Alisson Barreto
Fraternidade além das campanhas
Em busca de bem viver, catolicamente, a Quaresma
No Brasil, a Igreja Católica costuma propor aos fiéis a Campanha da Fraternidade (CF), um ensejo anual a melhora de hábitos, potencializada pelo tempo quaresmal. Em 2021, a aludida campanha chega com a bandeira ecumênica, uma letra a mais (CFE) e polêmicas a refletir. Os lema e tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE), em si, não são polêmicos, ao contrário, promovem unidade. Este é “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema é inspirado na carta de São Paulo aos Efésios: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”. Na Sagrada Escritura, eis como consta o versículo: “Ipse est enim pax nostra, qui fecit utraque unum et medium parietem maceriae solvit, inimicitiam, in carne sua,” ou em português: Ele é nossa paz: de ambos os povos fez um só, tendo derrubado o muro de separação e suprimido em sua carne a inimizade (Ef 2,14) Trata-se de uma passagem bíblica que vai além do ecumenismo e alcança o diálogo inter-religioso entre cristãos e judeus. Mas não o alcança na negação dos valores cristãos, e sim na partilha da Verdade, reconduzindo os que amam a verdade à resposta mais profunda de seus anseios: a unidade no Corpo e Sangue de Cristo. Eis a grande questão: a unidade em Deus se dá na realização do ser que, em verdade, O busca e encontra-O n’Aquele que é a Verdade, o Caminho e a Vida. Verdade que não nega o Caminho e Caminho que propicia encontrar-se na verdadeira Vida, nutrida por Pão e Vinho, realizada na participação no Corpo e Sangue de Cristo, encontrada na Comunhão. A unidade tão esperada se dá no banquete eucarístico, precisamente na comunhão. E para se chegar à comunhão, passa-se pela aceitação dos mistérios da fé. E quem vive os mistérios da fé envereda pelos mistérios salvíficos, configurando-se no corpo de Cristo e, por conseguinte, torna-se filho de Maria Santíssima. Nesse ínterim, abre-se para os valores cristãos, a vida que ama a virtude; envereda pela virtude de defender a vida. Diante dessa reflexão, convém olhar adiante e ver que a Quaresma está à porta e bate. Como abrir-se a ela? Ora, essa quaresma traz um ingrediente extraordinário: uma tentação de olhar ao redor, mergulhar em críticas e preocupações. Em duas passagens bíblicas destaca-se a resposta. Na carta de São Paulo aos Tessalonicenses exala um convite: “Discerni tudo e ficai com o que é bom” (1Ts 5,21). Esse discernimento aponta para a Verdade: Nosso Senhor Jesus Cristo. Se a pessoa se prende às tentações de olhar para os lados, verá pessoas a defender abortamento e uso de linguagem ideológica, dentre outras coisas, e poderá afundar-se em angústias, aflições e discussões. Porém, ao retomar o foco para Cristo, é possível andar sobre as águas e ver a tempestade se acalmar. É possível observar, dentre outras coisas, que para o respeito humano não é necessário aderir ao uso de termos ideologicamente manipulados e não os usar não significa não respeitar a dignidade humana de cada pessoa, independente da vivência sexual de cada um. Para dignificar a liberdade não é preciso oferecer direito a matar quem não nasceu. Aliás, “liberdade verdadeira é servir a Cristo” (Santo Agostinho) e a vida do nascituro não é valor desprezável, ainda mais para aqueles que dizem amar Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Como se percebe, para o cristão, o diálogo pró-unidade averigua muitos fatores abordados pela sociedade atual, mas não nega a sua fé ao defrontar-se com eles, ao contrário, ratifica-a dizendo sim à vida, sim à Eucaristia, sim a Maria, sim à profissão de fé na Igreja una, santa, católica e apostólica. Se você está disposto(a) a esse sim, você está a adequar-se a um bom uso da CFE como instrumento para a vivência de uma boa quaresma. Então, só resta dizer “boa Quaresma!”, pois é o tempo de preparação para a Páscoa. Boa preparação! Maceió, 16 de fevereiro de 2021.Alisson Francisco Rodrigues Barreto
Sobre o autor: Alisson Francisco Rodrigues Barreto é poeta, filósofo (Seminário Arquidiocesano de Maceió), bacharel em Direito (Universidade Federal de Alagoas), pós-graduado em Direito Processual (Escola Superior de Magistratura de Alagoas), tendo também cursado, parcialmente, os cursos de Engenharia Civil (Universidade Federal de Alagoas) e Teologia (Seminário Arquidiocesano de Maceió). Autor do livro “Pensando com Poesia” e escritor do blog “Alisson Barreto” (outrora chamado de “A Palavra em palavras”), desde 2011, e da Revista Pio. Alisson Barreto na internet: Site pessoal: Alisson Barreto, acesso em https://sites.google.com/view/alissonbarreto Youtube: canal Alisson Barreto, acesso em https://www.youtube.com/channel/UCqtpMzyLava_Z0hkmh75WAw/ Revista pessoal do autor: Revista Pio, acesso em https://alissonbarreto14.wixsite.com/revistadigital-pio "Blog" do autor: Alisson Barreto, acesso em http://tribunahoje.com/blog/a-palavra-em-palavras/ Twitter: @alissonbarreto1 (acesso em https://twitter.com/alissonbarreto1) LinkedIn: @alissonbarreto1 (acesso em https://www.linkedin.com/in/alissonbarreto1/)Alisson Barreto
Sobre
Alisson Francisco Rodrigues Barreto é poeta, filósofo (Seminário Arquidiocesano de Maceió), bacharel em Direito (Universidade Federal de Alagoas), pós-graduado em Direito Processual (Escola Superior de Magistratura de Alagoas), com passagens pelos cursos de Engenharia Civil (Universidade Federal de Alagoas) e Teologia (Seminário Arquidiocesano de Maceió). Autor do livro “Pensando com Poesia”, escritor na Tribuna com o blog “Alisson Barreto” (outrora chamado de “A Palavra em palavras”), desde 2011. O autor, que é um agente público, também apresenta alguns dos seus poemas, textos e reflexões, bem como, orações no canal Alisson Barreto, no Youtube, a partir do qual insere seus vídeos aqui no blog.