Alisson Barreto

A IGREJA OU A LUTA DE CLASSES

Alisson Barreto 22 de fevereiro de 2017

A Igreja ou a luta de classes

Por Alisson Francisco[1]

Muitos se perguntam e algumas dão respostas que não condizem com o verdadeiro papel da Igreja. Qual o papel da Igreja diante das injustiças sociais? A ideia de luta de classes seria compatível com o Corpo de Cristo?

Certo dia, o bode Marxinino, comendo e olhando para um outro bode que se desequilibrou e bateu a cabeça em outro bode, disse: Fulanino fez isso contra ti, Beltranino, porque não gosta de ti. A partir daquele dia, Beltranino tomou Fulanino como inimigo e o Marxinino, como amigo. Marxinino viu que ganhava poder e seguidores quando fazia isso e passou a disseminar por todo o redil, alimentando-se com a divisão no rebanho caprino, enquanto seduzia ovelhas e cordeiros a fazerem o mesmo.

Se um indivíduo tem seus óculos melados na lama, com eles passa a enxergar embaçado. Se um indivíduo que lê livros assimila informações lambuzadas, por tal assimilação, passa a ter pensamentos emporcalhados. Assim, no exemplo supracitado, se algumas ovelhas passam a seguir o mau comportamento daqueles caprinos, também haverá divisões, insubordinações e fomentação de antipatias entre os ovinos. Já pensou se a ovelha olha para o Bom Pastor, questiona a sua autoridade e parte violentamente para cima d’Ele?

Sim, o Bom Pastor deu a vida por causa de suas ovelhas e deixou seus amigos, guiados pelo Espírito Santo, para pastorear o seu rebanho. Aqui e acolá, algumas ovelhas não querem seguir tais bons pastores, preferindo fazer suas próprias interpretações e escolher o que querem seguir. Aliás, inclusive, há pastores que instigam ovelhas a comportarem-se como os bodes do diabólico (do grego diábolos, diaboloV, divisor) exemplo. Então, entoo como São Paulo: “Acaso Cristo está dividido?” (1 Cor 1,13).

O envio missionário dos apóstolos foi sob o preceito “ide, por todo o mundo, e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15), portanto, não foi apenas a pobres ou apenas a ricos, também não foi a determinada etnia ou origem geográfica, foi a todos. Ainda contrapondo a luta de classes, ao verificar o Evangelho segundo São Mateus, é evidente que a proposta de Jesus é bem diferente do que propõem alguns: "aqueles que usarem da espada, pela espada morrerão” (Mt 26,52). Corroborando com o sentido de unidade, e não de divisão, a oração sacerdotal de Jesus é bem clara: “que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,21), é a máxima “UT UNUM SINT”.

Portanto, amados leitores, a vontade de Deus é que todos sejamos um em Nosso Senhor Jesus Cristo. O mandamento de amarmo-nos uns aos outros move-nos ao encontro uns dos outros, não de encontro às pessoas humanas. Notem que a ideia de combater outras classes é adversa às Sagradas Escrituras e, por conseguinte, contrária ao cristianismo. São Paulo enfatiza isso, em carta aos Efésios: “não é contra homens de carne e sangue que temos que lutar” (Ef 6,12).

Assim, a injustiça social é combatida com a evangelização e a motivação ao amor, levando os ricos ao encontro dos pobres, promovendo a dignidade humana, a misericórdia das partes e a oportunidade de solidariedade. Não é criando nichos de ódio entre as partes, mas gerando amor que une as partes no Todo.

Em outras palavras, não é dilacerando o Corpo de Cristo, tentando separar suas partes, que se dignificará o ser humano. As ideologias que tentam dividir os homens, colocando negros contra brancos, pobres contra ricos, africanos contra europeus, árabes contra americanos, não fazem parte do plano de Deus, ao contrário: antepõem-se a Ele.

Motivo pelo qual, não cabe ao cristão ir ao encontro do excluído com linguagem que o coloque em situação de rivalidade étnico social. Não é de Cristo colocar negro contra branco, pobre contra rico; mas do Maligno, pois o Inimigo é que é chamado de Diabo, ou seja, divisor.

Entre os cristãos, deve prevalecer a linguagem do amor, motivando a ir ao encontro do outro, animando à superação, por amor a Cristo. Se o amor não vencer em nós, em vão gastamos nossas energias.

Paz e Bem!

Dado em Maceió, 22 de fevereiro de 2017.

Alisson Francisco Rodrigues Barreto

[1] Alisson Francisco Rodrigues Barreto é poeta, filósofo (Seminário Arquidiocesano de Maceió), bacharel em Direito (Ufal), pós-graduado (Esmal); autor do livro “Pensando com Poesia” (Clube de Autores) e do blog “A Palavra em palavras” (TribunaHoje.com), desde 2011, e seminarista da Arquidiocese de Maceió.