Alisson Barreto

O MATRIMÔNIO SOB UMA ÓTICA LÓGICO MATEMÁTICA

Alisson Barreto 24 de março de 2020
O MATRIMÔNIO SOB UMA ÓTICA LÓGICO MATEMÁTICA
Reprodução - Foto: Assessoria

Título geral – A ORIGEM DOS NÚMEROS E SINAIS MATEMÁTICOS

Título da postagem – O MATRIMÔNIO SOB UMA ÓTICA MATEMÁTICA

Postagem 3 de 4 | Por Alisson Barreto

Prezados leitores da Tribuna, nas próximas segundas-feiras, nosso blog apresentará uma série de quatro postagens, por meio das quais serão abordados temas lógico-matemáticos e suas correlações com os campos da filosofia, do português, da matemática, da história e do direito. A sequência de postagens será, basicamente, a seguinte: (1) os números na história da humanidade; (2) os sinais matemáticos na história da humanidade; (3) o matrimônio sob uma ótica matemática e (4) o português e o raciocínio lógico nas conjunções e disjunções. PARTE 2 O MATRIMÔNIO SOB UMA ÓTICA LÓGICO MATEMÁTICA

(Poesia O Matrimônio sob uma ótica matemática)

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Bons cheiros ou hastes pontiagudas?

Como rosa perfumada, precedida de espinhos.

Querida ou repelida, ó passarinhos,

Ela quem escolhe se alguém com ela faz ninhos.

  Quando um homem e uma mulheres casam-se, diz-se que são dois que se tornam um. Um físico pergunta: como dois corpos ocuparão o mesmo lugar, ao mesmo tempo, no espaço? Um matemático pode indagar: como o resultado da soma de um com um poderá dar um, e não dois? E um aplicador do raciocínio lógico talvez não interrogue, mas aguardará para ver como a soma de dois conjuntos resultará em união. Por fim, todos terão motivos para se darem por satisfeitos. Acerca de físicos e matemáticos, basta dizer que a unidade do casal é muito mais uma questão de physis (estão unidos na natureza humana) do que de materialidade física. A conjunção carnal sela a unidade dos seres, unidade esta que se dá no campo subjetivo dos nubentes. A união das subjetividades é o X da questão. Portanto, a unidade permanece, não se limita ao momento do ato sexual; mas perdura na união das subjetividades pelos laços do sacramento. Quanto à matemática, observe as observações feitas abaixo, acerca do Raciocínio Lógico. Aplicadores do Raciocínio Lógico associam a união de conjuntos à disjunção inclusiva “ou”. Pergunta-se: no matrimônio são o homem que se soma à mulher ou o é uma união entre homem ou mulher? A resposta é “uma união entre homem e mulher”. Na linguagem do Raciocínio Lógico (RL), sendo o homem H e a mulher M, o sacramento do matrimônio efetua a intersecção entre H e M, pois efetua a unidade sacramental de homem e mulher. Nisso, por conseguinte, é possível perceber que quão maior a intersecção dos conjuntos maior o vínculo matrimonial do casal. Ou seja, quanto maior for a disponibilidade subjetiva de cada um dar-se à nova realidade subjetiva mais sólido será o casamento. Quanto à matemática, portanto, talvez não seja evidente para todos, mas é lógico que os nubentes não são meros dois números, e sim dois conjuntos de caracteres que se unem indissoluvelmente, no tempo. Poder-se-ia dizer, talvez até, que o casamento faria dos nubentes, algarismos pertencentes a conjuntos distintos, encontrarem-se e formarem unidade, na intersecção corpórea e jurídica de ambos. No matrimônio, dão-se em união amorosa, eclesial e potencialmente multiplicativa. Como se dá essa união, perceber-se-á na abordagem aos diagramas de Venn.  

Falei da matemática, apaixonada pelo Amor.

Ele a faz revelar-se e ela o tenta compreender.

Como intersecções e uniões, formando uma flor.

  SERIA POSSÍVEL USAR O “OU” PARA A UNIÃO ENTRE OS CONJUNTOS H E M? A resposta é sim, sob condição. Condição essa que elimina a contradição. O vínculo do casamento se dá na intersecção, mas o vínculo do sacramento se dá na união, originando uma multiplicação de conjuntos, os filhos, ou seja, dando origem à família. Há dois tipos de vínculos no casamento: o formal e o material. Este é dado pela conjunção (aditiva) “e”, é vínculo de intersecção; aquele é vínculo dado pela disjunção inclusiva (em língua portuguesa: conjunção alternativa, espécie do gênero conjunções coordenativas) “ou”. Ou seja, há um elo subjetivo que une H e M pelos laços materiais na intersecção subjetiva que formam e um elo objetivo externo que une H e M pelos laços formais na união objetiva. O primeiro caso é formado pela doação voluntária de si à unidade matrimonial; o segundo, é união jurídica. União esta que (A) é dissolúvel no ordenamento jurídico brasileiro e, em caso de recebimento do sacramento do Matrimônio, indissolúvel. Resumindo, tem-se: intersecção entre H e M, no campo do foro íntimo, e união entre H e M, no campo matrimonial e familiar.  

Traz consigo mistérios, mas se revela a quem escolhe.

Colhe e une conjuntos, verdadeiras canções.

Que se casam em intersecções,

Força dos corações.

[gallery ids="363432,363433,363434" columns="4"] CASAMENTO E MATRIMÔNIO, EM DIAGRAMAS DE VENN [embed]https://youtu.be/R9gNtOhX5qQ[/embed] Também se pode chamar H e M de conjuntos dos casais A e B, então, tem-se: CASAMENTO NO ASPECTO SUBJETIVO CASAMENTO NO ASPECTO FORMAL Conjunção INTERSEÇÃO A ∩ B Disjunção Inclusiva UNIÃO A U B Casal A com B (interrelação entre A e B) Nota-se que quanto maior a área de abrangência entre A e B maior será a quantidade de caracteres, valores, gostos e coisas em comum. Por outro lado, enquanto A ∩ B é o conjunto (a unidade) de coisas em comum (a unidade é o conjunto que está contido em ambos); há os das coisas não postas em comum, que podem fazer parte da individualidade, mas também podem apenas serem um distanciamento: A-B e B-A. Casal A com B (membros do casal A ou B) Também podendo assumir formas como:   Nota-se que, sacramentalmente, mesmo em situações de distanciamento de A em relação a B, permanece um vínculo unitivo, formal e solidário que os mantém unidos. Obs.: No caso da separação, os conjuntos A e B separam-se e a intersecção é vazia. Diz-se, nesse caso, que A e B são conjuntos disjuntos. Ou seja, o casal passa do compartilhamento de uma relação de intersecção (subjetiva) para disjunção exclusiva Obs.: No caso do sacramento do matrimônio, ainda que possa haver a separação dos corpos, não há a dissolução do matrimônio, ocorrendo a figura abaixo:  

 E eis que selam seus laços no leito nupcial.

Encantam mais que mil cantos.

O matrimônio é fenomenal!

  Observe ainda uma breve distinção entre casamento e matrimônio, em diagramas de Venn: CASAMENTO MATRIMÔNIO Conjunção INTERSEÇÃO A ∩ B Disjunção Inclusiva UNIÃO A U B Cônjuge A e cônjuge B (interrelação entre A e B) No casamento civil, a intersecção será marcada conforme o tipo de casamento e, em termos de bens, pode alcançar desde a comunhão total de bens (que seria A U B, em relação aos bens) à separação total dos bens. Mas em relação à subjetividade do casal é sempre a interseção do quanto de si os nubentes põem em comum, conforme demonstrado na tabela anterior.   Alguns possíveis cenários: 1. Economicamente (A) Separação total de bens:

(aqui não há partilha)

(B) Comunhão total de bens:

(aqui, tudo de um é do outro)

  2. Relação conjugal: enquanto houver o casamento, permanece duas opções de interseção. Exemplo A: {A∩B (e vice-versa)} ou Exemplo B: interseção que toma moldes de contém e contido   {A ꓛB (ou vice-versa)}   A (esposo) com B (esposa) (membros do casal A ou B) Também podendo assumir formas como:   Nota-se que, sacramentalmente, mesmo em situações de distanciamento de A em relação a B, permanece um vínculo unitivo, formal e solidário que os mantém unidos.   No matrimônio, um se dá ao outro, no amor recíproco que os une, em liberdade. É por isso que, se tiver faltado amor ou liberdade ao dizer “sim”, o matrimônio pode ser declarado nulo.   Como o amor é componente essencial, também chamado de elemento sine qua non, ou seja, é elemento sem o qual não há matrimônio válido. Portanto, em relação ao casamento, há dois componentes no sacramento do matrimônio que o tornam inigualável: a bênção de Deus e o amor livre e imerso em Deus. Aliás, é essa imersão que faz com que a realização do matrimônio implique o compromisso de educar os filhos na fé católica. Afinal, se os cônjuges se colocam diante de Deus, colocam suas intenções, buscando adequá-las ao amor de Deus. E quem ama quer o bem dos seus. Ora, quem quer o bem dos seus, quer a salvação deles. E querendo a salvação dos filhos, educa-os na fé.   Como dito, o matrimônio é indissolúvel. De modo que o pior cenário seria o dos conjuntos abaixo. Por isso, não basta se colocar diante de Deus para aparecer nas fotografias da cerimônia matrimonial. O amor dos cônjuges deve ser alimentado pela vivência da fé e da esperança, deve ser vivido na unidade solidária e dialogal. O amor dos cônjuges   Quem diria que, em cenário mundial tão difícil, estaríamos discutindo uma filosofia matemática a debruçar-se na busca da compreensão de realidades relacionadas ao amor, não é mesmo? Ao mesmo tempo, percebe como a observação lógico-matemática ajuda a distinguir as coisas? Para quem não tem intimidade com matemática ou faz muito tempo que não vê diagramas, talvez tenha um pouco mais de dificuldade na compreensão, não obstante as imagens dos conjuntos ajudem bastante. Para quem domina e possa ter uma visão diferente sobre alguns aspectos, deve ter ficado intrigado com o assunto ou mesmo com este que vos escreve. Mas a reflexão está lançada e os matemáticos fiquem à vontade para desenvolverem o tema. Um forte abraço virtual e que a reflexão sobre o matrimônio, nestes tempos de pandemia, ajude na vivência do amor familiar! Paz e Bem! Deus seja louvado e o coronavírus derrotado! Maceió, 23 de março de 2020. (publicação: 24/3/2020)

Alisson Francisco Rodrigues Barreto

Alisson Francisco Rodrigues Barreto é poeta, filósofo (Seminário Arquidiocesano de Maceió), bacharel em Direito (Universidade Federal de Alagoas), pós-graduado em Direito Processual (Escola Superior de Magistratura de Alagoas), tendo também cursado, parcialmente, os cursos de Engenharia Civil (Universidade Federal de Alagoas) e Teologia (Seminário Arquidiocesano de Maceió). Autor do livro “Pensando com Poesia” e escritor do blog “Alisson Barreto” (outrora chamado de “A Palavra em palavras”), desde 2011, e da Revista Pio. Alisson Barreto na internet: Site pessoal: Alisson Barreto, acesso em https://sites.google.com/view/alissonbarreto Revista pessoal do autor: Revista Pio, acesso em https://alissonbarreto14.wixsite.com/revistadigital-pio "Blog" do autor: Alisson Barreto, acesso em http://tribunahoje.com/blog/a-palavra-em-palavras/ Twitter: @alissonbarreto1 (acesso em https://twitter.com/alissonbarreto1) LinkedIn: @alissonbarreto1 (acesso em https://www.linkedin.com/in/alissonbarreto1/)