Alisson Barreto

Seu voto está preparado para um cenário de Guerra Fria?

Alisson Barreto 30 de junho de 2022

Alguém pode perguntar-se “o que meu voto tem a ver com o cenário mundial?” e simplesmente ir votar com base em seu apreço a político A ou B, mas a verdade é que há muita consequência além das “quatro linhas” da urna eleitoral.


A verdade é que há muito mais coisas por trás de uma cédula eleitoral que as vãs simpatias podem imaginar. De fato, os números de votos apurados em relação a um candidato X ou Y podem dizer muito sobre as escolhas de um povo. Porém, as escolhas de um povo nem sempre se embasam em cenários que tendem a nortear o futuro de uma nação ou mesmo de um planeta. Acaso, já parou para pensar sobre como os russos têm que arcar com as consequências norteadas pela vontade de seu presidente?


Com o ataque à Ucrânia, a Rússia deu um significativo sinal do soerguimento da “cortina de ferro”. Nem todos se deram conta, mas a escolha da próxima pessoa a governar o Brasil acarretará o posicionamento do Brasil do lado Rússia ou do lado da Europa. Na primeira Guerra Fria, o Brasil posicionou-se do lado da Europa Ocidental e dos Estados Unidos. Nesta reedição da Guerra Fria que se descortina, há, dentre os dois presidenciáveis mais cotados (segundo as pesquisas), uma clara simpatia por Putin. Ou seja, há um grande risco de o Brasil pular de sua tradicional postura ao lado de Estados Unidos e Europa para o lado da Rússia e China. Ou seja, pelo que se depreende da atual conjuntura e declarações dos presidenciáveis, nunca o Brasil esteve tão próximo do bloco ao qual pertencem Cuba e Venezuela como hoje.


Portanto, a pergunta que não pode calar é “de que lado o Brasil quer estar: do lado democrático ‘euro-estadunidense’ ou do lado autocrático sino-russo?”. Consequentemente, duas perguntas que não podem faltar nos debates presidenciais são (1) “com qual bloco (sino-russo ou euro-estadunidense) o candidato pretende estreitar ou priorizar as relações geopolíticas?” e (2) “quais as estratégias serão tomadas para a independência econômica em face do bloco geopolítico antagônico ao preferido?”. Ora, a clareza de tais posicionamentos é crucial para o futuro do Brasil ou mesmo da humanidade.


Por fim, fica o convite a refletir sobre o uso que será feito do próprio título de eleitor e indagar-se se sua intenção de voto está de acordo com seus valores, nesta nova Guerra Fria que se inicia. Então, seu voto está preparado para um cenário de Guerra Fria?


Maceió, 30 de junho de 2022.


Alisson Francisco Rodrigues Barreto