Alisson Barreto
A Crise de Felicidade e a Teoria dos Jogos
A Crise de Felicidade e a Teoria dos Jogos
Por Alisson Barreto Publicado em 17/12/2019Desde os primórdios, a humanidade se depara com dilemas entre moralidade e maximização de resultados. Em ambos os casos dilemáticos, cada indivíduo se depara com limites de capacidades da percepção e do interesse em utilização dos dados possíveis. Numa época de polarizações destro-sinistras, quais os possíveis riscos ao futuro e presente?
[embed]https://youtu.be/z8mF-mFdHZY?list=PLcfXcTTlfo2mme6wS3RPBwBv2s3Vwz5YS[/embed][I] Entre dilemas da dúvida, do medo e da dor.
É preciso enxergar algo mais,
É crucial contemplar o amor.
Na mais recente Guerra mundial (tida como a Segunda Grande Guerra), o estado belicoso pelo qual as nações se viram imersas potenciou um estado de necessidade coletivo a situações extremadas que levaram ao surgimento e à utilização da bomba atômica. Tudo isso diante de um cenário de experiências científicas com humanos, utilização de drogas para fomentar a capacidade de ataque e sujeição de povos. Será que isso é peculiaridade do século passado?
Estados primitivos de consciência não medem meios.
Multidões multiplicam anseios.
Anseios são potencializados em inconscientes coletivos.
Como bebês na sede de seios.
A humanidade passou por tempos que foram da lei do mais forte à busca da lei mais forte em favor da justiça e do bem comum. No entanto, muitas vezes pessoas e povos tentaram tornarem-se mais fortes a ponto de subjugarem os demais aos seus jugos e às suas forças, refazendo leis, reinterpretando a história e os legados humanos, direcionando povos - pelo poder da força ou da informação. Assim, o poder da informação conduziu o Iluminismo a tachar a idade média de idade das trevas, gerando uma imagem deturpada daquele período às gerações posteriores. Na mesma linha se pode dizer da tentativa de fazer de Lampião e Tchê heróis.
É preciso acreditar e perseverar.
O bem comum há de vencer.
Ir ao encontro do outro
Não é perecer.
A manipulação de informações também levou pessoas a, por exemplo, utilizarem o termo “fascista” para governos que não coadunam com a prática marxista. É como se passassem uma borracha no fato de os Estados Unidos lutarem contra a Alemanha Nazista, a qual fora aliada da URSS (leia-se União das Repúblicas Socialistas Soviéticas; na verdade, Rússia e subjugados) até que a Alemanha a invadira e só a partir de então a URSS entrara em guerra contra a Alemanha, que era aliada da Itália fascista, ambas rivais dos EUA, França e Inglaterra. Como após a vitória dos aliados, a Itália foi dominada pelos EUA, os russos - pouco a pouco - levaram os incultos a acreditarem que regime fascista era algo ligado ao pensamento não marxista. Não é à toa que Alemanha e Rússia, ao invadirem países como Polônia, uma das primeiras providências foi queimar livros e perseguir pensadores que se opusessem ao pensamento comunista. Afinal, a história é escrita sob a ótica dos vencedores. É o que separa o termo “golpe.
Com quem andas? Quem és?
As buscas estão em que patamar?
Que as vitórias sejam alcançadas no ato de amar!
Ou seja, as notícias falsas (Fake News) sempre existiram, inclusive nos livros de história. Podem vir disfarçadas em termos, como entre “golpes” e “revoluções vitoriosas”. Aqueles se dão quando o ideal buscado fracassa; estas, quando se consegue o poder. Mas e quanto à teoria dos jogos, onde nisso ela se insere? E quanto à direita, ela está imune a escolhas amorais? Quanto a esta indagação, vale lembrar que tanto a Alemanha como os Estados Unidos fizeram experiências científicas com seres humanos, assim como tanto a Alemanha como a Rússia mataram quem não coadunava com seus ideais.
[embed]https://youtu.be/6BW6GT9UB0g[/embed][II] Verdade, ó verdade, onde estás?
Muitos a proclamam em suas subjetividades.
Poucos a declamam com sinceridade.
Mas és tu que quero, ó beldade!
A teoria dos jogos, livros como A Arte da Guerra e a aplicação do xadrez na vida cotidiana levam o ser humano a nuances nas quais nem sempre faz-se uso da moralidade. Na verdade, numa sociedade agnóstica os freios morais são cada vez mais relativizados para a obtenção dos fins, desprezando cada vez mais os meios. Assim, bolsas de valores e sistemas educacionais são atingidos para a propiciação de ideais e para benefícios ou prejuízos de nações. Em países como o Brasil, o prejuízo é maior e, doravante, passar-se-á a explicar a teoria dos jogos através de exemplos aqui ocorridos.
A guerra oculta o antiético
E as vitórias exaltam heróis e suas audácias.
Mas só o amor vence o escrito e o estético.
O Brasil tem uma cultura de fins, de resultados, onde o valor dos meios se perdem diante dos números. Assim, a busca pela nota é maior do que a busca pelo desenvolvimento do intelecto. O resultado é um país que se ocupa mais com a demonstração de número de estudantes avançando em graus de escolaridade do que com o desenvolvimento de pessoas com capacidade competitiva e questionadora em todos as fases etárias. Tal população fica mais sujeita às notícias falsas e à manipulação político-cultural. Trata-se de um terreno fértil à dominação intelectiva externa. As indústrias e políticas videográfricas e a bibliográficas já perceberam e fazem uso disso. O país cujos índios eram seduzidos por espelhos continua tendo sua população seduzível por ideologias e tecnologias.
Olha-se o Brasil e vê-se um país cego em sua contumácia.
Empenhado em sua política autofágica.
Como transformar tal pátria amada em mãe gentil
Sem fazer da gentileza uma armadilha pueril?
À teoria dos jogos é indiferente o valor da moralidade, estudando apenas logicamente a valoração das escolhas e seus resultados. Na aplicação prática, a inteligência artificial e a possibilidade de utilização de notícias falsas são novidades a gerarem competitividade capaz de suplantar valores morais e religiosos, deturpando-os ou menosprezando-os, conforme o interesse e os resultados práticos. No famoso dilema do prisioneiro, a teoria dos jogos é aplicada na busca da delação. Exemplo: dois indivíduos são presos e ficam na seguinte situação: se nenhum delata, ambos cumprem um ano de prisão. Se um delata, ele é solto por cooperar com o judiciário e o outro cumpre seis anos de prisão pelo crime cometido e não confessado. Em tal dilema a fidelidade ao outro preso pode custar uma maior prisão para si e o medo da desconfiança do outro pode custar maior prisão para o outro. Será que alguém vai ceder? A teoria dos jogos, portanto, aplica-se a opções de escolhas que não são independentes das escolhas dos outros. Ora, a vida em sociedade tem relações interpessoais e consequências coletivas.
São ardilosas as artimanhas das falácias.
E sedutoras as armadilhas do egoísmo.
Corações, reajam ante as audácias!
Que tal falar em meio ambiente? Se todos os países o preservam, todos ganham. Mas se quase todos preservam e um destrói para lucrar, este lucra em detrimento da conservação dos outros, gerando prejuízos a eles. Se todos destroem para lucrar, todos recebem o prejuízo da destruição. Para destruir, basta convencer de que tal destruição não gera prejuízo ou gera lucro. A longo prazo, o argumento da intenção de destruição por parte de outro pode gerar o interesse (ou pretexto) em invadir sob a alegação da legítima defesa da subsistência humana. Por fim, a teoria dos jogos aplicada à prática ambiental pode gerar da paz à guerra.
[embed]https://youtu.be/R3XzVThHVe8?list=PLcfXcTTlfo2mme6wS3RPBwBv2s3Vwz5YS[/embed][III] Guerra ou paz, o que escolhes?
Preservação ou exploração, como optas?
A vida ou a morte, qual acolhes?
O anseio por felicidade é uma tendência universal e natural ao homem. Porém, sua busca pode dar-se por vias morais, religiosas, econômicas ou político-ideológicas. A verdade é que a busca da felicidade por vias não morais acaba por depreciar o homem, levando-o a desaperceber-se da dignidade humana pertinente também ao outro. Suas consequências passam pela exclusão social, opressão ideológica, descriminação (étnica, sexual, econômica etc.) e até mesmo o abortamento.
Não há valor em desvalorar a vida.
Não precisas acabar com quem vem pela manhã.
Não há mérito em um hoje que destrua o amanhã.
Eis, pois, que o mundo atravessa uma crise humana que atinge a moralidade e a percepção da dignidade humana pertinente ao outro. Crise de felicidade, levando muitos a situações que vão do radicalismo de lateralidade (direita ou esquerda) ao suicídio. Que o amor encontre espaço nos corações e a humanidade volte a reconhecer que há valores maiores e algo mais a se buscar!
Reencontrar o amor, reaprender a construir.
A desesperança destrói o futuro.
Mas feliz é quem sabe edificar.
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O dia de hoje há de acabar
Para amanhã outro nascer.
E as escolhas é que farão
As conquistas e o merecer.
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São Bernardo do Campo - SP, 17 de dezembro de 2019.
Alisson Francisco Rodrigues Barreto1
1 Alisson Barreto é poeta e filósofo; bacharel em Direito, pós-graduado. Autor de Pensando com Poesia e na Tribuna com o blog A Palavra em palavras, desde 2011.
Alisson Barreto
Sobre
Alisson Francisco Rodrigues Barreto é poeta, filósofo (Seminário Arquidiocesano de Maceió), bacharel em Direito (Universidade Federal de Alagoas), pós-graduado em Direito Processual (Escola Superior de Magistratura de Alagoas), com passagens pelos cursos de Engenharia Civil (Universidade Federal de Alagoas) e Teologia (Seminário Arquidiocesano de Maceió). Autor do livro “Pensando com Poesia”, escritor na Tribuna com o blog “Alisson Barreto” (outrora chamado de “A Palavra em palavras”), desde 2011. O autor, que é um agente público, também apresenta alguns dos seus poemas, textos e reflexões, bem como, orações no canal Alisson Barreto, no Youtube, a partir do qual insere seus vídeos aqui no blog.