Olhe para um casal de namorados e para um casal de esposos idosos. Olhe-se em suas paqueras e olhe-se após suas andanças. Olhe para quem o(a) acompanha e olhe para si ao acompanhar. Olhe para o tempo que passou e olhe para o hoje. O que você vê?
O que o(a) encanta e o que deixou de encantar? Olhe para os lados e procure ver se deixou de amar. Muitos querem amor, mas poucos resolvem amar.
O amor é paciente, não se enche de orgulho, sua alegria é amar. O amor apara as próprias arestas para poupar a quem ama. O amor desdobra-se para realizar-se em sua natureza: amar.
O amor suporta distâncias, supera o tempo, realimenta-se, renova-se, recria e refaz. Às vezes fala, clama e em outras vezes aprende a silenciar. O amor motiva a rezar, buscar o Bem, pois sabe que não é amor se não desejar o melhor e não desejaria o melhor se não buscasse as mais elevadas coisas.
O amor não desiste de amar. Às vezes é tentado pelo desânimo, mas não perde o sonho de permanecer em sua realidade: amor. Às vezes sofre calado, mas também encontra seus momentos para desabafar, comunicar, expressar-se. Amar é superar-se e não lhe faltam desafios para tal.
Às vezes sofre, é tentado ao limite da paciência, mas sabe que sua felicidade é amar. O amor realiza a justiça, honrando a sua natureza, amando: pois é, antes de tudo, amar.
Ó coração, por que às vezes esqueces de amar, de nutrir o amor, de nos lembrar a nos superar? Ó olhar, por que te esqueces de compreender, de enxergar os limites dos outros, de purificar-te para amar? Ó audição, por que às vezes não a usamos e deixamos de ouvir, de contemplar o silêncio e aguardarmos os desabafos dos outros?
Antes que houvesse dia, o Amor criou tudo; criando, inclusive, o tempo. Quando o homem e a mulher falharam com o amor foram lançados no mundo, sob as rédeas do tempo. Mas o Amor não desistiu de amar e criou suas oportunidades para preparar o resgate da humanidade.
O amor tocou profetas, lançou normas de conduta e, por fim, veio ao mundo o Filho de Deus para que o homem pudesse aprender a amar e enxergar o Amor, uma vez que o pecado lhe cegara a concepção. Cegos os homens O crucificaram, mas Ele ressuscitou no terceiro dia. Cegos, os homens insistem a tentar contra o próprio amor, deixando de amar, esquecendo o amor, esquecendo a Deus, ignorando Quem é o Senhor.
Ora, levantemos, pois, o olhar, adorando a Quem devemos adorar, amando a todos os que encontrarmos. Mas amemos, verdadeiramente, a começar por aqueles que nos são próximos.
É preciso reaprendermos a amar. Enxergar a beleza de cada idade – de zigoto a idoso – e aprender a lidar, honrar e respeitar a dignidade que lhe é própria.
É preciso reaprendermos a amar. Ouvir a voz que não conhece distância, mas que é capaz de reaproximar. O som que ribomba nos corações e encurta distâncias, que faz sairmos de nós para nos fazermos um com o outro, o sopro que junta a multiplicidade na unidade.
É preciso reaprender a viver, reencontrar o caminho, redescobrir o sonhar, refazer-se no amar.
A todos uma abençoada semana!
Dado em Maceió, 24 de setembro de 2018.
(Postada em 25 de setembro de 2018)
No amor de Cristo e junto à Virgem Maria,
Alisson Francisco R. Barreto[1]
Pax et Bonum
[1] Poeta, filósofo; bacharel em Direito, pós-graduado. Estudante de Teologia, no Seminário Arquidiocesano de Maceió. Fundador dos Amigos Marianos Missionários da Eucaristia – Amme (nas redes sociais: @amme.33), autor do livro “Pensando com Poesia” (disponível em americanas.com) e autor deste blog (“A Palavra em palavras”), disponível na Tribuna (leia-se TribunaHoje.com), desde 2011.