As eleições se aproximam e como fica o povo brasileiro, diante desse emaranhando de paixões políticas, de “é ou não é” e um cenário político e econômico incerto? O cristão não pode olvidar-se de seu significativo papel social.
O mundo está passando por um cenário de mudanças e isso gera reflexos em nossas disputas políticas, não tenha dúvida. A questão é que quando há mudanças e as opções são claras, as escolhas são objetivas; entretanto, quando as opções ocultam rumos ocultos e as apresentações são mais passionais do que autênticas, aumentam-se os riscos. E quanto a tudo isso multiplicam-se fake News e o surgimento de novos, perigosos e muitas vezes tendenciosos termos, tem-se um terrível risco para o Brasil. Eis o cenário político pátrio.
Caríssimos, por mais que alguns demonizem outros e tendam a divinizar candidatos, não se deve esquecer que estamos diante de seres humanos que têm qualidades boas e más. O brasileiro não vai votar em anjos ou demônios, ainda que muitos se influenciem por tais seres.
O brasileiro acostumou-se a votar por observação de um nome específico ou acompanhando indicação. Ao menos essa é a realidade mais concreta nas, não por acaso, regiões mais pobres do Brasil. O que não significa que nas regiões mais ricas não façam isso. Afinal, o Brasil não tem uma péssima qualidade de ensino por acaso.
Somos parte de um povo que passou da educação da palmatória e memorização por repetição às limitações dos resumos e sinopses. Somos membros de um país que em vez de investir na melhoria da qualidade do ensino público, maquiou isso com cotas. E em vez de investir na melhoria das universidades federais, onde se presta conta do que gasta, lançou dinheiro sobre as faculdades particulares. Somos o país com aprovação colegial por idade e algumas faculdades com facilitações.
Essa péssima qualidade de ensino deixa o cidadão brasileiro à mercê de correntes ideológicas, de marketing político e faz do recém-chegado às universidades uma presa fácil a ideologias, a estratagemas políticos e filosóficos, a professores e políticos mal-intencionados. E, óbvio, às ilusões de notícias falsas e ao surgimento de termos e linguagens criados para ludibriar leitores e ouvintes.
Isso mesmo: há correntes de pensamento que se utilizam da criação e manipulação de palavras e sinais para conquistar consumidores e eleitores. Em alguns casos, fiéis para seitas e religiões também.
Assim, por ex.: as cores do arco-íris, que eram utilizadas para simbolizar a aliança de Deus com os homens, após o dilúvio, passaram a serem utilizadas como símbolo do movimento não heterossexual. Assim também é possível observar uma “ressignificação” de vários termos que vão de fascismo a família. Até a designação de etnia passou por mudanças e, não obstante, a maioria das etnias brasileiras não passasse por mudanças, os negros foram paulatinamente convencidos a se denominarem “afrodescendentes” (ou “afro-brasileiros”). Ora, então, deveríamos chamar os brancos de “euro-descendentes” (ou “euro-brasileiros”), por ex., para não sermos discriminatórios para com eles? Será que estamos favorecendo a unidade entre os povos ou a divisão? A quem interessa a divisão? O certo é que, certo ou errado, partidos se aproveitam disso.
É natural que alguns símbolos tenham seus significados modificados com o tempo, por ex.: a cruz era sinal de terrível condenação, antes de Cristo, e passou a ser sinal de salvação para os cristãos. Mas isso aconteceu de forma espontânea, em função da nova religião que surgira: o Cristianismo. Hoje, porém, acontece a “ressignificação” decorrente de fatores de instrumentalização da linguagem para a obtenção de resultados.
De repente, chega o período eleitoral e o cidadão fica atônito, diante de exclamações, jargões e acusações múltiplas entre os candidatos e também entre aqueles que torcem por eles. Um grita “é golpe”; outro, “fascista”; outro, “comunista”; outro, “ditador”, “esquerdista”, “direitista” e por aí vai.
Em um rápido olhar para o cenário político brasileiro, percebe-se que há partidos que declaradamente são de cunho marxista, alguns que o são de forma velada, outros que se dizem liberais, democratas, republicanos etc.. Mas que no fim, votam de acordo com os ministérios que ganham, os pedidos dos patrocinadores de suas campanhas e pesquisas encomendadas.
E o povo? Fica a pergunta: o povo não se interessa em conhecer os partidos porque apenas não os sabe distinguir ou não os distingue porque eles não seguem linhas claras de conduta? Parece-nos que ambas as coisas acontecem, diante de um povo não apegado à leitura com a própria crítica (porque não aprenderam a fazê-la) e de partidos cujos maiores interesses são as partilhas das pizzas do poder.
Por fim, vêm os debates e os temas não são postos às claras para cada um dizer, objetivamente, se é a favor ou contra o abortamento, como pretende melhorar a segurança pública e a qualidade do ensino, bem como qual a estratégia para aumentar a geração de emprego e renda. O brasileiro liga a tevê e se depara com perguntas sorteadas onde um responde e os demais não.
Enquanto o país brinca de democracia – sob o império da demagogia – o mundo observa atento para saber por qual linha ideológica o Brasil se orientará. Nem sempre é fácil identificar. Aliás, é cada vez mais difícil; porém, a análise dos programas de governos dos candidatos e o histórico de conchaves políticos dentro de um país ou em redes internacionais dizem muito sobre de quem se trata. A máxima “diga-me com quem andas que eu te direi quem és” ainda deve ser observada, inclusive em política.
Se o leitor olhar bem, o brasileiro ocupa pouco tempo para analisar cada candidato e, no pouco tempo que tem, ainda é bombardeado com notícias falsas, propagandas enganadoras e propostas que não sairão do papel.
O resultado disso é uma Constituição que muda a cada vento político e leis que se multiplicam mais para gerar dinheiro do que para fomentar a qualidade de vida a decência do cidadão brasileiro.
Quem dera tivéssemos um país onde cumprir promessa de campanha fosse condição de elegibilidade. Um país onde a filiação partidária e a elegibilidade fossem condicionadas ao uso exclusivo dos sistemas públicos de saúde e educação para si e para seus familiares. E tudo isso fosse exigência constitucional, caso contrário, o STF, certa e facilmente, iria declarar tais normas como inconstitucionais.
Ainda dá tempo, ó emissoras de televisão, de fazer debates temáticos com os candidatos, conclamando-os a dizerem, cada um, o que pretendem fazer quanto ao abortamento, à descriminalização ou não das drogas, à questão das fronteiras, à qualidade e à manipulação do ensino, à liberdade de imprensa e à libertinagem na imprensa, à segurança pública, às privatizações, aos sistemas públicos de saúde e assistência odontológica etc..
Precisamos de debates, por ex., onde os candidatos se manifestem sobre seus interesses ou não em investirem nos transportes ferroviários, nas forças armadas e no aumento do piso salarial dos professores. E precisamos, claro, de candidatos que ouçam o povo, por exemplo, sobre o que o povo pensa do voto proporcional.
Votar sem saber o posicionamento dos candidatos sobre essas coisas e sobre suas linhas político-ideológicas é atirar no escuro assumindo o risco de atingir o próprio filho. Sim, pois os votos de hoje influenciarão no futuro dos filhos desta Nação.
Não temos candidatos santos e o povo sabe disso. Mas nosso povo tem o direito de ao menos saber em quem está votando.
Como dizia a música: “Brasil, mostra a sua cara. Vamos ver quem paga para a gente ficar assim? Brasil, qual é o seu negócio? O nome do seu sócio? ”. E aí, políticos: têm coragem de dizer a que vieram ou vão apenas pousar de bons moços?
Que o Senhor Deus tenha misericórdia do nosso povo! E que a Virgem Maria nos ampare, livre-nos do perigo marxista e nos ajude a fazermos boas escolhas!
Que Nosso Senhor nos ilumine a votarmos com base em valores morais e no amor pelo nosso povo! Pois se o amor não vencer em nós, em vão serão os nossos votos.
Paz e Bem!
A todos os leitores, meus agradecimentos e um forte abraço!
Maceió, 28 de setembro de 2018.
Alisson Francisco R. Barreto[1]
[1] Poeta, filósofo; bacharel em Direito, pós-graduado. Estudante de Teologia, no Seminário Arquidiocesano de Maceió. Fundador dos Amigos Marianos Missionários da Eucaristia – Amme (nas redes sociais: @amme.33), autor do livro “Pensando com Poesia” (disponível em americanas.com) e autor deste blog (“A Palavra em palavras”), disponível na Tribuna (leia-se TribunaHoje.com), desde 2011.