Alisson Barreto

TEORIA DOS SOFISMAS SOCIAIS. A desconstrução da sociedade em função da ideologia de gênero

Alisson Barreto 25 de junho de 2019
TEORIA DOS SOFISMAS SOCIAIS. A desconstrução da sociedade em função da ideologia de gênero
Reprodução - Foto: Assessoria

Teoria dos Sofismas Sociais

A desconstrução da sociedade em função da ideologia de gênero

Por Alisson Barreto

Publicação: 25/6/2019

O que dizer de um lugar onde a Corte Suprema, a guardiã da constituição, interpreta uma questão de afetividade sexual como uma questão racial entre membros da espécie humana? No mesmo lugar, médicos, responsáveis por salvamento de vidas, resolvem mudar o entendimento de quando elas começam, simplesmente, para poder eliminá-las intrauterinamente.

Ó defensores da vida, defendei-a!

Ó garantidores da Constituição, respeitai-a!

Ó intérpretes, não corrompais a interpretação!

Note claro que a primeira pergunta retrata uma reinterpretação do termo raça para fazer a mente humana dissociar tal termo de seu aspecto biológico, afinal, biologicamente, inexistem raças na espécie humana. Ao mesmo tempo, a ciência que estuda a vida sofre um outro duro golpe quando sua conclusão de quando se inicia a vida humana (que é na concepção) é ignorada para que os responsáveis por salvá-la possam tirá-la. Trata-se de uma época onde subjetividades rechaçam obviedades de análises objetivas. Sem dúvida, o Brasil e grande parte do mundo entra numa nova era de sofismas, a era de sofistas sociais.

A pior ficção é a que envereda almas por uma vida de ilusão.

Mas quem dera os homens acordem e saiam da contramão!

Pois o homem que se quer pleno tem no autodomínio sua realização.

É na verdade que a ação do amor encontra o seu caminho.

O Brasil passa por uma engenharia social que tenta da descaracterização do ser humano como existente desde a concepção à desconstrução da concepção tradicional de família, engendrando uma fase de reinterpretação da sociedade por forçação da subjetividade e ocultação de suas relações com a fisiologia e genética.

Façam engenharia social, mas para a plenitude do homem.

Não encantem o homem pela por sua negação.

Façamos a engenharia da realização:

A construção do homem bom, com deus no coração!

Imagine uma revolução sexual que engendra uma reconstrução social baseada na destruição estrutural da concepção de família. Imagina que para tal exsurgem duas vertentes: uma que refaz a construção da sexualidade e outra que reinterpreta a concepção de família. Então, entendemos o que a esquerda vem fazendo em países não comunistas.

A manipulação dos termos é engenharia cognitiva.

Mudam o sentido da palavra para moldá-la em ideologias, às vezes em canção.

Gerando novas perspectivas, em hipocrisias que engendram a dominação.

Corrompem o coração, vendem a alma e o cidadão.

A manipulação de termos é um útil instrumento à desconstrução cognitiva em função de uma reconstrução da cognoscência baseada nos interesses que a motivaram. Ou seja, chamar um papelão de comida é uma ótima maneira de convencer cozinheiros a colocá-lo na sopa. E usar as mídias para manipular a opinião pública sobre o papel nutritivo do papelão na sopa é uma ótima forma de incutir uma mentalidade onde o papelão na sopa faça parte cultural da sociedade reinventada. Bom… É claro que – para os interessados em manipular – não seria demais criminalizar qualquer ação que conteste os valores “nutricionais” do papelão.

Podes chamar uma pedra de água, mas não a beberás na golada.

Chame uma geladeira de fogão, mas não assarás a sua torrada.

Pode até convencer uma geração, mas sua falácia será desmascarada.

Ora, não se trata de questionar o dever de respeito humano. Isso seria uma aberração. É inaceitável negar o respeito à condição humana seja por motivo étnico, político, religioso, sexual ou etário. Porém, muitos dos que se sentem indignados em uma ou outra discriminação tolera ou até defendem outra discriminação, como é o caso dos abortistas, que defendem a discriminação aos nascituro, defendendo a morte dos que ainda não nasceram, ou seja, o abortamento.

Que hipocrisia é essa que diz defender uma mulher, mas impede que ela nasça?

Que desrespeito humano é esse que para defender uma etnia a chama de raça?

Que sexualidade é essa que não gera vida nem se muda à graça?

Um sofisma é, basicamente, uma construção argumentativa que leva a uma conclusão falsa, em uma construção que pode induzir a erro, decorrente da aparência ou suposta verdade dos argumentos. O sofisma da ideologia de gênero consiste na falácia de uma suposta insignificância da constituição biológica em razão da prevalência da subjetividade, ainda que esta possa ser fruto de uma manipulação cognitiva pela educação ou ambiente social, ou ainda profissional.

Os sofistas não jazem apenas na Antiguidade.

Equidade também não é seu forte.

Seu Norte é o convencimento.

Mas são cimento que desconstrói o ser.

A era dos sofismas também é marcada pela falácia do suposto direito ao abortamento por consequência da supervalorização dos direitos da mulher ao ponto de acreditar ter direito a matar o ser humano que se desenvolve em seu ventre. A motivação ao abortamento alia-se à ideologia de gênero como instrumentos de engenharia social cujos valores sociais como vida e família tradicional são subvalorizados para fomentar um interesse implícito: os supostos direitos de matar o que não nasceu e da negação da procriação natural em ambiente familiar tradicional, ou seja, em família concebida nos moldes da tradição judaico-cristã: um pai, uma mãe e ao menos um filho. Mais que negar a valoração dos valores família tradicional e vida intrauterina, tais sofismas acabam por motivar alguns a uma verdadeira repulsa e anseio por criticar e contestar aqueles que defendem o nascimento dos nascituros e o crescimento social pela via natural, a partir da célula-mãe, chamada de família tradicional, ou seja, a capaz de multiplicar-se pelas vias naturais.

O solução de conflitos de princípios se dá por sopesamento.

É no momento da situação que se os colocam na balança.

E não alcança a justiça sem o discernimento da verdade e do amor.

Como se vê, há uma engenharia social que usa um sofisma a levar a crer que ignorar as realidades biológicas poderiam realizar as subjetividades dos indivíduos. Entretanto, até que ponto há a realização subjetiva de uma pessoa negando sua realidade objetiva natural? Será que uma pessoa pode efetivamente viver uma subjetividade que lhe negue sua origem natural e nisso ser plenamente feliz? Mas isso seria capaz de fazê-la plenamente feliz? E quanto ao instinto natural procriativo, com exceção da sublimação por questões religiosas, intelectivas ou ideológicas, poderia alguém se realizar plenamente na paternidade ou na maternidade negando-se à participação natural em sua formação?

Quem é feliz se não no amor?

Quem é no amor se não em Deus?

Quem que se é se não no Senhor?

Considerando que algumas pessoas aleguem que possam ser felizes em tais situações como poderia sê-lo desprendendo-se de valores como família e vida para a qual foi criado(a)? Talvez desapegando-se da necessidade de Deus. Mas notem que a questão aqui é ser plenamente feliz. Alguns enveredam por esse caminho e outros, não conseguindo desapegar-se da virtude infusa da fé, redirecionam-na para a busca em “divindades” que também fomentam realidades que se contrapõem à natureza das coisas criadas com caracteres biológico-naturais e intelecto-espirituais pró-transcendentes. Seria por isso que se diz que o último combate espiritual será realizado no terreno da família? Eis uma questão a ser rezada!

Podes chamar teus braços de pernas, mas eles não melhorarão seu caminhar.

Podes de mim reclamar; porém, sua situação real não vai mudar.

Podes esbravejar, mas o que está escrito já alcançou o seu lugar.

Bom… Tratando-se de um assunto de pertinência espiritual ou não, o que mais convém observar nesta questão é a desconstrução da estrutura social baseada na tradição judaico-cristã de famílias formadas por casais heterossexuais monogâmicos e filhos para a construção de uma sociedade formada por sexualidades genéricas e procriações desassociadas do ambiente familiar.

Se dizes que dado e bola são sinônimos; acamada,

tome um paralelepípedo e vá treinar cabeçadas!

Que sociedades estás a construir: a das palhaçadas?

Mas não é engraçado ao povo matar-lhes as almas.

Será que a sociedade está preparada para essa mudança ou apenas está pagando para ver? Será que estamos às prévias do “admirável mundo novo” de Aldous Huxley? Será que esta época de aparente transição não é uma prévia de uma humanidade repleta de complexos de identidade e com fomentação de psicologias patológicas? Ficam as questões para refletir.

Se o mundo não caminhar para o amor, o que sobrará?

Se o homem não buscar o Senhor perecerá.

Se o Amor não vencer no íntimo de cada um de nós,

tudo passará, mas a maior falta sempre será a falta de amar.

Mas enquanto isso, os sofismas continuam sendo alimentados pela ideologia de gênero e o processo de desconstrução social permanece sendo retroalimentado, sobretudo, pelas mídias televisivas, teatros e círculos universitários.

Chegamos a um ponto que a manipulação nem sempre é orquestrada.

Às vezes, simplesmente, escorrem pela calçada.

Mas o Amor tem que nos resgatar, reagir.

Chega de fazerem dele uma piada!

Em que futuro estarão as gerações ulteriores?

Maceió, 24 de junho de 2019.

Alisson Francisco Rodrigues Barreto1

1 Poeta, filósofo; bacharel em Direito, pós-graduado. Autor do blog “A Palavra em palavras”, em TribunaHoje.com, desde 2011. @alissonbarreto1 (LinkedIn, Twitter e Instagram)