Enio Lins
Os dois mosqueteiros
Mais embolada ainda vai ficar a eleição para governador de Alagoas. Diferentemente dos pleitos anteriores temos quatro candidatos competitivos às vésperas das convenções. Empate nas duas primeiras posições, empate entre o terceiro e o quarto degraus, com apenas 7 pontos percentuais separando a primeira dupla do segundo duo em disputa – isso pelos dados da Pajuçara/Paraná. Sobre Dantas e Collor empatados na primeira e segunda posição já comentamos aqui anteontem, vamos hoje arriscar umas linhas sobre Cunha e Palmeira.
Rodrigo e Rui se enroscam, em números recolhidos no começo de julho, pela terceira posição, Cunha exibindo 17,5% e Palmeira 15,1%. Um empate técnico impressionante considerando que um é o candidato do parlamentar mais poderoso do Brasil na atualidade, Arthur Lira, e o outro é candidato dele mesmo. Há de se elogiar o desempenho do ex-prefeito de Maceió e de se imaginar uma carga descomunal de Lira para reverter esse quadro.
Condestável da República, o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, tem se empenhado para alavancar Rodrigo Cunha, isto é inegável. Mas o resultado, pelo menos até a primeira semana de julho, foi pífio, o que provocou uma espécie de corrida maluca para capturar apoios para seu candidato. Como resultado, lideranças importantes têm se reposicionado, como o caso do Prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa, e sua recente declaração de voto em Rodrigo Cunha e Davi Filho. Mais reposicionamentos virão.
Sem astros ou estrelas a seu lado, Rui ressurge de um revés na sucessão municipal com mais desenvoltura que o esperado. E, olhe bem, ele foi saco de pancadas durante toda a campanha pela prefeitura de Maceió há apenas dois anos, o que torna mais valorosa sua marca inicial na faixa dos 15%. A questão é de qual fonte Palmeira beberá para ter viço nos ásperos tempos que virão. Esse seu percentual de intenções de voto será alvo, imediato, de uma verdadeira blitzkrieg destinada a pilhar sua poupança eleitoral antes que ela comece a render juros.
Tradicionalmente bipolar, as eleições para o governo de Alagoas inovam neste 2022 com quatro nomes taludos, bem nutridos, e neste quadrilátero, no início do jogo, os dois candidatos menos cotados somam mais de 30% das intenções de voto. Novidade das grandes! Se manterá assim por quanto tempo?
NOTAS
** Pessoal, que fim levou aqueles painéis enormes, eletrônicos e iluminados feericamente, que durante o período petista exibiam em tempo real o valor dos impostos federais?
** Onde foram parar os “impostômetros”, como eram chamados aqueles monumentos dinâmicos? O governo federal deixou de recolher tributos?
Welton Roberto, atuante advogado e militante social, pré-candidato à deputado estadual pelo PT será homenageado com uma feijoada no dia 24, por conta de seus 30 anos de advocacia.
** Samba do Welton é o nome do evento anunciado para depois de amanhã, a partir das 11 horas, no Armazém Pierre Chalita, em Jaraguá. Evento por adesão, destacam os organizadores.
** Mônica Carvalho, pré-candidata a governadora pelo Solidariedade, é promessa de novidade e mobilização na faixa além das quatro candidaturas mais cotadas.
** Atuante nas áreas da Cultura, feminismo e religiões afro-brasileiras, Mônica surpreendeu pela disposição em entrar na briga eleitoral, e quem a conhece sabe que quando ela entra numa briga não deixa barato.
** Gosta de Cultura, literatura? Anote aí: dia 11 de agosto, na Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro, lançamento de um dos mais importantes livros deste ano no Brasil, obra sobre o poeta alagoano Jorge de Lima.
HOJE NA HISTÓRIA
22 DE JULHO DE 1935 – Lançado por Getúlio Vargas, vai ao ar o noticiário radiofônico Programa Nacional. O primeiro locutor foi o alagoano Luiz Jatobá (Maceió, 1915/Nova Iorque, 1982). Entendendo a importância dos meios de comunicação de massa, investiu no Rádio e apostou ainda mais na proposta após o golpe do Estado Novo, em 1937. Espelhava-se Vargas num tipo de Comunicação governamental iniciada em 1922 por Mussolini (que era jornalista) na Itália fascista e, a partir de 1933, turbinada na Alemanha nazista sob o comando do célebre Joseph Goebbels. Nessa onda, em 1938, o nome foi mudado para Hora do Brasil
e consolidado no horário das 19 às 20 horas, alcançando todo o País com um noticiário controlado pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e de obrigatória reprodução. Posteriormente, virou A Voz do Brasil, adaptou-se ao regime democrático, e hoje é considerado o programa de rádio mais antigo da América do Sul.
Enio Lins
Sobre
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.