Alisson Barreto
Egolatria X Liberdade
Egolatria X Liberdade
O perigo de se fazer de deus de si próprio
O FRUTO DA ÁRVORE PROIBIDA
Ficando em cima do muro, há quem pense encontrar a liberdade.
Que viverão sem escolher o caminho, fazendo-se caminhos de si próprios.
Querem realizar-se sozinhos, não sabem o opróbrio que buscam:
Suas expectativas se findam com a morte no tempo.
Homens que se alimentam do fruto da árvore proibida,
que se enveredam pelas sombras dos decaídos
e não enxergam seus sentidos de morte.
É vida de cegueira em que cravam suas esperanças:
Falsas, não virtuosas, não teologais;
Perquirem só enxergar o que não lhes permite envolver-se
Ou envolverem-se apenas com os limites de si mesmos.
Mas a liberdade é diferente: está no escolher amar,
No amar a Verdade
E a Ela se entregar!
Maceió, 25 de janeiro de 2016.
Alisson Francisco Rodrigues Barreto.
LIBERTAS VERA EST CHRISTO SERVIRE.
Há pessoas que buscam a liberdade e, por conseguinte, a felicidade em si próprias e há pessoas que as buscam em outrem. Em qual das duas situações você diria estar a verdade?
A liberdade e a felicidade em outrem é um abrir mão da liberdade de escolha, concedendo a outra pessoa tal poder. A liberdade e a felicidade em si próprio é buscar a si mesmo como última consequência, limitando o próprio desenvolvimento no eu, escravizando-se nos limites da egolatria. Ora, se não é em si nem em outrem, em que se daria a liberdade?
A verdadeira liberdade se dá a partir de si para o Excelso, em resposta ao amor de Deus. Deus é alteridade e Se faz conosco para nos conduzir à felicidade. A felicidade se dá, no uso do livre arbítrio, em escolher a liberdade, a qual se realiza na escolha que permite quebrar os grilhões das limitações em si mesmo para alcançar a transcendência n'Aquele que É, o Ato Puro, o Verbum, o Logos.
O Ato Puro é em três pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo) e, para alcançar o já distante coração humano (distante, no sentido de não buscar a Deus, não responder ao Seu chamado de amor) faz-Se homem para, estando com o homem conduzi-lo, se ele aceitar, à Morada Celeste. Assim, Deus Se dispõe a servir para, servindo, mostrar ao homem o caminho da liberdade. De modo que Deus Filho, por servir exemplarmente, é o caminho que nos leva ao Pai. Diante de tal constatação, Santo Agostinho dispara: LIBERTAS VERA EST CHRISTO SERVIRE, ou seja, a liberdade verdadeira consiste em servir a Cristo.
A humildade de Jesus Cristo em servir ao homem para servir ao Pai, nos conclama à humildade, caminho pelo qual o homem encontra a si mesmo para que, conhecendo-se, possa superar-se.
Enquanto o caminho da humildade leva o homem ao encontro consigo próprio para, conhecendo-se, encontrar o Cristo e Cristo é o caminho que educa o homem nesse conhecimento para, a partir de então, aumentar sua união com Cristo e, nela, ir a uma união cada vez maior com Aquele que é, o caminho da tentação é o inverso: o orgulho para que o homem tente projetar a imagem que tem de si e se apegue a si, sem transcender de si até que a morte o alcance e o destine.
O caminho do orgulho leva à humilhação da derrota e condenação perpétuas. Já o caminho da humildade leva à gloriosa vitória da ressurreição sobre a morte e à eterna glória da salvação.
A humildade, portanto, não é um depreciar-se, mas um recolher-se nas próprias essências mais básicas para se desapegar do que é acidental e ficar com o essencial, para encontrar o Cristo, o único necessário e suficiente à felicidade.
A humildade exacerbada é humilhante, mas a humildade que se desapega de todo o enfeite para encontrar o mais básico de si, pode até dar a sensação de humilhação, de depreciação, mas é um encontro consigo mesmo. Assim, um indivíduo que entra para uma vida religiosa mendicante não se humilha na exacerbação, mas priva a si próprio de tudo o que não lhe é essencial para que Cristo seja tudo nele.
A egolatria (culto ao eu, tratar-se como deus) passa pela ignorância de cultuar a quem não sabe todas as coisas e limita a própria adoração a um ser cujo conhecimento está limitado às próprias experiências, ou seja, não é alteridade, não transcende, é falho, é pecador, é deviente, é ignorante. Um homem é um ignorante necessário, tendo em vista que é incapaz de conhecer das batidas do próprio coração às relações das bactérias de seu intestino ou pé, desconhece as profundezas dos átomos em suas relações subatômicas e interpartículas, bem como o que se passa nas estrelas das constelações mais distantes. É ignorante o homem que se acha conhecedor e estúpido o que idolatra a si próprio.
O ególatra sofre a ignorância de não saber ou desdenhar de sua incapacidade de, por si só, ir ao Céu. Muitas vezes acredita que a realidade é criada por ele próprio, ignorando que antes que ele vivesse, havia uma realidade que lhe era anterior. Em outras ocasiões, o ególatra crê que a realidade faz dele um deus que se reencarna e retorna até que atinja a perfeição, não sabendo que seu sonho de reencarnação é uma ilusão e é incapaz de encontrar a perfeição fora do Perfeito: Nosso Senhor o Verbo Encarnado, ou seja, Jesus Cristo, Ele que condena a reencarnação e convida todos à ressurreição n'Ele.
O ególatra é limitado no tempo e no espaço, é uma criatura que desapercebe e/ou desdenha do Criador! O ególatra lança na própria alma a semente da condenação.
Eis, pois, em resumo, uma reflexão sobre não fazer para que possamos melhor sermos e realizarmo-nos n'Aquele que É: o Altíssimo Senhor!
A liberdade verdadeira está na livre adesão ao Cristo e a Ele servir, um exercício constante de humildade e amor que leva o indivíduo a se realizar no Cristo, cabeça ou corpo, conforme a vocação sacerdotal ou não, respectivamente.
Ademais, a liberdade de servir a Cristo consiste em também servi-Lo, mas esse é um tema que fica para outra ocasião.
Um forte abraço a todos!
Paz e Bem!
Maceió, 26 de janeiro de 2016
Alisson Francisco Rodrigues Barreto.i
iAlisson Francisco Rodrigues Barreto é poeta, filósofo, bacharel em Direito. Ex-seminarista do Seminário Nossa Senhora da Assunção, missionário católico leigo e membro dos Amigos Marianos Missionários da Eucaristia – Amme. Blogueiro na Tribuna desde 2011, em (TribunaHoje.com) A Palavra em palavras.Alisson Barreto
Sobre
Alisson Francisco Rodrigues Barreto é poeta, filósofo (Seminário Arquidiocesano de Maceió), bacharel em Direito (Universidade Federal de Alagoas), pós-graduado em Direito Processual (Escola Superior de Magistratura de Alagoas), com passagens pelos cursos de Engenharia Civil (Universidade Federal de Alagoas) e Teologia (Seminário Arquidiocesano de Maceió). Autor do livro “Pensando com Poesia”, escritor na Tribuna com o blog “Alisson Barreto” (outrora chamado de “A Palavra em palavras”), desde 2011. O autor, que é um agente público, também apresenta alguns dos seus poemas, textos e reflexões, bem como, orações no canal Alisson Barreto, no Youtube, a partir do qual insere seus vídeos aqui no blog.