Alisson Barreto
MITOS E VERDADES SOBRE O NATAL
Mito ou verdade: Jesus nasceu no dia 25 de dezembro do ano zero?
Da pergunta mito ou verdade, é necessário dirimir duas questões pertinentes: o dia e o ano. Em ambos os casos, porém, a data é incerta. Isso se dá porque, nos primeiros anos da era cristã, a data de nascimento do Menino Jesus não era comemorada.
Os cristãos, normalmente, comemoravam e comemoram a data de morte corporal de seus santos. No caso de Jesus, portanto, a data mais importante é a da sua morte e ressurreição: ou seja, a Páscoa.
Somente mais de 300 anos depois o nascimento de Jesus teve o registro de sua primeira comemoração (ano 354 dC) e apenas cerca de 400 anos que a data de nascimento foi estabelecida (440 dC)[1]. Isso gerou uma margem de erro de cerca de 30 anos em relação ao ano zero da era cristã e uma dúvida quanto ao dia de nascimento.
Como era de costume, os cristãos cristianizaram seus costumes, suas festividades e suas culturas. Assim, encontraram espaço para apresentar o Deus então desconhecido aos povos pagãos que adoravam a vários ídolos, chamados deuses pagãos; transformaram a prática do culto aos deuses lares em prática cristocêntrica das igrejas domésticas, dedicadas ao Deus único. Os cristãos conheceram um mundo que adorava diversos entes do Cosmo, em diversas culturas, e fizeram algumas associações mnemônicas para apresentar o Criador do Cosmo. Assim, num universo de conhecimento cuja referência era o sistema solar, onde muitos adoravam ao Deus Sol; os cristãos passaram a chamar Jesus como o Novo Sol, sob o seguinte raciocínio lógico: (A) no sistema solar, o Sol dá vida a tudo o que tem vida e tudo gira em torno do Sol. (B) No Cosmo, Jesus dá vida a tudo o que tem vida e tudo deve voltar-se para Ele. Noutras palavras, os critãos, que já haviam passado o dia da esperança e descanso sabático para o dia da alegria da ressurreição pascal dominical, levaram novas luzes ao mundo pagão: os povos pagãos comemoravam mitos e passaram a comemorar a verdade, festejavam e guardavam o dia de um ente criado, passaram a comemorar e guardar o dia do Criador. Assim, tanto os judeus recém convertidos ao cristianismo como os pagãos também recém convertidos passaram a comemorar e guardar (em vez de um dia dedicado a criatura) o dia dedicado ao Criador. O sábado e o Sol eram para o homem, mas o homem passou a se colocar para eles; mas Deus fez com que a Nova Criação, no Novo Homem (Cristo), passasse a ter um dia dedicado à nova realidade, o Senhor Jesus Cristo.
Foi assim que o dia 25 de dezembro deixou de ser dedicado ao Sol para ser dedicado ao Menino Jesus, o Verdadeiro Sol da Liberdade.
DO PAPAI NOELMito ou verdade: Papai Noel existiu ou existe?
Noel vem do francês Nöel, que significa Natal. O mito do Papai Noel, provavelmente, originou-se da ação de um santo da Santa Igreja Católica: São Nicolau, um arcebispo turco que viveu no século IV. Ele costumava ajudar pessoas pobres, colocando moedas de ouro nas chaminés de suas casas.[2]
Considerando que um arcebispo é o bispo de uma arquidiocese, ou seja, de uma diocese metropolitana ou de uma capital. E considerando que os bispos são os sucessores dos apóstolos e como tais são os pastores escolhidos por Jesus Cristo, portanto, pais espirituais a guiar o rebanho de cristo. Tem-se que São Nicolau pode ter sido considerado uma espécie de pai dos pobres que os visita no Natal, daí ser chamado de Pai Natal, ou seja, Papai Noel. Mas a figura de Papai Noel, ainda que possa ter sido inspirada em São Nicolau (St. Claus) só passou ser divulgada como Papai Noel, distintamente da figura de São Nicolau, através de uma campanha publicitária da Coca-Cola, no século 19. A Coca-Cola aproveitou a ideia do poeta e professor de literatura grega Clemente Clark Moore, que escreveu um poema para seus seis filhos, no qual São Nicolau viajava num trenó puxado por renas. A roupa vermelha foi arte do cartunista alemão Thomas Nast, adaptado por Haddon Sundblom para a propaganda da Coca-Cola que gerou a imagem do Papai Noel que conhecemos hoje em dia.[3]
A existência de Papai Noel ocorre apenas como objeto de cognoscência derivada de um mito publicitário, que aproveitou a história de um santo que comemorava o verdadeiro sentido do Natal, fazendo o bem aos pobres, e adaptou-a para gerar lucros e uma imagem positiva de uma empresa.
DO TEMPO LITÚRGICOMito ou verdade: o Natal é comemorado no fim do ano litúrgico?
No passado, em alguns locais, o nascimento do Menino Jesus era comemorado em 06 de janeiro, quando hoje é comemorado o dia da Epifania, ou seja, manifestação de Deus a seus fieis. Portanto, no início do novo ano do calendário civil. Em outros lugares, no dia 25 de dezembro, fim do ano, no calendário civil. A Igreja padronizou a comemoração do dia do nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro, estendendo-se pelo que se chama de Oitava de Natal, até o dia da Epifania, ocasião na qual também se comemora o dia dos reis magos.
No caso do calendário litúrgico, assim como a Quaresma é tempo de preparação para a Páscoa, principal data do calendário cristão; o Advento é tempo de preparação para o Natal. Portanto, o ano litúrgico começa com o tempo de preparação para o Natal, de modo que se inicia com a preparação para recebermos o Menino Jesus e termina com a coroação de Jesus como Rei Universal, na festa de Cristo Rei.
Esperando que este texto contribua para um melhor conhecimento sobre o Natal, faço votos que o estimado leitor tenha um santo Natal e um abençoado 2016!
Maceió, 24 de dezembro de 2015.
Alisson Francisco Rodrigues Barreto.
[1] Pe. Reginaldo Manzotti. Origem do Natal. Disponível em: http://www.padrereginaldomanzotti.org.br/especial_natal/origem.html
[2] Fato e Farsa. Você conhece a verdadeira história de Papai Noel? Santo católico ou figura criada pela Coca-Cola? Fato ou farsa? Disponível em http://fatoefarsa.blogspot.com.br/2013/08/voce-conhece-verdadeira-historia-de.html
[3] Idem. Ibidem.
Alisson Barreto
Sobre
Alisson Francisco Rodrigues Barreto é poeta, filósofo (Seminário Arquidiocesano de Maceió), bacharel em Direito (Universidade Federal de Alagoas), pós-graduado em Direito Processual (Escola Superior de Magistratura de Alagoas), com passagens pelos cursos de Engenharia Civil (Universidade Federal de Alagoas) e Teologia (Seminário Arquidiocesano de Maceió). Autor do livro “Pensando com Poesia”, escritor na Tribuna com o blog “Alisson Barreto” (outrora chamado de “A Palavra em palavras”), desde 2011. O autor, que é um agente público, também apresenta alguns dos seus poemas, textos e reflexões, bem como, orações no canal Alisson Barreto, no Youtube, a partir do qual insere seus vídeos aqui no blog.