em prol da candidatura do conje, disse que “o planalto era consagrado ao diabo” antes do marido dela lá se aboletar. A sem-noção alvejou o ex-presidente Collor, hoje aliado importante do jair.

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Tal acusação, preconceituosa, tem como foco as “denúncias” que foram feitas, em 1992, sobre a suposta realização de cerimônias religiosas afro-brasileiras no interior do Palácio do Planalto. A moça é ruim de pontaria, viu?

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Essa tática eleitoral, muito velha, de associar os cultos afro-brasileiros com o demônio cristão, já foi usada em Alagoas, em 1912, pelos inimigos de Euclydes Malta (ligado aos terreiros) e resultou numa das maiores tragédias políticas do Brasil.

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TIC TAC voltará à pauta política & religião, noutro dia, como tema editorial. O assunto, até pela hipocrisia centenária que cerca essa questão, é uma bomba que segue armada e com muita gente a querendo detonar.

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Desta vez, foi! Os movimentos feministas saíram felizes da reunião, no final da manhã de ontem, com o Governador Paulo Dantas. Pelo postado nas redes sociais pelas lideranças, a pauta apresentada foi devidamente acatada.

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Na lista atendida se destacam a implantação da Delegacia Tia Marcelina para acolhimento de vulneráveis, ampliação do número de delegacias 24h no Estado, da Sala Lilás nos CISPS, e a interiorização da Patrulha Maria da Penha.

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Será também criado o Complexo de Atendimento à Mulher, um fórum ligado às mulheres do campo, e a rede de atendimento da Saúde será ampliada. Como se vê, um fortalecimento expressivo, especialmente na área de segurança feminina.

HOJE NA HISTÓRIA


9 DE AGOSTO DE 1945 – BOMBA NUCLEAR EM NAGASAKI
: A segunda bomba atômica, chamada pelos americanos de fat man (homem gordo), é lançada sobre o território japonês, desta vez sobre a cidade de Nagasaki, depois de apenas três dias depois da primeira explosão nuclear ter destroçado a cidade de Hiroshima, onde se estima que 140 mil pessoas, de uma população de 350 mil, tenham morrido. Em Nagasaki, 40 mil pessoas morreram na hora e mais de 25 mil ficaram feridas. Neste mesmo dia, o Exército Vermelho expulsava as forças nipônicas da região chinesa da Manchúria e da Coréia. Em 2 de setembro, o Japão assina sua rendição total aos aliados.