Alisson Barreto

O bom pastor e a formação de opinião

Alisson Barreto 31 de julho de 2019
O bom pastor e a formação de opinião
Reprodução - Foto: Assessoria

O bom pastor e a formação de opinião

Por Alisson Barreto

Publicado em 31/7/2019.

Na sociedade atual, há muitos formadores e influenciadores. Nem sempre formalmente instituídos, nem sempre percebidos ou bem-intencionados. Considerando tal missão um pastoreio, observa-se que nem todo pastor é religioso. A missão e os dons de pastoreio, influenciação, formação e autoridade são dados a muitos, mas será que estão sendo bem aproveitados e executados?

Mover-se ou ser movido,

comovendo-se ou movendo,

onde estou inserto?

Ora, acerca do aspecto religioso, conclame-se a ao menos uma de duas indagações: quando você olha para um padre, enxerga nele um formador de opinião? Se padre, enxerga-se como tal? Dada o primeiro domingo de agosto ser dedicado à vocação sacerdotal, convém refletir um pouco mais sobre a função caput do padre.

Soa fácil olhar-se no espelho,

mas quem olha no espelho da alma?

Não são palmas que fazem um coração.

Há uma missão que acalma.

Qualidades de pastores. Maus pastores tomam as ovelhas a eles confiadas como pesos que lhes foram confiados. Pastores medíocres tomam-nas como oportunidades para alcançarem benesses próprias, como dinheiro, serem bem recebidos ou bem tratados, bem-vistos, escutados ou obedecidos. Bons pastores olham para as necessidades de suas ovelhas e para a qualidade do alimento que lhes podem proporcionar e doam-se, inteiramente, para que elas possam ser bem nutridas e tenham boas qualidades de vida. O Bom Pastor Se deu na cruz e é a referência para todos os pastores e todas as ovelhas: Ele sabe o que é ser o caminho, sabe dar ida e realizar a verdade: Ele é o caminho, a verdade e a vida.

Configurados no Bom Pastor,

nem todos agiremos como cabeças.

Mas não te esqueças que há uma missão de muito louvor:

o coração é a peça-chave desse quebra-cabeça!

Quem é o Bom Pastor? Pastor efetivamente Bom só existe um: Nosso Senhor Jesus Cristo. Entretanto, o Senhor escolheu alguns homens para serem próximos a Ele, do meio de seus discípulos escolheu alguns para serem porta-vozes d’Ele, levando-O a toda criatura. Chamou o primeiro Papa em particular, Pedro, e deu-lhe o poder de ao ligar ou desligar na Terra, ligar ou desligar no Céu, concedeu-lhe o confessionário e a missão de fazer atos litúrgicos em memória d’Ele. É em nome d’Ele que o padre exerce sua missão de guiar o povo de Deus. O Bom Pastor deu a vida por Suas ovelhas, nós, e também configurou homens a, também oferecendo suas próprias vidas, se entregarem à missão evangelizadora.

Ó pastor, por onde vais?

Ó ovelhas, a quem servis?

Que não sejamos vis. E vivamos a paz!

O pastoreio midiático. Olhando apenas para a frase imediatamente anterior, o leitor é tentado a pensar que se trata meramente de pastores com espaço nas mídias televisivas ou internáuticas. Correto? Na prática, não se tratam apenas de pastores religiosos em mídias, mas a evidente existência de pessoas que, sem qualquer conotação religiosa, influenciam pessoas por meio de seus canais de internet ou espaços televisivos. Tais influências exercem verdadeiros pastoreios nas mentes dos populares, influenciando o que vestem, calçam ou comem. O pastoreio midiático alcança inclusive os posicionamentos políticos e modos de pensar quanto à sexualidade e a vida.

(Olhai.) Os passos seguem os olhos.

(Ouvi.) As palavras seguem os ouvidos.

(Escolhei.) E o coração revela escolhas.

O pastoreio civil. Considerando que pastor é aquele a quem é confiado um rebanho, nota-se que há coletividades confiadas a pessoas que não são autoridades religiosas, mas autoridades civis. Assim, percebe-se a importante missão das pessoas revestidas de autoridade. Também aí é possível qualificar o pastoreio como bom, mal ou medíocre – observando que autoridade é uma investidura para o serviço, não para servir-se. Nisso, observa-se a importância de afastar realidades como a corrupção e o nepotismo, que são formas egoísticas de promover aqueles que o cercam, gerando benesses aos partidários ou familiares, utilizando-se da autoridade para benefícios amorais ou imorais, em vez de servir à coletividade com moralidade e legalidade. Nesse sentido, atentem-se com essa importante missão que vai do Presidente da República ao pai de família.

Como guias?

A quem guias?

Quem te guia?

Ó povo.

Pastor ou ovelha? Em algum aspecto, na face da Terra, todos são pastores ou ovelhas. Não importa a hierarquia sacerdotal, todos os homens são ovelhas de Cristo. Não importa quão pequeno cada um se sinta, todo ser humano é convidado a ser o cabeça em suas escolhas e isso pode ser resumido em duas palavras: liberdade e autodomínio. A realização da liberdade humana alcança o homem em duas asas: (1) o exercício do autodomínio, a característica de ser cabeça de si mesmo, conjugado com (2) a humilde capacidade de saber ouvir como boa ovelha a voz do Bom Pastor.

A quem ouço e como escuto?

O que falo e o que tenho a dizer?

Uma só coisa a fazer:

amar!

Hoje muito se utiliza a expressão “influenciadores digitais”. Nota-se na própria concepção do termo que há uma realidade de influência, de formação ou direcionamento de opinião. Depreende-se, portanto, uma missão de liderança, de pastoreio. É mister, portanto, acompanhar como se está reagindo diante de tais pessoas e como os filhos estão a acompanhar tais pessoas. É rigoroso atentar-se aos conteúdos abordados e às formas como são passados. Vale observar que as propostas educacionais dos pais podem estar sendo corrompidas por pessoas midiáticas.

Num mundo de tantas informações,

como andam as formações?

Em meio a tantas emoções,

como está o coração?

Há, portanto, pastores e pastores; mas nem todo aquele que diz “meu Deus, meu Deus” a Ele serve. Nem todo aquele que conquista corações dignifica-os. E nem todos os nossos passos podem levar-nos para onde desejamos.

Um forte abraço a todos. Boa reflexão!

E que a bênção de Deus repouse sobre nós!

Maceió, 31 de julho de 2019.

Alisson Francisco Rodrigues Barreto1

1 Poeta, filósofo; bacharel em Direito, pós-graduado. Autor do blog “A Palavra em palavras”, em TribunaHoje.com, desde 2011. @alissonbarreto1 (LinkedIn, Twitter e Instagram)