Alisson Barreto

DA MODÉSTIA AO VESTIR

Alisson Barreto 09 de dezembro de 2015

Maceió, 09 de dezembro de 2015.

DA MODÉSTIA AO VESTIR

Por Alisson Francisco[1]

Tratar da modéstia ao vestir é aspirar algumas perguntas por meio das quais se pode aspirar a alguns bons propósitos. Mas que tal refazer algumas dessas indagações?

O que dizer da modéstia ao vestir? Quando se pode dizer que alguém, no vestir-se, exerce a virtude da modéstia? Seria a modéstia uma virtude humana? Vestir-se com roupas compostas é cumprir a virtude da modéstia? Como reconhecer tal virtude?

Na virtude da modéstia, são perceptíveis alguns componentes sem os quais ela não se realiza. Eis o que, sem pretensão de esgotar o tema, será apresentado.

Muita gente pensa que se vestir com roupas compostas ou vestir-se de forma a cobrir-se bem está realizando a virtude da modéstia. Mas isso é um mito, como ficará demonstrado.

A modéstia é filha da humildade e, como todas as virtudes, é alimentada, sustentada e encontra a sua razão de existir na virtude do amor. O amor é uma característica da Verdade e a Verdade é uma realidade do amor, enquanto virtude teologal advinda do Deus Único e Verdadeiro.

Veste-se, pois, com humildade a pessoa que se veste com discrição, em vez de buscar ser descrita. Que se veste com zelo pelo íntimo, em vez do egocentrismo dos holofotes. Que se veste com a ternura da humildade, em vez da arrogância da prepotência.

Veste-se com modéstia quem não desdenha do seu corpo, pois foi criado por Deus, mas também não permite que seu corpo tome maior ênfase que seu espírito. Veste-se com modéstia quem não permite que seu corpo e espírito tomem proporções idolátricas, pois sua unidade corpo e alma espiritual devem glorificar a Deus, não se glorificar diante d’Ele, Que tudo sabe e tudo pode.

A modéstia deve realizar a virtude da verdade, fazendo do indivíduo coerente entre a roupa vestida e o seu coração humilde. A virtude da modéstia deve realizar a caridade, pois se o vestir-se adequadamente não for para realizar as virtudes do amor a Deus e do amor ao próximo não se poderia falar em virtude.

Se uma pessoa sabe que sua roupa pode levar outrem a pecar e a veste, assume o risco do pecado de escândalo[2] e, por conseguinte, não exerce a virtude da modéstia. Pois uma virtude não se volta contra o mandamento de amar. Uma das formas de ajudar no sopesamento sobre estar vestido(a) com modéstia é pensar: nos tempos atuais, será que Jesus ou Maria vestir-se-ia de tal forma? Ora, Jesus é o modelo de homem e Maria, o de mulher.

A virtude da modéstia ganha uma proporção maior de exigência quando se vai a templos sagrados. Assim, ao ir a uma missa, o cidadão e a cidadã devem atentar-se para que se evitem calças coladas, roupas decotadas, saias curtas, ombros despidos etc..

Vestir-se com modéstia é guardar o pudor, agir com recato e exercer a prudência de conjugar discrição com pudor, amor e não escândalo.

O pudor leva o indivíduo a comportar-se e vestir-se com zelo pelo ambiente sagrado, bem como leva a respeitar a sacralidade do ambiente familiar. O pudor é o esposo da modéstia, vestindo-a com zelo e cobrindo-a com pérolas preciosas.

Não se trata, porém, de puritanismo, o qual seria o excesso de pudor e de dedicação à pureza. Como a limpeza exacerbada gera distúrbio obsessivo compulsivo, a pureza além dos limites da razoabilidade é depreciativa e, portanto, não é virtude. Em uma alma, o puritanismo é um Doc espiritual.

A modéstia requer sopesamento, sabedoria, prudência. A modéstia requer amor a Deus e ao próximo. A modéstia requer interesse na santificação da própria alma e contribuição às das demais.

A modéstia é, pois, uma adequação do agir humilde com um vestir-se sabiamente. Da modéstia ao vertir, tem-se a observar que um vestir-se tem muito mais a revelar sobre quem se veste do que meramente um corpo. Afinal, é a mente que guia o ato de se vestir.

A modéstia é filha da humildade, esposa do pudor, realizada no amor e sua coluna vertebral é a verdade. A modéstia é uma importante aliada à alma que quer ser salva. E como virtude humana que é, deve ser exercitada, sua prática deve ser cotidiana, um hábito perpétuo.

Eis, então, o primeiro convite que vos faço a exercitarmos neste tempo de Advento! E quem sabe tal convite já se torne um bom treino para o Ano da Misericórdia.

Um forte abraço a todos! Paz e Bem!

No Advento de 2015,

Alisson Francisco Rodrigues Barreto

[1] Alisson Francisco Rodrigues Barreto é poeta, filósofo; bacharel em Direito, pós-graduado. Autor do blog A Palavra em palavras desde 2011.

[2] O pecado de escândalo acontece quando se leva outrem a pecar.