Alisson Barreto
A DANINHA TOLERÂNCIA À CRIMINALIDADE. A moral e a síndrome de Robin Hood
A daninha tolerância à criminalidade
A moral e a síndrome de Robin Hood
Por Alisson Francisco
Publicado em 10/7/2019
Em alguns ambientes, exalta-se o ditado “rouba, mas faz”. Isso explica o porquê de candidatos tidos como “fichas-sujas” serem eleitos; entretanto, isso justificaria? Considerando a inafastabilidade do dever de buscar os valores morais, perceber-se-á que a resposta é não.
Quando se tolera um mal, alimenta-se o Mal.
Quando se alimenta o Mal, se faz partícipe da maldade.
E quando se faz partícipe da maldade, se revela um anseio infernal.
A moralidade não abre espaço para o mal-menor, que seria a hipótese da teoria de que os fins justificariam os meios, ou seja, conjeturar que seria aceitável agir mal com o propósito de colher um bem. Aqui se chamará de síndrome de Robin Hood a teoria de que há pessoas que aprovam o ato de roubar para dar aos pobres. Entretanto, isso evidente é um agir ilícito ainda que se possa ter em vista uma finalidade benéfica. Ora, estimado leitor, o Bem não aprova corrupções.
Uma janela aberta à impunidade é uma porta escancarada à maldade.
Uma porta à maldade é uma avenida para o Mal.
Mas uma luz de um agir bem já dissipa trevas e alimenta a bondade!
O agir bem reanima ao celestial.
Na Sagrada Escritura, há uma máxima que diz “nada de impuro entrará no Reino dos Céus”, como se pode observar em Ap 21,27: “Non entrerà in essa nulla d'impuro”. Alguém escolheria para tratar das finanças da própria casa ou da própria empresa alguém que desviasse dinheiro? Então, por que um contribuinte escolheria, por meio do voto, alguém que desviasse dinheiro do contribuinte?
Ó olhos, aonde ides?
Ó dedo, aonde apontas?
Ó coração, o que aprontas?
Infelizmente, algumas pessoas acabam se apaixonando pelo bandido, torcendo pelo vilão, votando no corrupto. Seria isso uma tendência ao suicídio indireto e coletivo? Por que algumas pessoas se atraem por aqueles que lhes comerá a paz e alma? Por que algumas pessoas se atraem por quem lhes afastará do caminho do amor ou da fé, prometendo ou não uma esperança, que se verificará falsa?
Há quem racionalize pra justificar-se para o irracional.
Porém, deem-se graças, a quem busca o celestial!
Tirem os chapéus, andem!
Há quem se apaixona pelo essencial!
A verdade sobre o “amor bandido” é que se trata de um egoísmo, algumas vezes imediatista, pelo qual algumas pessoas passam a torcer pelo político corrupto, pelo bandido ou vilão, em função de um benefício que ele possa proporcionar-lhe, direta ou indiretamente, pecuniário ou sensorial, concreto ou emocional. E acaba por deixar de lado o apreço à verdade, à moralidade e ao autêntico amor, ainda que possa saber que – optando pelo não à corrupção – no fim o bem será autêntico.
Ó verdade, como me atrais! Por que tantos a renegam?
Ó verdade, amada Verdade,
em nossos corações acampai!
Assim, muitos acabam torcendo pela impunidade, atacando a vítima em detrimento do bandido, o defensor em defesa do agressor, escolhendo a desordem ou rebeldia em vez da ordem e até mesmo a ingratidão ao invés da gratidão.
Pátria amada, sê mãe gentil!
Gente amada, faze deste país varonil!
Ó Brasil, tu podes ser melhor!
Reage e sê melhor, sob a cor de anil!
Quem nunca viu ou viveu uma situação em que alguém se incomoda com outrem porque este faz o bem, ou é bom, ou manso, ou entusiasmado? Quem nunca viu ou viveu uma situação em que alguém busca por meios amorais ou ilícitos prejudicar quem cumpre com a justiça? Será que o grito do “solta Barrabás” apenas ecoou na Sagrada Escritura ou alcançou outros tempos da humanidade?
A quem procurais? A quem crucificais?
Após tantos mártires, tratados como animais,
Que o amor reine e nos promova à paz!
Que o Senhor ajude o Brasil e o livre da prática de torcer pela impunidade, dos aproveitamentos de oportunidades para fins egoísticos e da daninha tolerância à criminalidade!
Abençoada semana a todos! Paz e Bem!
Alisson Francisco Rodrigues Barreto1
1 Poeta, filósofo; bacharel em Direito, pós-graduado. Autor do blog “A Palavra em palavras”, em TribunaHoje.com, desde 2011. @alissonbarreto1 (LinkedIn, Twitter e Instagram)
Alisson Barreto
Sobre
Alisson Francisco Rodrigues Barreto é poeta, filósofo (Seminário Arquidiocesano de Maceió), bacharel em Direito (Universidade Federal de Alagoas), pós-graduado em Direito Processual (Escola Superior de Magistratura de Alagoas), com passagens pelos cursos de Engenharia Civil (Universidade Federal de Alagoas) e Teologia (Seminário Arquidiocesano de Maceió). Autor do livro “Pensando com Poesia”, escritor na Tribuna com o blog “Alisson Barreto” (outrora chamado de “A Palavra em palavras”), desde 2011. O autor, que é um agente público, também apresenta alguns dos seus poemas, textos e reflexões, bem como, orações no canal Alisson Barreto, no Youtube, a partir do qual insere seus vídeos aqui no blog.